ISMC
Pegadores: Justiça decreta prisão preventiva de Luiz Junior e Mariano Silva
Política

Investigados desviaram dinheiro da saúde até dois dias antes da operação da PF. Lavagem de dinheiro estava sendo por meio da MT Gás e Brasilhosp

O juiz Márcio Sá Araújo, da 12ª Vara Federal, respondendo pela 1ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Maranhão, decretou, nesse sábado 25, a prisão preventiva dos investigados Luiz Marques Barbosa Júnior e Mariano de Castro Silva, presos pela Polícia Federal na 5ª fase da Sermão aos Peixes, deflagrada no último dia 16, denominada Operação Pegadores.

Ele atendeu a pedido feito pela PF, diante da nova descoberta de que Luiz Júnior e Mariano Silva também operaram no desvio de recursos da rede pública estadual de saúde por meio da MT Gás Ltda - EPP, onde são sócios.

Segundo documentos encontrados pelos federais, a MT Gás recebeu dinheiro afanado da saúde, até dois dias antes da deflagração da operação, por intermédios da Quality Serviços Médicos Ltda e do Instituto de Serviços Médicos e Consultoria Ltda (ISMC).

Ambas são apontadas pela força-tarefa como empresas de fachada e controladas pelo próprio Mariano para lavagem de dinheiro.

Uma outra empresa, a Brasilhosp - Brasil Produtos Médicos e Hospitalares, de Luiz Júnior, também operava no esquema. De acordo com os federais, a participação Brasilhosp se dava por meio do clico de lavagem do dinheiro público desviado dos cofres da saúde por meio dos pagamentos feitos à MT Gás.

CGU diz que pagamentos às empresas de fachada continuaram após Operação Rêmora
Política

Apenas o ISMC, da sogra do médico Mariano de Castro Silva, recebeu mais de R$ 1 milhão da SES logo após a Emsher substituir o IDAC

“Os pagamentos às empresas de fachada em nada foram afetados pela Operação Rêmora”. A afirmação é do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), no bojo da Operação Pegadores, deflagrada pela força-tarefa da Sermão aos Peixes na semana passada, com o objetivo de tentar finalmente desbaratar uma organização criminosa que desviou mais de R$ 18 milhões dos recursos da saúde apenas no governo Flávio Dino, do PCdoB.

De acordo com a juíza federal Paula Souza Moraes, da 1ª Vara Criminal da Justiça Federal no Maranhão, este foi um dos motivos que levaram a magistrada a deferir o pedido feito pela Polícia Federal de prorrogação das prisões temporárias de pelos cinco dos 17 presos pela PF durante a operação.

“O mais grave de todos os elementos de provas descobertos diz respeito às informações obtidas pela CGU, que constituem fortes indícios de que o esquema de desvio de recursos públicos permanece mesmo após o encerramento do contrato entre a SES e o IDAC, isto é, mesmo após o rompimento do modelo de administração gerencial por meio de entidades do Terceiro Setor e a assunção da gestão hospitalar pela Emsher”, ressaltou a magistrada.

O documento mostra partes do material colhido pela CGU, dentre eles o material contábil que aponta para a existência de pagamentos para a empresa de fachada instituto de Serviços Médicos e Consultoria Ltda (ISMC), criada em março de 2015.

Comandada por Ideide Lopes de Azevedo, uma das investigadas que teve prorrogada a prisão temporária, a empresa foi responsável, segundo a Polícia Federal, por substituir a ex-sorveteria O.R.C Gestão e Serviços Médicos Ltda no repasse de valores a integrantes da organização criminosa. A revelação foi feita pelo Blog do Gilberto Léda.

Somente nos meses de agosto e setembro deste ano, segundo a CGU, a ISMC recebeu mais de R$ 1 milhão da Emsher (Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares), que substituiu o IDAC (Instituto de Desenvolvimento e Apoio à Cidadania) justamente para — pelo menos de acordo com o havia prometido o governador Flávio Dino e o secretário estadual de Saúde Carlos Lula — estancar os desvios de dinheiro público.

Ideide, como mostra o documento, é sogra do médico médico Mariano de Castro Silva, assessor especial da Rede de Assistência à Saúde da SES.

Fortemente ligado ao presidente e ao vice-presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputados Humberto Coutinho (PDT) e Othelino Neto (PCdoB), ele também teve a prisão temporária prorrogada pela Justiça Federal.