Ideide Lopes de Azevedo
MPF analisa revogação de cautelares contra alvos da Operação Pegadores
Política

Sogra e cunhado do médico Mariado de Castro chegaram a ser presos, mas conseguiram deixar Pedrinhas sob monitoramento de tornozeleira eletrônica

Os procuradores da força-tarefa da Sermão aos Peixes deverão se manifestar, nos próximas semanas, sobre pedido de revogação das medidas cautelares contra Ideide Lopes de Azevedo e Silva e Thiago de Azevedo Silva, alvos da Operação Pegadores. Em conjunto com a Receita Federal e o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), a Pegadores foi deflagrada pela Polícia Federal em novembro do ano passado, após assalto de mais de R$ 18 milhões de recursos federais repassados para a Secretaria de Estado da Saúde (SES), durante o início do governo de Flávio Dino (PCdoB).

A vista ao Ministério Público Federal (MPF) do Maranhão foi aberta pelo juiz federal substituto da 1.ª Vara Criminal de São Luís, Luiz Régis Bomfim Filho, da Seção Judiciária do Maranhão no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1.ª Região, no início da semana passada — baixe o documento.

No despacho, o magistrado relembra que o IPL n.º 1162/2016, instaurado pela PF para apurar os desvios apontados, retornou ao juízo recentemente, após haver sido encaminhado à Terceira Turma do TRF-1 em razão de reclamação ajuizada pelo titular da SES, o advogado Carlos Eduardo Lula, indiciado pela Polícia Federal num inquérito específico, também relacionado à Sermão aos Peixes, sobre suposta corrupção numa licitação garfada pelo Instituto de Desenvolvimento e Apoio à Cidadania (Idac), outro alvo da Operação Pegadores, para gerenciamento da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Chapadinha.

Em total de já 12 volumes, o IPL n.º 1162/2016 estava em poder da Polícia Federal, mas já se encontra sob análise do MPF, por tramitação direta dos procedimentos investigatórios, desde o último dia 10.

Ideide Azevedo e Thiago Azevedo são, respectivamente, sogra e cunhado do médico Mariano de Castro e Silva, apontado pela PF como operador do esquema, e encontrado morto em Teresina (PI), há pouco mais de seis meses. Os investigadores descobriram que eles eram sócio-proprietários de empresas utilizadas por Mariano de Castro para lavar dinheiro (MT Gás Ltda) e superfaturar serviços médicos (ISCM - Instituto de Serviços Médicos e Consultoria Ltda).

Durante a deflagração da Operação Pegadores, ambos chegaram a ser presos pela Polícia Federal, sendo encaminhados para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, mas conseguiram o benefício do monitoramento por meio da tornozeleira eletrônica.

Indiciados na Operação Pegadores pedem revogação de medidas cautelares
Política

Petição de Ideide Azevedo e Thiago Azevedo foi protocolada ontem. Eles são, respectivamente, sogra e cunhado do médico Mariano de Castro Silva, operador da organização criminosa encontrado morto

Pelo menos dois indiciados pela Polícia Federal na Operação Pegadores, considerada 5.ª fase da Sermão aos Peixes, deflagrada em novembro do ano passado contra novo desvio de mais de R$ 18 milhões na saúde no governo Flávio Dino, do PCdoB, entraram com pedido de revogação de medidas cautelares na Seção Judiciário da Maranhão no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1.ª Região, nesta quarta-feira 26.

Trata-se de Ideide Azevedo e Thiago Azevedo, respectivamente, sogra e cunhado do médico Mariano de Castro e Silva, operador da organização criminosa que assaltou os cofres públicos da Secretaria de Estado da Saúde (SES), e encontrado morto em Teresina (PI), há cerca cinco meses. Devido às circunstâncias em que o corpo foi encontrado, segundo o médico-legista que apura o caso, André Biondi Ferraz, há indícios de suicídio, mas não está descartado que houve homicídio. Mariano deixou uma carta-delação, onde confirma a autoria de outro manuscrito, em que revela como funcionava todo o esquema e nomes de integrantes e beneficiários da orcrim.

O processo estava paralisado em razão de um pedido do secretário estadual de Saúde e também indiciado pela PF, Carlos Lula, ao TRF-1, que tentou anular todas as provas colhidas pelos investigadores. A investida foi recentemente barrada pelo tribunal, que não concordou com a tese de Lula de que houve ilícito nas investigações.

Sobre Ideide e Thiago, a força-tarefa da Sermão aos Peixes descobriu que eles eram sócios-proprietário de empresas utilizadas por Mariano de Castro para lavar dinheiro (MT Gás Ltda) e superfaturar serviços médicos (ISCM - Instituto de Serviços Médicos e Consultoria Ltda). As informações estão no mesmo processo que apura o uso de uma sorveteria transformada da noite para o dia em empresa especializada na gestão de serviços médicos e a lista dos 400 funcionários fantasmas da SES.

Durante a deflagração da Operação, ambos chegaram a ser presos pela Polícia Federal, sendo encaminhados para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, mas conseguiram o benefício do monitoramento por meio da tornozeleira eletrônica.

Além do pedido de revogação das medidas cautelares, a 1.ª Vara Criminal da Justiça Federal no Maranhão recebeu também, na terça-feira 25, dois requerimentos do Comando da Polícia Militar do Maranhão. O conteúdo dos documentos permanece sob sigilo. O responsável por julgar os pedidos é o juiz Luiz Régis Bomfim Filho.

CGU diz que pagamentos às empresas de fachada continuaram após Operação Rêmora
Política

Apenas o ISMC, da sogra do médico Mariano de Castro Silva, recebeu mais de R$ 1 milhão da SES logo após a Emsher substituir o IDAC

“Os pagamentos às empresas de fachada em nada foram afetados pela Operação Rêmora”. A afirmação é do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), no bojo da Operação Pegadores, deflagrada pela força-tarefa da Sermão aos Peixes na semana passada, com o objetivo de tentar finalmente desbaratar uma organização criminosa que desviou mais de R$ 18 milhões dos recursos da saúde apenas no governo Flávio Dino, do PCdoB.

De acordo com a juíza federal Paula Souza Moraes, da 1ª Vara Criminal da Justiça Federal no Maranhão, este foi um dos motivos que levaram a magistrada a deferir o pedido feito pela Polícia Federal de prorrogação das prisões temporárias de pelos cinco dos 17 presos pela PF durante a operação.

“O mais grave de todos os elementos de provas descobertos diz respeito às informações obtidas pela CGU, que constituem fortes indícios de que o esquema de desvio de recursos públicos permanece mesmo após o encerramento do contrato entre a SES e o IDAC, isto é, mesmo após o rompimento do modelo de administração gerencial por meio de entidades do Terceiro Setor e a assunção da gestão hospitalar pela Emsher”, ressaltou a magistrada.

O documento mostra partes do material colhido pela CGU, dentre eles o material contábil que aponta para a existência de pagamentos para a empresa de fachada instituto de Serviços Médicos e Consultoria Ltda (ISMC), criada em março de 2015.

Comandada por Ideide Lopes de Azevedo, uma das investigadas que teve prorrogada a prisão temporária, a empresa foi responsável, segundo a Polícia Federal, por substituir a ex-sorveteria O.R.C Gestão e Serviços Médicos Ltda no repasse de valores a integrantes da organização criminosa. A revelação foi feita pelo Blog do Gilberto Léda.

Somente nos meses de agosto e setembro deste ano, segundo a CGU, a ISMC recebeu mais de R$ 1 milhão da Emsher (Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares), que substituiu o IDAC (Instituto de Desenvolvimento e Apoio à Cidadania) justamente para — pelo menos de acordo com o havia prometido o governador Flávio Dino e o secretário estadual de Saúde Carlos Lula — estancar os desvios de dinheiro público.

Ideide, como mostra o documento, é sogra do médico médico Mariano de Castro Silva, assessor especial da Rede de Assistência à Saúde da SES.

Fortemente ligado ao presidente e ao vice-presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputados Humberto Coutinho (PDT) e Othelino Neto (PCdoB), ele também teve a prisão temporária prorrogada pela Justiça Federal.