Wellington Leite
Assessor de Márcio Jerry e dono de cheques encontrados com Pacovan são sócios em construtora fantasma
Política

Walter França Júnior é sócio de Uthan Avelino Carvalho na Construtora Ramos França Ltda, investigada pelo MP-MA por suspeita de participação em esquema fraudulento

É delicada e cada vez mais próxima a relação do secretário de Articulação Política e Assuntos Federativos, Márcio Jerry Barroso, com donos de cheques encontrados por homens da Polícia Civil e da Gaeco no cofre do agiota Josival Cavalcanti da Silva, o Pacovan, no bojo das Operações “Maharaja” e “Morta-Viva”.

Além de José Wellington da Silva Leite, filho da ex-prefeita de Vargem Grande, Maria Aparecida da Silva Ribeiro, e superintendente da pasta comandada por Jerry, a nomeação de um outro assessor na Articulação Política também deve ser investigada pela comissão de delegados e de promotores que apura o envolvimento de políticos e empreiteiros na máfia da agiotagem - e que pode de forma independente investigar, inclusive, se o próprio governador Flávio Dino (PCdoB) não é, ou foi, um dos beneficiados no esquema criminoso.

Walter França Júnior, ao lado do senador Roberto Rocha, do governador Flávio Dino, e do sua esposa, a vice-prefeita de Godofredo Viana, Karinne Silva Andrade (de óculos)
Todos Pelo Maranhão Mais do que uma foto de campanha Walter França Júnior, ao lado do senador Roberto Rocha, do governador Flávio Dino, e do sua esposa, a vice-prefeita de Godofredo Viana, Karinne Silva Andrade (de óculos)

Trata-se de Walter França Silva Júnior, marido da vice-prefeita do município de Godofredo Viana, Karinne Silva Andrade (PDT), nomeado por Dino desde o dia 16 de janeiro de 2015, mas com efeitos retroativos ao 1º dia do mesmo mês, no cargo de Assessor Especial, simbologia DGA, uma das mais bem pagas pelo poder público estadual.

Conforme denunciado pelo Atual7, com exclusividade, desde o início do ano, Walter França Júnior é um dos donos da construtora fantasma Ramos França Ltda, registrada no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) com endereço onde, na verdade, existem apenas residências. O outro sócio da Ramos França é Uthan Avelino de Jesus Carvalho, que teve três folhas de cheques em seu nome encontrados pela Polícia Civil e pela Gaeco no cofre do agiota Pacovan durante operação contra agiotagem no início de maio.

Por coincidência - ou não! -, é ex-secretário de Saúde do município de Santa Rita, administrado por Antonio Cândido Santos Ribeiro, o Tim (PRB), que poucos meses antes da nomeação do assessor especial de Márcio Jerry, fechou um contrato entre a prefeitura e a Construtora Ramos França para locação de máquinas pesadas - um dos escorredouros de verba desviada pela agiotagem -, no valor de R$ 1.228.680,00 (um milhão, duzentos e vinte e oito mil, seiscentos e oitenta reais).

Questionado pelo Atual7 sobre os critérios adotados para a nomeação de Walter França Júnior para o cargo, o secretário de Articulação Política negou informações que, pela Lei de Acesso à Informação, deveriam ser públicas, mas acabou deixando vazar que o cargo dado ao sócio do Uthan Avelino Carvalho teria sido por indicação de alguém, que não quis declinar o nome.

- Foi uma indicação que eu acolhi. Isso é um assunto particular. O critério adotado foi o que é adotado pra todo mundo que é cargo de comissão. Ele foi sugerido, foi apreciado o curriculum, e ele foi incorporado a uma equipe técnica da Secretaria. Eu não devo essa satisfação a você. Quem me indicou... Imagina só?! Eu não reforço ilações patrulheiras - respondeu Jerry.

Pela rede que envolve Uthan Avelino Carvalho, Walter França Júnior, a construtora fantasma e três folhas cheques encontrados em posse de Pacovan, há suspeitas agora de que a indicação para Jerry tenha partido do próprio agiota, o que deve ser investigado pela Polícia Civil e pela Gaeco.

Construtora fantasma

Suspeitas de irregularidades levaram o MP-MA a investigar  o contrato firmado entre a empresa de Walter França Júnior e a Prefeitura de Santa Rita
Diário Oficial do MA No flagra! Suspeitas de irregularidades levaram o MP-MA a investigar o contrato firmado entre a empresa de Walter França Júnior e a Prefeitura de Santa Rita

Apesar de declarar à Receita Federal, Junta Comercial do Estado do Maranhão (Jucema), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) do Maranhão e até à Prefeitura de Santa Rita que suas atividades funcionam na Rua Castelo Branco, S/N, Centro de Santa Rita, a empresa pertencente ao assessor especial de Márcio Jerry e ao dono de três folhas cheques encontrados no cofre do agiota Pacovan não existe no local informado em sua documentação.

Ao tentar encontrar a empreiteira, a reportagem constatou que no endereço existem apenas residências, e nenhum dos moradores na área soube informar sobre a existência da Construtora Ramos França, que é ainda acusada pelo Ministério Público - com mais outras três empresas - de participar de um esquema fraudulento que envolve a construção de estradas vicinais, construção de uma ponte, prestação de serviços de locação de máquinas pesadas e serviços de limpeza pública no município de Santa Rita.

Agiotagem e avião não declarado

A ligação de Walter França Júnior com o governo Flávio Dino não se iniciou apenas quando de sua nomeação.

Durante a campanha eleitoral de 2014, a presença do sócio de Uthan Avelino Carvalho - que teve dois cheques encontrados com Pacovan, pisa-se - e de sua mulher, Karinne Silva Andrade, com o então candidato comunista foi sempre bastante constante.

O perfil de Karinne Andrade em uma rede social, por exemplo, onde se identifica como advogada da Secretaria de Estado de Infraestrutura, contém dezenas de registros dela e de seu marido ao lado do governador do Maranhão, inclusive um de um avião utilizado na campanha rumo ao comando da caneta dos Leões, porém não declarado na prestação de contas à Justiça Eleitoral.

Curiosamente, o senador Roberto Rocha, do PSB, também aparece nessa foto. Ele é pai do vereador por São Luís Roberto Rocha Júnior, também do PSB, outro que teve cheque encontrado pela Polícia Civil e pela Gaeco dentro do cofre do agiota Pacovan.

Agiotagem: Polícia encontra cheque de assessor de Márcio Jerry no cofre de Pacovan
Política

Filho da ex-prefeita de Vargem Grande, Maria Aparecida Ribeiro, Wellington Leite é superintendente da Secretaria de Estado de Articulação Política

José Wellington da Silva Leite, filho da ex-prefeita de Vargem Grande, Maria Aparecida da Silva Ribeiro, pode ser o próximo investigado pela Polícia Civil e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) a ser levado à delegacia dentro de um camburão, a exemplo do que ocorreu, nessa segunda-feira (19), com o ex-prefeito de Bacabal, Raimundo Lisboa, também suspeito de envolvimento na Máfia da Agiotagem.

Wellington Leite e a mãe, Maria Aparecida, durante a campanha eleitoral de Flávio Dino e Roberto Rocha
Divulgação Governador e o ex-dono do cheque, agora de Pacovan Wellington Leite e a mãe, Maria Aparecida, durante a campanha eleitoral de Flávio Dino e Roberto Rocha

De acordo com publicação do Blog do Neto Ferreira, Wellington Leite teve um cheque, da Caixa Econômica Federal (CEF), encontrando pela polícia dentro do cofre do agiota Josival Cavalcante da Silva, mais conhecido no mercado financeiro paralelo como "Pacovan". Apenas os campos do valor e da assinatura foram preenchido, levantando a suspeita de que a folha seria resgatada.

Aliado do governador Flávio Dino, do PCdoB, o filho da ex-prefeita de Vargem Grande foi sinecurado no Estado, desde o dia 19 de janeiro - mas com efeito retroativo ao 1º dia do mesmo mês - no pomposo cargo de superintendente da Secretaria de Estado de Articulação Política e Assuntos Federativos, pasta comandada pelo comunista Márcio Jerry Barroso. A mãe de Wellington Leite, curiosamente, é conhecida no estado como campeã de ações do Ministério Público por escamoteamento de dinheiro público.

Questionado pelo blogueiro Neto Ferreira sobre o investigado pela comissão de agiotagem estar nomeado na Articulação Política do governo, Jerry desconversou, mas acabou revelando que se manifestará após tomar conhecimento oficial do caso, isto é, após a Polícia Civil abrir para ele a lista dos investigados, o que é ilegal.

Agiotagem de Todos Nós

Wellington Leite não é o primeiro aliado do governador do Maranhão a ter folhas de cheque encontradas em posse do agiota Pacovan, porém é mais um que continua a solto.

No último dia 4, durante as Operações “Maharaja” e “Morta-Viva”, também foram encontrados duas folhas de cheques pertencentes à Prefeitura de São Mateus, comandada pelo ex-sócio de Flávio Dino, Miltinho Aragão; e uma folha de cheque pertencente ao vereador Roberto Rocha Júnior, filho do senador Roberto Rocha, todos do PSB.

Únicos datados, os cheques de Miltinho foram assinados no mês de abril deste ano, o que confirma que, no governo Flávio Dino, a agiotagem continua rolando solta e corroendo os cofres de prefeituras do Maranhão, a exemplo do que ocorria no governo anterior, da peemedebista Roseana Sarney.