É gravemente caluniosa a afirmação do deputado estadual e candidato a prefeitura Eduardo Braide (PMN), de que ele passou a ser atacado por blogueiros bancados pelo deputado estadual Wellington do Curso (PP). A declaração foi feita no debate da TV Mirante, no último dia 30, ao ser questionado pelo progressista a respeito de suas emendas enviadas para o município de Anajatuba.
Advogado, filho da velha política e por isso de boa retórica, Braide saiu-se pela tangente ao estilo Collor de Mello ao fazer com que o eleitor entendesse que sua relação umbilical com a Organização Criminosa (Orcrim) que assaltou os cofres de quase 70 prefeituras são ataques criados agora no período eleitoral, e ainda convocou coletiva para avisar à imprensa que vai processar todos que o criticarem sem provas.
Contudo, conforme o ATUAL7 mostra agora, os primeiros processados deveriam ser, neste caso, o programa Fantástico, da Rede Globo, e a Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão.
O primeiro por expor para o Brasil e para o mundo como funcionava o esquema surripiador de verba publica. O segundo por publicar em seu Diário Eletrônico que a quadrilha de assaltantes - aí incluindo o seu próprio pai, o ex-deputado estadual e ex-presidente da AL-MA, Carlos Braide — era toda nomeada em seu gabinete parlamentar, e sequer precisava ir ao local de trabalho, ou seja, eram todos fantasmas.
Cadê o dinheiro que tava aqui?
Na estreia da saga do repórter Eduardo Faustini em sair por todo o Brasil para radiografar a corrupção com verba pública nas prefeituras, o Fantástico lançou, no dia 2 de novembro de 2014, o famoso quadro “Cadê o dinheiro que estava aqui?”.
O alvo: a prefeitura de Anajatuba, onde quatro empresas de fachada foram contratadas e receberam juntas R$ 9 milhões, dinheiro todo desviado.
No documento exibido no programa, o mesmo publicado pelo ATUAL7 na última sexta-feira 30 (com edição na linha inicial, que mostra a data), aparece o nome de Eduardo Braide, em depoimento de um dos funcionários da empresa fantasma A4 Serviços e Entretenimento Ltda ao delegado de Polícia Federal Francisco Albuquerque Parente Júnior.
Braide é apontado no depoimento como chefe, no seu próprio gabinete parlamentar, dos integrantes da Orcrim, inclusive da esposa de Fabiano de Carvalho Bezerra e o próprio empresário, apontado pela PF e pelo Gaeco (Grupo de Combate ao Crime Organizado) como um dos chefões do esquema criminoso.
Eduardo Braide, que disputa a prefeitura de São Luís em segundo turno contra o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), sempre negou qualquer ligação com os integrantes da máfia e processou quase uma dezena de jornalistas e blogueiros que noticiaram o caso. Mas cópias do Diário Eletrônico da Assembleia Legislativa mostram que ele mentiu, e que o depoimento prestado na Superintendência da PF no Maranhão é completamente verdadeiro.
De acordo as investigações e cópias do Diário da AL-MA, Braide empregou no próprio gabinete: José Antônio Machado de Brito Filho, responsável pela montagem dos processos de fraudulentos que desviou verba pública das prefeituras; Matilde Sodré Coqueiro, operadora das empresas de fachada Vieira e Bezerra Ltda - ME, A.J.F. Júnior Batista Vieira - ME, A4 Serviços e Entretenimento Ltda e do instituto Escutec - Pesquisa de Mercado e de Opinião Pública Ltda; Natasha Alves Lesch, esposa de Fabiano Berra; e o próprio Fabiano Bezerra (veja ao lado e baixo o Diário).
Até mesmo o pai do candidato a prefeito de São Luís, o ex-deputado Carlos Braide, também ganhou um sinecura no gabinete do filho.
Além de configurar prática de nepotismo, Braide pai não somente tinha envolvimento com a quadrilha que assaltou cerca de R$ 60 milhões dos cofres de quase 70 prefeituras, mas era um dos cabeças, sendo apontado pela Polícia Federal e pelo Gaeco como agiota e braço empresarial e operacional de todo o esquema.