Alexandra Trovão
Polícia Federal apontou favorecimento do ICN à ex-mulher de Zé Reinaldo
Política

Relatório da Operação Sermão aos Peixes diz que esquema supostamente comandado por Alexandra teria beneficiado o hoje senador João Capiberibe, adversário de Sarney

Relatório da Polícia Federal relacionado à Operação Sermão aos Peixes, que investiga suposto desvio de dinheiro público federal da Saúde no Maranhão por meio de entes privados - Organização Social (OS) e Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) - desde 2004, mas direcionou as investigações do Inquérito Policial 0680/2012 apenas para a gestão do ex-secretário de Saúde Ricardo Murad, cunhado da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), mostra que a PF colheu elementos comprobatórios que apontam para o favorecimento da ex-primeira-dama Alexandra Tavares por parte do Instituto Cidadania e Natureza, criado na época em que seu ex-esposo, o hoje deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB), comandava o Palácio dos Leões.

É o que mostra as páginas 37 e 38 do Volume 04 do inquérito, baseado inicialmente em fontes abertas, como blogs, Diário Oficial do Estado do Maranhão e sites de transparência. O documento, obtido com exclusividade pelo Atual7, relata inclusive que foi no governo Zé Reinaldo, especificamente no ano de 2005, que o ICN passou a ser classificado como OS por meio de um Decreto Estadual, de n.º 21.766.

Relatório da Polícia Federal aponta que entrada do ICN nos cofres da SES beneficiou ex-primeira-dama do Maranhão, Alexandra Tavares
Atual7 A Grande Relatório da Polícia Federal aponta que entrada do ICN nos cofres da SES beneficiou ex-primeira-dama do Maranhão, Alexandra Tavares

Um fato curioso é que um das provas colhidas pela Polícia Federal que apontam para o favorecimento da ex-mulher de Zé Reinaldo no suposto esquema criminoso de desvio de dinheiro público cita o extinto jornal Veja Agora, de propriedade de Ricardo Murad, como fonte. No trecho, colhido de um blog, é descrito uma visita feita por auditores do Ministério da Saúde à SES, e é dito que um funcionário da pasta, que preferiu ficar no anonimato, teria relatado que os auditores ficaram impressionados com as "inúmeras irregularidades" encontradas na aplicação e prestação de contas dos recursos da Saúde.

Em outro trecho, mais grave, é informado que pelo menos 140 milhões de reais percebidos pelo ICN para administração dos hospitais em todo o Maranhão teriam sido utilizados "em benefício  de nomes intimamente ligados à ex-primeira-dama". "É uma denúncia antiga. Feita pelo jornal Veja Agora, em 2006, em edições de 18 de fevereiro e 12 de agosto daquele ano", diz.

O documento informa ainda que Alexandra Tavares - atualmente nomeada em alto cargo na Assembleia Legislativa do Maranhão, mas suspeita de ser funcionária fantasma -, teria colocado o ICN e seus dirigentes para gerenciar o Centervida (Centro Integrado de Atendimento à Saúde), que teria beneficiado como os recursos públicos até mesmo o hoje senador João Capiberibe (PSB-AP), que é adversário do ex-senador José Sarney e aliado do governador Flávio Dino (PCdoB).

Ainda na folha 38 do Volume 04 do relatório, conforme pode ser observado abaixo, também é citado outro suspeito de se locupletar de dinheiro público da Saúde, o ex-chefe da Casa Civil, Aderson Lago, pai do secretário Rodrigo Lago, titular de Transparência e Controle do governo Flávio Dino. Ele - nomeado, mas também suspeito de ser funcionário fantasma da Assembleia Legislativa - teria, segundo informa o relatório da Polícia Federal, desviado parte do repasse mensal de 120 mil reais para a manutenção de um hospital em Mata Roma. O dinheiro teria sido sacado por seus assessores. Aderson teria afanado ainda, segundo a fonte aberta colhida pela PF, pelo menos 100 mil reais dos 550 mil reais destinados para um convênio para compra de remédios no município de Caxias. Todo o dinheiro teria sido transferido para a conta de uma empresa no Rio de Janeiro, a Ópera Prima, de propriedade de um outro filho seu, Aderson Neto, irmão de Rodrigo Lago.

"Isso tudo em 2006", diz o trecho do relatório.

Fonte aberta da Polícia Federal aponta que Alexandra Tavares, Aderson Lago e até o hoje senador João Capiberibe foram beneficiados por esquemas fraudulentos na Saúde do Maranhão
Atual7 Metralhas Fonte aberta da Polícia Federal aponta que Alexandra Tavares, Aderson Lago e até o hoje senador João Capiberibe foram beneficiados por esquemas fraudulentos na Saúde do Maranhão

PF pela tangente

O Atual7 questionou da Polícia Federal os motivos que levaram as investigações ao direcionamento somente para os anos de 2010 a 2013, já que o próprio relatório relacionado à Operação Sermão aos Peixes contém provas que mostram o envolvimento de várias pessoas em gestões anteriores a do ex-secretário Ricardo Murad. A reportagem questionou ainda o motivo da PF não se pronunciar sobre as provas colhidas nos primeiros volumes do relatório, já que somente as interceptações telefônicas continuam sob sigilo da Justiça.

Em resposta, a Assessoria de Comunicação da Polícia Federal no Maranhão disse apenas que não se pronuncia sobre investigações em andamento, embora tenha afirmado na mesma nota que poderia, por o Inquérito Policial 0680/2012, já finalizado, não estar mais revestido de sigilo.

Fantástico deve mostrar farra de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa do MA
Política

Legislativo estadual mantém entre fantasmas até mesmo o pai do secretário de Transparência e Controle do governo Flávio Dino

A Assembleia Legislativa do Maranhão, comandada pelo oligarca Humberto Coutinho, do PDT, deve ser um dos alvos dos repórteres do programa Fantástico, da Rede Globo, que exibe neste domingo (7) um dos maiores escorredouros de dinheiro público nas assembleias legislativas de todo o país: os gastos com funcionários fantasmas.

Em mais um triste capítulo da série "A farra com o dinheiro público no Brasil", a reportagem vai mostrar que até padre recebe salário sem precisar ir trabalhar, e que na hora que a equipe do Fantástico chega, quem deve corre como se tivesse visto assombração.

Os gastos milionários com quem recebe sem precisar pisar na “Casa do Povo” - ou “Casa da Mãe Joana” - já foi alvo de matéria do Atual7, há exatamente um mês.

Além esposas, namoradas, motoristas, primos e amigos de deputados, entre os principais fantasmas sinecurados por Humberto Coutinho estão nomes de raposas conhecidas, como o do ex-deputado Aderson Lago, curiosamente, pai do secretário de Transparência e Controle do governo Flávio Dino, o advogado Rodrigo Lago, que deveria zelar pelo fim da corrupção no estado; os ex-deputados Marcos Caldas e Pryscila Sá; o presidente estadual do PRTB, João Câncio; e o presidente do Diretório Municipal do PT, Fernando Magalhães.

Na farra, até a ex-primeira-dama Alexandra Trovão, recebe sem trabalhar.

Acesse a chamada da reportagem do Fantástico, que quando sabe, mostra; e quando mostra, o Brasil inteiro sabe.

Empregos fantasmas e morte de ex-servidor pesam contra gestão de Humberto Coutinho
Política

Servidor por 22 anos da Assembleia, Lambreta morreu horas depois de receber do coronel de Caxias a informação de que não seria reativado nos quadros da Casa

Pesou forte contra o presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado coronel Humberto Coutinho, do PDT, a morte do ex-servidor Carlos Alberto Pereira, mais conhecido como Lambreta, que tinha 22 anos de serviço no Poder Legislativo.

Cargo em comissão, o ex-servidor havia sido exonerado quando Coutinho assumiu a Presidência da Casa, mas aguardava seu retorno aos quadros da AL, por promessa do próprio pedetista. Na noite dessa segunda-feira (11), porém, horas depois de ouvir do presidente da Assembleia que não havia mais possibilidade de sua nomeação, Lambreta sofreu um infarto fulminante.

O fato lamentável chocou os funcionários e servidores da Assembleia.

Pobre, trabalhador e sem padrinhos políticos, Lambreta não teve a mesma sorte que amigos e aliados de Humberto Coutinho, que ganharam altos cargos na Casa do Povo, mesmo sem precisar ir trabalhar.

Um dos fantasmas é o ex-deputado Rubens Pereira, o Rubão, pai do deputado federal Rubens Pereira Júnior, do PCdoB. Raposa velha, Rubão tem se ocupado em fazer políticas na região de São Bento, mas abocanha altas somas de dinheiro público desde o início da atual legislatura ocupando o cargo-fantasma de Diretor Institucional da Casa.

Além de Rubão, quem também não encontrou dificuldades para voltar para a Assembleia foi o ex-deputado e empresário do mercado de empréstimos Marcos Caldas. Por lá, ele responde, no papel, como Diretor Geral Ajunto, onde garfa um salário de simbologia Isolado, um dos mais bem pagos daquele Poder.

Embora em cargo menor, quem também recebeu mais atenção de Humberto Coutinho que o ex-servidor Lambretinha foi a ex-deputada Pryscila Sá. De cargo e simbologia menor que os dois primeiros, Sá nunca precisou vir trabalhar para levar os quase R$ 14 mil que recebe por mês sem precisar sair de Presidente Dutra, onde sua família mantém um curral eleitoral.

Ex-chefe de Lambreta, o ex-deputado Aderson Lago, pai do secretário de Transparência e Controle, Rodrigo Lago, também recebe de forma imoral e como fantasma na gestão de Coutinho. O cargo e o salário é próximo ao ocupado gasparzinhamente por Pryscila, e vai parar em uma casa de jogos que  Lago, viciado, mantém no bairro do Calhau, um dos mais luxuosos da capital do Maranhão.

Enquanto levava Lambreta com a barriga, o coronel de Caxias ainda empregou na Assembleia Legislativa do Maranhão o presidente estadual do PRTB, João Câncio; a ex-primeira-dama Alexandra Tavares, hoje Trovão; e o presidente do Diretório Municipal do PT, Fernando Magalhães.

Assim como os ex-deputados, nenhum precisar ir trabalhar.

Apenas 103 dos mais de 2 mil servidores da Assembleia do MA são concursados
Política

Despesas com pessoal consumiram R$ 246,5 milhões só em 2014. Gastos de 2015 estão sendo escondidos por Humberto Coutinho e Othelino Neto

A “Casa do Povo” está mais para a “Casa da Mãe Joana”. Levantamento do Atual7 apontou que, dos 2.217 cargos na Assembleia Legislativa do Maranhão - sem contar as vagas ocupadas pelos 42 deputados estaduais -, apenas 103 são preenchidos por quem passou em concurso público. Do restante, 450 são estáveis e efetivos e 1.664 são nomeados pelo presidente, por indicação própria ou por outros parlamentares, a famosa sinecura.

Coutinho, que esconde com Othelino Neto as despesas da atual legislatura
JR Lisboa/Agência AL No bolso Coutinho, que esconde com Othelino Neto as despesas da atual legislatura

Os sinecurados são diretores, assessores parlamentares, cargos de confiança e colaboradores nas funções burocráticas do parlamento que, mesmo se indicados por outros deputados para trabalhos dos próprios gabinetes, todos têm suas nomeações feitas pela Presidência, atualmente chefiada por Humberto Coutinho, do PDT, em reversamento com Othelino Neto, do PCdoB.

Cada deputado estadual do Maranhão tem direito a 19 assessores para auxiliá-los. Os parlamentares que compõem a Mesa Diretora possuem o privilégio de ter até cinco funcionários a mais à disposição, pois, além dos trabalhos como parlamentares, possuem funções de administração da Casa. Já Coutinho, por ser presidente da AL, goza do direito de ter no próprio gabinete um total de 32 auxiliares no exercício da função. A média de salários destes comissionados varia entre R$ 1 mil e R$ 14 mil.

Na atual legislatura, além de parentes de deputados e de prefeitos aliados, entre os que entraram - ou voltaram à Assembleia - sem precisar passar por concurso público foram os ex-deputados Rubens Pereira, Aderson Lago, Marcos Caldas e Pryscila Sá; o presidente estadual do PRTB, João Câncio; a ex-primeira-dama Alexandra Tavares, hoje Trovão; e o presidente do Diretório Municipal do PT, Fernando Magalhães.

Todos ocupam cargos que lhe rendem mensalmente os salários mais altos do Legislativo estadual.

Como não são vistos na “Casa do Povo” - ou “Casa da Mãe Joana” - para trabalharem pelo gordo vencimento, eles são suspeitos de receber dinheiro público como funcionários fantasmas.

Baixo número de concursados

Até hoje, a Assembleia realizou apenas dois concursos públicos, sendo o primeiro em 2005 e o último no ano de 2013, respectivamente, durante o comando dos deputados João Evangelista e Arnaldo Melo na Presidência.

Apesar das poucas vagas oferecidas - 40 no primeiro e 87 no segundo -, nem todos aprovados no concurso foram chamados.

Gastos escondidos

De acordo com o Portal da Transparência da AL, só no ano de 2014, as despesas com pessoal consumiram o total de R$ 246.555.211,41 dos cofres públicos.

Os gastos de 2015 ainda não podem ser contabilizados por os presidentes Humberto Coutinho e Othelino Neto não cumprirem a Lei da Transparência, permanecendo o portal orçamentário sem atualizações desde dezembro do ano passado.