Luzia Neponucena
Justiça manda Estado devolver Hospital Dr. Carlos Macieira ao Fepa
Maranhão

Luzia Madeiro Neponucena determinou ainda que a unidade volte a ser destinada exclusivamente para atendimento aos servidores públicos estaduais

A juíza Luzia Madeiro Neponucena, titular da 1ª Vara da Fazenda Pública de São Luís, determinou, nessa quarta-feira 19, a imediata suspensão da cessão do Hospital Dr. Carlos Macieira para a Secretaria de Estado da Saúde (SES), devendo a unidade hospitalar ser devolvida para a administração do Fundo Estadual de Pensão e Aposentadoria (Fepa), mantendo o hospital exclusivamente destinado aos servidores públicos estaduais. A sentença é resultado de duas ações civis públicas com a mesma causa de pedir, sendo uma proposta por seis entidades sindicais, e outra pelo Ministério Público contra o Estado do Maranhão.

A magistrada também declarou nula a Resolução nº 001/2011 do Conselho Superior do Fundo Estadual de Pensão e Aposentadoria (Consup), que alterou a destinação específica do Carlos Macieira, transformando-o de Hospital dos Servidores para simples ativo financeiro arrecadador de renda para o Fepa, por meio de sua cessão definitiva a título oneroso para Secretaria de Saúde.

Luzia Neponucena julgou procedente as demandas, confirmando as liminares anteriormente concedidas em todos os seus termos. Também excluiu da lide o Consup nos autos do processo, por ser Conselho parte ilegítima para figurar no polo passivo da referida ação, porque o órgão não possui personalidade jurídica própria.

Na ação civil pública proposta pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil (CTB) e mais cinco entidades representativas de servidores públicos estaduais, os autores alegaram que a cessão onerosa e definitiva do hospital para a SES constituiu ato de alienação ilegal de bem público, feito sem prévia e expressa autorização da Assembleia Legislativa do Maranhão.

Por sua vez, na ação proposta pelo Ministério Público, o órgão ministerial alegou que por meio da resolução do Consup fora autorizada a cessão do Carlos Macieira para a SES, passando o hospital a fazer parte da rede estadual de saúde da área de alta complexidade dentro do SUS (Sistema Único de Saúde), deixando a unidade de prestar serviços ambulatoriais e de internações exclusivamente aos seus servidores e dependentes. Além de pedir a nulidade da resolução do Conselho, o MP pleiteou a suspensão da cessão do hospital para a SES e o retorno do atendimento preferencial aos servidores e seus dependentes, propiciando acesso irrestrito à urgência e emergência, internações de alta complexidade e em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

O Ministério Público relatou que, quando da transferência do hospital da Secretaria Estadual de Planejamento Orçamento e Gestão (Seplan) para a SES, houve inúmeras irregularidades. Segundo o órgão ministerial, a cessão de uso do imóvel ocorreu de maneira onerosa para ambas as partes, pois a Seplan continuaria a repassar para a SES valores exorbitantes referentes aos recursos do Fundo de Benefícios dos Servidores do Estado do Maranhão (Funben); e que a cessão não fora revestida de sua forma legal, pois deveria ser gratuita, além de não ter especificado o tempo de uso do imóvel. Alegou, ainda, que a exclusão de atendimento médico dos servidores no Carlos Macieira constitui-se medida arbitrária porque os servidores contribuintes do Funben continuam direcionando a importância paga mensalmente ao hospital.

Na sentença, a juíza Luzia Neponucena afirma que a alteração de finalidade, objetivo fim e não, de meio, do Hospital Dr. Carlos Macieira através da resolução Consup nº 001/2011, constitui usurpação de competência da Assembleia Legislativa, conforme dispõe o artigo 30 da Constituição Estadual.

A juíza também destaca que os bens do extinto Instituto de Previdência do Estado do Maranhão (Ipem), como é o caso do Carlos Macieira, passaram a constituir patrimônio do Fepa e a alienação desses bens depende de autorização legislativa específica, nos termos da Lei Complementar nº 40/1998, sendo que a resolução do Consup autorizou a alienação indevida de um bem do Fepa, contrariando a legislação.

Outro lado

O ATUAL7 solicitou por e-mail ao Governo do Maranhão um posicionamento se haverá ou não recurso contra a sentença e aguarda retorno.

Marcos Lobo esclarece que major em inquérito da PF é esposo de Luzia Neponucena
Política

Alexandre Araújo de Brito, do PCdoB, foi derrotado em Coroatá em 2012 pela chapa da prefeita Teresa Murad

Trata-se do Major Alexandre Araújo de Brito, candidato a vice-prefeito de Coroatá derrotado nas eleições de 2012 e recentemente promovido para a Tenente-Coronel pelo correlegionário e governador Flávio Dino, o policial militar citado pela Polícia Federal no relatório relacionado à Operação Sermão aos Peixes, que apura a suposta prática de crime de apropriação de recursos da Secretaria de Estado da Saúde (SES) por organização criminosa.

A incógnita, esclarecida pelo advogado do ex-secretário Ricardo Murad, Marcos Lobo, surgiu após a esposa do militar, a juíza Luzia Madeiro Neponucena, titular da 1ª Vara da Fazenda Pública de São Luís, ter alegado necessidade de segurança pessoal para, sob a influência do cargo, conseguir ter total acesso aos autos do Inquérito Policial n.º 0680/2012, da Sermão aos Peixes, que aponta ainda que suposta corrupção na SES ocorreu em todas as últimas quatro gestões estaduais, incluído a atual.

Ressalta-se o fato de que, diante dos esclarecimentos feitos por Lobo, além de Neponucena ter impedimento aos autos pela relação matrimonial com o policial militar, segundo declaração da PF ao Atual7, o inquérito não pode ser compartilhado com a magistrada por estar revestido de sigilo de Justiça.

No caso do Conselho Nacional da Justiça (CNJ) ser comunicado sobre esta questão, como solicitou a própria juíza Luzia Neponucena, pela suspeita de entrelaçamento de ações judiciais com atos políticos, a apuração pode se voltar contra a própria titular da 1ª Vara da Fazenda Pública de São Luís.

Abaixo, a nota de esclarecimento do advogado Marcos Lobo:

NOTA

Na condição de advogado de Ricardo Jorge Murad, acerca da matéria intitulada “Juíza pede providências com medo de Ricardo Murad”, apresento os seguintes:

1. Não se acredita que a Juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública de São Luís, Luzia Madeiro Nepomucena, tenha efetivamente mencionado o nome de Ricardo Murad à título de se sentir ameaçada, perseguida, ou por sentir algum temor dele, até porque não teria motivos;

2. De outro lado, porventura nalguma fala de Ricardo Murad, proveniente de interceptação telefônica no inquérito policial 0680/2012, tenha alusão à patente “major” associado ao nome da Juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública de São Luís, Luzia Madeiro Nepomucena, com certeza refere-se ao esposo da magistrada, o Major Alexandre, recentemente promovido para tenente coronel, e que, na cidade de Coroatá, é inimigo pessoal e político de Ricardo Murad e Teresa Murad, e a eles faz oposição na condição de filiado ao PC do B.

São Luís (MA), 04 de dezembro de 2015.

Marcos Alessandro Coutinho Passos Lobo
OAB/MA – 5166

Política

Esta é a segunda vez que uma autoridade usa da influência do cargo para tentar acessos ao autos da operação da Polícia Federal

A juíza Luzia Madeiro Neponucena, titular da 1ª Vara da Fazenda Pública de São Luís, encaminhou, na quarta-feira 2, documento à Presidência do Tribunal de Justiça do Maranhão e à Corregedoria Geral de Justiça, solicitando providências no sentido de ter acesso às apurações do inquérito relacionado à Operação Sermão aos Peixes, da Polícia Federal, que apura supostos desvios de recursos da Secretaria de Estado da Saúde (SES) entre os anos de 2004 ao de 2015. No documento, a magistrada solicita também segurança pessoal e que o caso seja comunicado ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Luzia Madeiro Neponucena quer ainda a apuração dos fatos e segurança pessoal
Divulgação Sermão aos Peixes Luzia Madeiro Neponucena quer ainda a apuração dos fatos e segurança pessoal

Em trechos do relatório da PF, dentre outros fatos já apurados no inquérito, é detalhado que um major da Policia Militar teria sido escalado para levantar informações sobre a magistrada.

A Polícia Federal aponta que um dos motivos teria sido uma decisão judicial em que Neponucena suspendeu a determinação que obrigava o Estado do Maranhão a pagar precatório de R$ 134 milhões à empresa UTC/Constran, investigado na Operação Lava Jato. Ela também é autora da decisão de suspender a cessão do Hospital Carlos Macieira para SES.

No documento encaminhado ao TJ-MA e a CGJ, a juíza afirma se sentir ameaçada e que estas supostas ameaças tornam vulneráveis a sua segurança e a integridade física pessoal, como também suas garantias jurisdicionais, violando o Estado de Direito, contemplado na Constituição Federal. Luzia Neponucena argumenta ainda que quer que ocorra a completa apuração dos fatos e a responsabilização do policial militar e do suposto mandante do levantamento de informações de sua vida.

Sigilosa

Essa é a segunda vez que uma autoridade tenta da influência do cargo para ter acesso aos autos da investigação da Polícia Federal, que tem negado prestar esclarecimentos à imprensa também sobre informações contidas no relatório relacionado à Sermão aos Peixes, alegando que a operação é revestida de sigilo, embora a Justiça já tenha quebrado essa proteção logo após a deflagração da operação, há cerca de três semanas.

No início da noite de quarta-feira 2, o senador Roberto Rocha (PSB) já havia manifestado, em nota, que a sua esposa, Ana Cristina Ayres Diniz, constituiu advogado para ter acesso para questionar a legitimidade da escuta contida no inquérito da PF. Em uma das folhas do relatório, Ana Cristina é citada por suspeitos como participante de um esquema criminoso atuante na Prefeitura de Balsas, onde o irmão do senador, Luís Rocha Filho, o Rocinha (PSB), é quem comanda o Executivo.