Yuri Arruda
Paulo Victor envolve Yuri Arruda em vazamento de investigação e diz que comunicou PGJ sobre Zanony Passos
Política

A informação consta em pedidos à Vara Especial Colegiada dos Crimes Organizados e ao CNMP. Ministério Público e secretário de Cultura foram procurados pelo ATUAL7, mas não retornaram

O presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSDB), envolveu o secretário estadual da Cultura, Yuri Arruda Milhomem, na origem do vazamento de uma investigação sigilosa do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) do Ministério Público do Maranhão que tem como alvo principal o próprio chefe do Poder Legislativo ludovicense.

A informação consta no pedido de habilitação nos autos de medidas investigatórias sobre suposto desvio de emendas parlamentares que tramitam sob segredo de Justiça na Vara Especial Colegiada dos Crimes Organizados e em reclamação disciplinar apresentada ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) com pedido de medida liminar de afastamento do cargo do promotor de Justiça Zanony Passos Silva Filho, da Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa.

Os documentos são assinados pelo advogado Thales Dyego de Andrade, defensor do presidente da CMSL, com base em relatos de Paulo Victor.

Neles, o vereador diz também que teria comunicado à PGJ (Procuradoria-Geral de Justiça) a suposta prática de crime de extorsão por Zanony em troca de proteção do promotor em investigações criminais, informação que diverge de nota divulgada pelo MP-MA sobre o caso, de que somente na semana passada, quando fez a denúncia em discurso na Câmara, ele teria dado conhecimento do suposto crime às instituições responsáveis por apurar a conduta do promotor de Justiça.

Órgão máximo do Ministério Público, a PGJ é comandada pelo procurador Eduardo Jorge Hiluy Nicolau. Com transparência opaca, a instituição não divulga a agenda oficial do chefe e demais membros. Há registros nesse sentido apenas na página de notícias do site do MP-MA, de uma única visita do vereador ao gabinete procurador-geral de Justiça, em novembro de 2022, e de encontros em solenidades fora do órgão, inclusive na CMSL, ao longo deste ano.

Procurado pelo ATUAL7 na última quinta-feira (7) para se posicionar a respeito do assunto, Nicolau não retornou o contato.

Segundo o chefe do Legislativo ludovicense, ele teria tomado conhecimento sobre pedidos sigilosos de afastamento de sigilos bancário, fiscal e de dados telemáticos e telefônicos contra ele próprio, que tramitam em segredo de Justiça, após Zanony ter compartilhado com Arruda imagens do processo.

Nos relatos, Paulo Victor indica que Yuri Arruda teria feito o registro fotográfico dos pedidos sigilosos do Gaeco, supostamente enviados por meio de aplicativo de mensagens por Zanony Passos, utilizando um outro aparelho celular.

Os processos, ainda segundo o presidente da Câmara, teriam sido compartilhados pelo promotor com o secretário de Cultura um dia após Arruda ter prestado depoimento ao Ministério Público estadual, a respeito de questões da pasta.

Ex-fotógrafo de Paulo Victor, Yuri Arruda foi colocado no posto pelo governador Carlos Brandão (PSB) em agosto de 2022, por indicação do vereador, que nos relatos à Vara dos Crimes Organizados e ao CNMP o trata como “aliado político de longa data” –embora, atualmente, haja um tensionamento entre eles por conta do cargo.

“Na oportunidade, quando Yuri Arruda comparece ao Ministério Público, Zanony mostra para o Secretário uma tela com a foto de Paulo Victor e da sua esposa, bem como da residência de ambos, destacando que o Gaeco estava investigando. No dia seguinte, Zanony envia uma imagem temporária para Yuri Arruda de uma suposta quebra de sigilo existente contra Paulo Victor”, diz trecho.

“Quando sabe dos fatos, Paulo Victor telefona para Zanony e anuncia a este que não mais se submeteria às suas extorsões e que se dirigira à Procuradoria Geral de Justiça, tendo ali relatado os fatos, não tendo conhecimento se alguma providência foi tomada”, completa.

Capturas de tela da suposta conversa com o promotor Zanony Passos em um aplicativo de mensagens, que teriam sido registradas em meados de maio deste ano, anexadas aos pedidos à Vara de Crimes Organizados e ao CNMP, indicam que o vazamento da investigação do Gaeco e a comunicação da suposta extorsão à PGJ teriam ocorrido logo depois.

O ATUAL7 questionou a Procuradoria-Geral de Justiça e o secretário de Cultura Yuri Arruda a respeito da veracidade dos relatos de Paulo Victor, também desde a quinta-feira (7). Até o momento, porém, não houve resposta.

Brandão libera R$ 300 mil por deputado para Carnaval, mas não detalha destino do dinheiro
Política

Governador do Maranhão e secretário Yuri Arruda não souberam informar quando os dados serão tornados públicos. Mandatário ainda espalhou desinformação sobre transparência durante coletiva

O governador Carlos Brandão (PSB) liberou R$ 300 mil a cada um dos 42 deputados estaduais para a realização das festas do Carnaval 2023 em suas respectivas bases eleitorais, segundo declarou o mandatário em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (13).

Embora o dinheiro seja público, e apesar da participação do Ministério Público do Estado no acordão feito com deputados, os detalhes do destino que será dado por cada parlamentar a esse recurso tem sido tratado de forma privada.

“Nós resolvemos fazer a liberação das emendas, R$ 300 mil para cada deputado, para que eles também pudessem destinar aos municípios das suas bases, que também têm Carnaval”, declarou o mandatário.

Somando quanto recebeu deputado da Assembleia Legislativa maranhense, ao todo, foram liberados R$ 12,6 milhões apenas em emendas parlamentares para as festividades carnavalescas.

Apesar do valor alto dos recursos, mesmo com o término das atrações de pré-carnaval e a poucos dias para início oficial da festa momesca, não há qualquer informação no Portal da Transparência a respeito dessa despesa nem de outras relacionadas ao Carnaval, como para contratação de grandes atrações. Nem mesmo o próprio chefe do Palácio dos Leões, questionado pelo ATUAL7 durante a coletiva, soube responder.

Segundo confirmou Brandão, os dados ainda serão disponibilizados pela STC (Secretaria de Transparência e Controle), comandada pelo auditor Raul Mochel. Ele não soube informar, contudo, quando isso finalmente ocorrerá.

“Eu vou até ver isso, pra gente dar mais transparência, porque a nossa secretaria tem dado muito transparência. Com relação ao Carnaval, vou pedir aqui pro Yuri detalhar pra ti, pois aqui não tem nada a esconder. Pelo contrário, a gente tem muito orgulho porque a gente sabe o que tá gastando, e a gente tá tendo retorno disso”, disse Brandão, emendando em seguida sobre dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), mesmo sem ser questionado a respeito do assunto, pela falta de relação com as festividades.

“E, depois, Yuri [Arruda, secretário de Cultura do Maranhão], vamos pedir para o secretário de Transparência e Controle [a disponibilização dos dados]”, completou.

“Como o governador falou, a gente vai chamar o secretário de Transparência e Controle, vai fazer todo esse levantamento e estudo, para deixar tudo às claras. Não tem nada para esconder”, repetiu Arruda.

Durante a coletiva, Brandão ainda espalhou desinformou a respeito da transparência da gestão estadual.

Fazendo referência ao programa nacional da Atricon (Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil), divulgado no ano passado, disse que o Maranhão, em relação ao Portal da Transparência, “ganhou em primeiro lugar do Brasil, nota 10, letra A”. O dado, porém, é falso.

Na avaliação real, embora o nível de transparência do Executivo do Estado tenha sido avaliado um pouco acima da média nacional, o índice foi registrado em 67,85%, apenas. No ranking geral, o Maranhão ficou em 11º colocado entre os 26 estados e o Distrito Federal.

Artigo

Por José Ribamar Gomes "Gojoba"

A gestão da cultura do estado virou um verdadeiro deposito de piratas, usurpadores de valores históricos, com gente de propósito efêmero e facilmente refutáveis para o campo da cultura.

Já faz algum tempo que a gestão da cultura no Maranhão enxerga a Secretaria de Estado da Cultura apenas como uma produtora de eventos. Não há um planejamento para gerir e promover cultura o ano todo, não há sensibilidade com o fazer cultural dos grupos e das pessoas fazedoras de cultura do estado. Tudo é apenas um “espetáculo”, no pior sentido da palavra. A ordem é reunir multidões fazer um filminho, postar e esperar os likes, os comentários e compartilhamentos, ainda que isso custe caro para quem faz a verdadeira cultura do Maranhão.

Nos últimos dias nas redes sociais, o senhor Yuri Arruda, secretário da referida pasta, tem se orgulhado de interagir com seus “seguidores” sobre qual a próxima atração nacional a ser anunciada para o carnaval, sempre se exaltando de tal orgulhosa “conquista”.

Abro aspas para o calcídico das culturas de outros lugares: “Valeu apena esperar, hein? Mais 2 grandes atrações para o carnaval! Vamos juntos pagodear com @bomgosto e dançar o melhor do piseiro com @zevaqueiro. Não acredita que ainda tem mais? As surpresas estão só começando!”

Ele disse que tem mais surpresas. A única surpresa que não tem é dinheiro pra pagar as atrações locais, e olha que saímos de uma pandemia de 2 anos sem carnaval, fico pensando que nem sensibilidade essa gente deve ter.

Voltemos às surpresas prometida com alguns textinhos fofos do secretário para com as atrações de fora, abro aspas novamente: “Amanhã vocês descobrem mais duas atrações confirmadas. Algum palpite?”

E segue o romance, “Comecem dar novos palpites senão vocês vão ficar só errando! Muita coisa boa vindo por aí e ninguém tá adivinhando ainda…”. “O que será que vem por aí? Silva e Igor Kannário já estão fechados com o carnaval do MA. Hoje, vocês descobrem mais duas atrações. Quero ver se alguém vai acertar. Vou acompanhar os comentários!”

O que trato aqui nada tem a ver com divulgar ou deixa divulgar as atrações do carnaval, mas a questão é, por que não tem encaminhamentos para a contratação e pagamentos de grupos do estado? Por que não receber seus representantes para buscar caminhos para suas produções? E principalmente por que tratar com tanto desprezo e descaso o que é produzido no estado, enquanto quem vem de fora tem um tratamento todo especial com cachês altos e recebimentos adiantado?

Enquanto o pirata da vez, ou o papagaio de pirata, em seu caso, se orgulha de anunciar diversas atrações nacionais, inclusive muito questionáveis quanto a ser uma atração com características carnavalescas, pagando cachês robustos e com bastante antecedência, os grupos e produtores de nossas escolas de samba, blocos, e afins, se quer sabem o valor e a data que irão receber seus sofridos cachês. Ocorre que o mesmo marca diversas reuniões com as agremiações e quando chega no horário próximo à reunião pede aos seus assessores que sejam desmarcadas e remarcadas novamente e depois desmarca novamente, num movimento desrespeitoso e de total infâmia e falta de respeito com os representantes dos grupos.

Não vejo nenhum problema na existência de intercâmbios culturais em qualquer que seja o evento do estado, a questão está em solapar nossa produção em detrimento de outras oriundas de outros estados, inclusive para o grupos daqui, sempre alegam não haver recursos e está encontrando dificuldades para a produção do carnaval, sendo que todo mundo sabe que no carnaval, qualquer atração nacional além de cobrarem o dobro ou o triplo do que cobram em períodos normais, só aceitam saírem de seus estados com pagamento adiantado.

O mal gosto do secretário e de seus asseclas beira o ridículo, com uma programação esquálida e sem qualquer conexão com a maior festa popular do país. O que parece mais um festival de música para agradar a si próprio e a seus amigos do que realizar uma grande festa momesca.

Essa gente não gosta da nossa cultura, não vive a nossa cultura, só às usa para fazer foto e receber o próximo like. Percebam os formatos dos eventos, assim como as atrações preferidas e os locais dos eventos, não há o mínimo de esforço para se quer receber um representante da nossa cultura, eles os tratam como gente chata. Essa gente não tem coragem de assumir que não gostam da cultura feita aqui, não propõem soluções, não discute encaminhamentos, não se importam.

Cadê nosso Ministério Público? Que de forma acertada impediu a realização de festas em diversos municípios do Maranhão, vai assistir de camarote a ceifada que o governo do estado está dando em nossos grupos carnavalescos? Espero que não!!!

★★★

José Ribamar Gomes "Gojoba" é jornalista.