Eduardo Nicolau
Eduardo Nicolau é questionado sobre sorteio de vouchers para motel no Mês da Mulher, e cancela brindes do MP-MA
Política

O total de 12 comprovantes monetários para o Le baron seriam sorteados pelo CAO-Mulher durante todo o mês de março. Distribuição foi interrompida após o ATUAL7 ter acesso ao convite enviado pelo gabinete do PGJ para integrantes do órgão

O Ministério Público do Estado do Maranhão pretendia sortear diversos vouchers para um motel em São José de Ribamar como brinde para procuradoras, promotoras, servidoras e estagiárias do órgão durante a programação do Mês da Mulher, evento organizado pelo órgão para homenagear as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 de março.

A distribuição do brinde disforme para as atribuições constitucionais da instituição, porém, acabou sendo cancelada nessa quinta-feira (7) pelo procurador-geral de Justiça, Eduardo Nicolau, após o ATUAL7 questionar o chefe do MP-MA a respeito do assunto.

O convite para o sorteio, com link para formulário de inscrição para quem quisesse participar do evento, foi enviado na última quinta-feira (5) aos contatos eletrônicos institucionais do MP maranhense, pelo próprio gabinete de Nicolau. O ATUAL7 obteve acesso exclusivo à cópia do e-mail.

Do total de 19 prêmios, 12 se tratavam de vouchers para suítes por 3 horas no Motel Le baron, localizado na município ribamarense, na Região Metropolitana de São Luís, mesma cidade onde o chefe do Ministério Público estadual possui residência.

Voucher é um documento ou código impresso ou eletrônico que representa um direito a um determinado produto, serviço ou benefício. Esse comprovante monetário pode ser utilizado como forma de pagamento ou como comprovante de reserva, por exemplo.

No caso dos vouchers do MP do Maranhão para o Le baron, todos tinham como validade o mês de março de 2024, sendo dois com 100% de desconto e os demais 50%. Havia também um voucher para almoço de um casal no restaurante Armazém do Chef e outro no valor de R$ 180, no D’Lucca Restaurante, ambos na capital.

Questionado por e-mail pelo ATUAL7 sobre a origem específica dos recursos para o custeio de cada brinde; o custo total com os sorteios; quem determinou as premiações; como foi feita a seleção dos estabelecimentos comerciais para os vouchers; a realização dos sorteios; e relação dos premiados, o órgão ignorou todas as perguntas enviadas pela reportagem e limitou-se a responder, via assessoria, que a PGJ e o Centro de Apoio Operacional de Enfrentamento à Violência de Gênero (CAO-Mulher) organizaram uma programação alusiva ao Mês da Mulher.

“A programação inclui atividades culturais, roda de conversa sobre saúde mental, estímulo ao empreendedorismo feminino com a realização de feiras (Feira das Pretas e Esquina da Arte), campanha de doação de absorventes higiênicos para combater a insegurança menstrual, além de atendimentos para a população na unidade móvel da instituição (a programação segue em anexo). Todas as informações oficiais sobre a programação do Mês da Mulher do MPMA estão sendo amplamente divulgadas nos canais oficiais da instituição. Ressaltamos que as atividades são abertas ao público, inclusive aos veículos de imprensa”, disse.

Mesmo após insistência, não houve retorno do Ministério Público sobre os questionamentos a respeito dos vouchers.

Em contato com o ATUAL7 por telefone e mensagem por aplicativo, o procurador-geral de Justiça Eduardo Nicolau alegou que não tinha conhecimento do sorteio dos brindes, apesar do anúncio ter sido feito pelo próprio gabinete da PGJ. Ele orientou à reportagem que procurasse a coordenadora do CAO-Mulher, promotora Selma Martins, apontada por ele como única responsável pela programação alusiva ao Mês da Mulher.

Embora tenha rejeitado uma tentativa de ligação feita pela reportagem, ela enviou uma mensagem como manifestação a respeito do assunto, porém com o mesmo conteúdo genérico que a assessoria do MP-MA já havia encaminhado.

Novamente procurado, Eduardo Nicolau voltou a alegar que desconhecia o sorteio dos vouchers para o motel em São José de Ribamar.

“Eu não sabia de nada, pois foi tudo tratado pelo Centro de Apoio Mulher”, declarou.

Outra vez questionado sobre quem autorizou as premiações e pagamentos pelos brindes, e se tomaria alguma medida ou não a respeito agora que teria tomado conhecimento a respeito, o chefe do Ministério Público disse que havia determinado o cancelamento de tudo.

“Nada mais, só mandei tirar os sorteios e acabar a questão”, disse, afirmando ainda que não houve qualquer pagamento pois, segundo ele, os brindes haviam sido doados e recebidos pela promotora Selma Martins.

“Não existiu dinheiro em nenhum deles, todos doados”, garantiu, sem explicar, por novamente alegar desconhecimento, como as doações teriam sido feitas e sob quais termos.

Paulo Victor envolve Yuri Arruda em vazamento de investigação e diz que comunicou PGJ sobre Zanony Passos
Política

A informação consta em pedidos à Vara Especial Colegiada dos Crimes Organizados e ao CNMP. Ministério Público e secretário de Cultura foram procurados pelo ATUAL7, mas não retornaram

O presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSDB), envolveu o secretário estadual da Cultura, Yuri Arruda Milhomem, na origem do vazamento de uma investigação sigilosa do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) do Ministério Público do Maranhão que tem como alvo principal o próprio chefe do Poder Legislativo ludovicense.

A informação consta no pedido de habilitação nos autos de medidas investigatórias sobre suposto desvio de emendas parlamentares que tramitam sob segredo de Justiça na Vara Especial Colegiada dos Crimes Organizados e em reclamação disciplinar apresentada ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) com pedido de medida liminar de afastamento do cargo do promotor de Justiça Zanony Passos Silva Filho, da Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa.

Os documentos são assinados pelo advogado Thales Dyego de Andrade, defensor do presidente da CMSL, com base em relatos de Paulo Victor.

Neles, o vereador diz também que teria comunicado à PGJ (Procuradoria-Geral de Justiça) a suposta prática de crime de extorsão por Zanony em troca de proteção do promotor em investigações criminais, informação que diverge de nota divulgada pelo MP-MA sobre o caso, de que somente na semana passada, quando fez a denúncia em discurso na Câmara, ele teria dado conhecimento do suposto crime às instituições responsáveis por apurar a conduta do promotor de Justiça.

Órgão máximo do Ministério Público, a PGJ é comandada pelo procurador Eduardo Jorge Hiluy Nicolau. Com transparência opaca, a instituição não divulga a agenda oficial do chefe e demais membros. Há registros nesse sentido apenas na página de notícias do site do MP-MA, de uma única visita do vereador ao gabinete procurador-geral de Justiça, em novembro de 2022, e de encontros em solenidades fora do órgão, inclusive na CMSL, ao longo deste ano.

Procurado pelo ATUAL7 na última quinta-feira (7) para se posicionar a respeito do assunto, Nicolau não retornou o contato.

Segundo o chefe do Legislativo ludovicense, ele teria tomado conhecimento sobre pedidos sigilosos de afastamento de sigilos bancário, fiscal e de dados telemáticos e telefônicos contra ele próprio, que tramitam em segredo de Justiça, após Zanony ter compartilhado com Arruda imagens do processo.

Nos relatos, Paulo Victor indica que Yuri Arruda teria feito o registro fotográfico dos pedidos sigilosos do Gaeco, supostamente enviados por meio de aplicativo de mensagens por Zanony Passos, utilizando um outro aparelho celular.

Os processos, ainda segundo o presidente da Câmara, teriam sido compartilhados pelo promotor com o secretário de Cultura um dia após Arruda ter prestado depoimento ao Ministério Público estadual, a respeito de questões da pasta.

Ex-fotógrafo de Paulo Victor, Yuri Arruda foi colocado no posto pelo governador Carlos Brandão (PSB) em agosto de 2022, por indicação do vereador, que nos relatos à Vara dos Crimes Organizados e ao CNMP o trata como “aliado político de longa data” –embora, atualmente, haja um tensionamento entre eles por conta do cargo.

“Na oportunidade, quando Yuri Arruda comparece ao Ministério Público, Zanony mostra para o Secretário uma tela com a foto de Paulo Victor e da sua esposa, bem como da residência de ambos, destacando que o Gaeco estava investigando. No dia seguinte, Zanony envia uma imagem temporária para Yuri Arruda de uma suposta quebra de sigilo existente contra Paulo Victor”, diz trecho.

“Quando sabe dos fatos, Paulo Victor telefona para Zanony e anuncia a este que não mais se submeteria às suas extorsões e que se dirigira à Procuradoria Geral de Justiça, tendo ali relatado os fatos, não tendo conhecimento se alguma providência foi tomada”, completa.

Capturas de tela da suposta conversa com o promotor Zanony Passos em um aplicativo de mensagens, que teriam sido registradas em meados de maio deste ano, anexadas aos pedidos à Vara de Crimes Organizados e ao CNMP, indicam que o vazamento da investigação do Gaeco e a comunicação da suposta extorsão à PGJ teriam ocorrido logo depois.

O ATUAL7 questionou a Procuradoria-Geral de Justiça e o secretário de Cultura Yuri Arruda a respeito da veracidade dos relatos de Paulo Victor, também desde a quinta-feira (7). Até o momento, porém, não houve resposta.

Eduardo Nicolau omite informação sobre resultado de investigação contra Iracema Vale
Política

Presidente da Assembleia Legislativa nomeou irregularmente em alto cargo na Casa um aliado político ficha suja. Chefe do Ministério Público disse que arquivou o caso após exoneração de Aldenir Santana, mas não respondeu se apurou obrigatoriedade de devolução de dinheiro aos cofres da Alema

O procurador-geral de Justiça Eduardo Nicolau, chefe do Ministério Público do Maranhão, vem omitindo o resultado de uma investigação instaurada no âmbito do órgão para apurar a conduta irregular da presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputada Iracema Vale (PSB), na nomeação de um aliado político ficha suja na estrutura da Casa.

A irregularidade na nomeação do ex-prefeito de Urbano Santos, Aldenir Santana Neves, para alto cargo no Poder Legislativo estadual foi revelada pelo ATUAL7 em fevereiro, primeiro mês da nova gestão da Alema.

Pela Lei 9.881, de 30 de julho de 2013, a chamada Lei da Ficha Limpa do Servidor Público, por possuir diversas condenações em segunda instância no Tribunal de Justiça do Maranhão e no TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região por casos relacionados à desvio de recursos públicos, inclusive com trânsito em julgado, ele poderia ser nomeado para cargo em comissão e função gratificada no Poder Executivo e Legislativo estadual somente a partir de junho de 2029.

Sob pressão, cerca de uma semana após a revelação do caso, o aliado da presidente da Alema pediu exoneração do alto cargo de secretário do Gabinete da Presidência da Casa. Também após revelação do ATUAL7, devolveu diárias que havia embolsado também irregularmente.

Contudo, como a transparência da Alema é opaca, não há informações sobre ele ter assinado ou não algum ato institucional como fiscal de contrato da Assembleia Legislativa, poder que ganhou quando ainda estava nomeado irregularmente, nem sobre recebimento e devolução de salário.

Pela legislação, na eventualidade de haver praticado algum ato institucional, este deve ser considerado nulo, sob risco de prática de improbidade. Caso tenha recebido vencimentos no período de nomeação irregular, e não devolvido o dinheiro aos cofres públicos, além de improbidade, pode ser configurado crime de peculato.

Desde a revelação do caso, Iracema Vale e Aldenir Santana foram insistentemente procurados pelo ATUAL7, mas não se manifestaram a respeito.

Já Eduardo Nicolau, que chegou a afirmar que aguardava resposta da presidente da Assembleia sobre a nomeação irregular para decidir se instauraria ou não processo investigatório, tem ignorado todos os pedidos formais de informação sobre o assunto.

As solicitações foram registradas após o procurador-geral de Justiça ser questionado pessoalmente pelo ATUAL7 nas dependências da Alema, onde passou a ter bastante frequência a partir da nova gestão, a respeito do posicionamento apresentado por Iracema Vale ao MP-MA.

Segundo Nicolau, o caso foi arquivado com base na informação de que Aldenir Neves já havia sido exonerado.

“Queria que eu fizesse o quê? Foi exonerado. Acabou, papai”, respondeu, sem comentar o porquê de haver decidido não abrir investigação sobre eventuais recebimento de salário e assinatura de atos institucionais pelo aliado da presidente da Alema, no período em que ele esteve nomeado irregularmente no cargo.

O chefe do Ministério Público tem também omitido informações, mesmo solicitadas formalmente, sobre o resultado de uma investigação que chegou a ser aberta pela Assessoria Especial de Investigação da PGJ-MA para a apurar o caso.

O deslinde dessa apuração, inclusive, sem qualquer explicação pública para controle social, foi colocado sob sigilo no sistema de movimentação processual do órgão.

Sobrinho de Carlos Brandão vai relatar contas de Eduardo Nicolau no TCE
Política

No período da análise, Daniel Brandão pode ser afastado ou perder o cargo de conselheiro. Sub judice no posto, ele terá questionamentos no Poder Judiciário sobre a nomeação verificados pelo Ministério Público, órgão comandado pelo procurador-geral de Justiça

O conselheiro sub judice do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Maranhão, Daniel Itapary Brandão, recém-empossado no cargo após articulação que contou com a participação direta do tio, o governador Carlos Brandão (PSB), vai relatar a primeira prestação de contas do procurador-geral de Justiça Eduardo Jorge Hiluy Nicolau.

O processo é referente ao exercício financeiro de 2020, cujo quase todo o primeiro semestre esteve sob responsabilidade do promotor Luiz Gonzaga Martins Coelho, ex-chefe do Ministério Público do Estado, e o restante, de Eduardo Nicolau. O processo foi iniciado em abril de 2021. Desde então, estava parado na corte de Contas maranhense, e teve a primeira movimentação feita apenas na segunda quinzena de fevereiro de 2023, quase dois anos depois, após a nomeação do sobrinho do mandatário do Estado para o cargo.

A prestação de contas do fundo especial do Ministério Público referente ao mesmo exercício financeiro, apesar do sistema de consulta de processos do TCE apontar para relatoria do conselheiro Marcelo Tavares, novo presidente da corte, também será julgada pelo sobrinho do governador.

Embora, à primeira vista, possa parecer escandalosa, a distribuição do caso foi feita de forma imediata para Daniel Brandão em razão dele haver assumido a vaga aberta no tribunal com a saída do conselheiro Edmar Serra Cutrim em janeiro, próximo de completar 75 anos, idade que a regra constitucional define para aposentadoria compulsória. Anteriormente, Cutrim era o relator.

Para apresentar o voto para apreciação dos demais membros do TCE, pelos trâmites legais, Daniel terá primeiro de aguardar a conclusão de análise preliminar e emissão do relatório de instrução pelos auditores de controle externo, além de parecer do Ministério Público que atua junto ao Tribunal de Contas. Terá ainda de abrir prazo para apresentação e análise da defesa, caso sejam apontadas irregularidades nas informações enviadas à corte.

Como mostrou o ATUAL7, durante esse intervalo, Daniel Brandão pode ser afastado e até mesmo perder o cargo, caso o Poder Judiciário maranhense confirme as suspeitas de que teria havido prática de nepotismo, direcionamento da vaga e descumprimento de requisitos obrigatórios para a investidura no cargo de conselheiro por ele.

Para que isso ocorra, porém, o órgão dominado por Eduardo Nicolau teria de destoar de manifestações sobre casos semelhantes anteriores, e opinar de forma desfavorável ao sobrinho do chefe do Palácio dos Leões. Nos dois últimos, por exemplo, o posicionamento da PGJ (Procuradoria-Geral de Justiça) garantiu a nomeação dos conselheiros Washington Oliveira e Marcelo Tavares na corte de Contas.

Desde que assumiu o controle do Ministério Público do Maranhão, apesar do risco de atravessar a linha que separa o cargo público da vida privada, e de colocar em xeque junto à opinião pública o próprio trabalho institucional e investigações conduzidas pelo órgão, Eduardo Nicolau tem se aproximado de maneira incomum de diversas autoridades públicas.

Em suas redes sociais, é frequente o compartilhamento de registros, inclusive em situações que deveriam provocar algum constrangimento ético, ao lado de pessoas investigadas e até de denunciadas pelo próprio MP estadual por problemas históricos relacionados à improbidade e corrupção. Em solenidades públicas, sempre se esforça para aparecer em fotos e vídeos ao lado de integrantes e associados da cúpula dos Poderes.

Amigo, segundo divulgado por ele próprio nas redes sociais, do governador Carlos Brandão, tio do novo conselheiro do TCE e relator de suas contas, o procurador-geral de Justiça está no comando do Ministério Público do Maranhão desde junho de 2020.

Ele foi escolhido para o posto inicialmente pelo então governador Flávio Dino (à época PCdoB, agora PSB), hoje senador licenciado e ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A unção, mostrou o ATUAL7, foi feita em desprezo à votação da lista tríplice do órgão, que terminou com o promotor de Justiça Márcio Thadeu Silva Marques como mais votado e Eduardo Nicolau, dono de contratos com o Governo do Maranhão, em segundo.

Em junho de 2022, após derrotar o promotor José Augusto Cutrim Gomes, único adversário na disputa, o procurador-geral de Justiça foi reconduzido para o segundo mandato no cargo com nomeação por Carlos Brandão.

Daniel Brandão, relator das contas de 2020 de Eduardo Nicolau no Ministério Público, é filho de José Henrique Barbosa Brandão, irmão do governador do Maranhão e ex-prefeito de Colinas, reduto eleitoral da nova oligarquia maranhense.

Nicolau aguarda explicação para decidir se investigará conduta irregular de Iracema
Política

Apesar de exoneração a pedido, ex-secretário do Gabinete da Presidência e chefe da Assembleia Legislativa ainda podem responder por possível dano ao erário. Há ainda suspeita de peculato e prevaricação

O procurador-geral de Justiça, Eduardo Nicolau, disse ao ATUAL7 que somente após explicação da presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, Iracema Vale (PSB), é que tomará a decisão de instaurar ou não processo investigatório para apurar a conduta da deputada na violação de lei que proíbe colocar pessoas ficha suja em cargo comissionado e função gratificada na Casa.

“Vou depender da resposta”, replicou sucinto, ao ser questionado sobre ofício enviado nessa quinta-feira (2) à Alema abrindo prazo de cinco dias para que a chefe do Legislativo estadual se explique a respeito na nomeação irregular do ex-prefeito de Urbano Santos, Aldenir Santana Neves, para alto cargo na Assembleia.

O envio do documento foi revelado pelo blog do Neto Ferreira, e mostra que o chefe do Ministério Público maranhense, em comportamento incomum, não fez referência alguma na demanda a procedimentos já anteriormente abertos no órgão para apurar o caso.

Um deles foi registrado na quarta-feira (1º) pelo ATUAL7, mas foi arquivado em ato relâmpago pelo chefe do Ministério Público, sem transparência sobre a motivação para a decisão. O outro, segundo movimentação no SIMP (Sistema Integrado do Ministério Público), tem como autor uma pessoa identificada como José Romiro Nascimento Marques, e foi enviada pelo gabinete do PGJ para a Assessoria Especial de Investigação.

Em ato assinado nos primeiros dias após assumir a presidência da Assembleia Legislativa, Iracema Vale ignorou a Lei 9.881, de 30 de julho de 2013, a chamada Lei da Ficha Limpa do Servidor Público, e nomeou Aldenir Santana para o cargo de secretário do Gabinete da Presidência da Casa.

Com diversas condenações em segunda instância na Justiça estadual e federal, inclusive um delas já transitada em julgado, ele é ficha suja, e só poderia voltar a ocupar cargo ou função pública comissionada ou gratificada a partir de junho de 2029, quando termina o prazo de vedação determinado pela legislação.

Ontem, em documento endereçado à Iracema, sem citar nomes nem entrar em detalhes, ele disse estar sendo alvo de “mentiras espalhadas por criminosos” que “fazem achaques, chantagens e todo tipo de condutas que não condizem com o bom jornalismo maranhense”, e pediu a exoneração do cargo.

“Sei da credibilidade dos 42 integrantes e de como a ética é norma fundamental desta Casa de Leis e, assim, confio de forma inabalável que esta Assembleia continuará com uma linha de comunicação ética, proba e responsável, sem participação desses achacadores, que tanto mal fazem para a sociedade e que tanto prejudicam a imensa maioria dos blogueiros maranhenses que bem informam a sociedade, privilegiando a liberdade de imprensa e o profissionalismo”, afirmou.

A exoneração foi confirmada pela Diretoria de Recursos Humanos da Casa, e publicada no Diário Eletrônico da Assembleia na final da noite dessa quinta.

Pela lei, apesar da exoneração a pedido, Aldenir Santana e Iracema Vale ainda podem ser enquadrados possível prática de improbidade administrativa.

Ocorre que ele permaneceu no cargo de secretário do Gabinete da Presidência durante todo o mês de fevereiro, inclusive com poderes de fiscal de contrato de prestação de serviços à Assembleia. Nesta semana, houve ainda o pagamento aos servidores da Casa, e Aldenir Santana teve também diversas diárias para Brasília (DF) empenhadas no período.

Em tese, houve dano ao erário e possível peculato.

Além disso, segundo a própria Lei da Ficha Limpa do Servidor Público, no ato de nomeação para o cargo, ele deveria informar à Casa sobre a inaptidão para o posto, por ser ficha suja.

Já Iracema Vale, que tomou conhecimento formal da irregularidade desde o início de fevereiro, quando foi questionada pelo ATUAL7, além de improbidade, pode responder ainda por prevaricação, por haver deixado de imediatamente exonerar o aliado político do algo cargo mesmo após tomar conhecimento da irregularidade na nomeação.

Neste último caso, como Iracema Vale tem prerrogativa de foro, a competência para abrir investigação sobre a suspeita de irregularidade funcional contra a Administração Pública pela presidente da Alema, consistente no possível retardamento indevido de ato de ofício, para efeito de satisfazer interesse ou sentimento pessoal, é do procurador-geral de Justiça Eduardo Nicolau.

Em eventual apuração, o chefe do Ministério Público poderia atrair para a ele próprio todos os demais casos, por conexão, pois também envolvem Iracema Vale e o mesmo tipo de ato possivelmente improbo.

Brandão diz que aguarda ser citado para dissolver acampamento bolsonarista em frente ao 24º BIS
Política

Determinação é do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Extremistas estão acampados há cerca de três meses em frente ao 24º Batalhão de Infantaria de Selva, em São Luís

O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), disse nesta segunda-feira (9) que aguarda ser citado para poder cumprir a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para que ocorra a “desocupação e dissolução total”, em até 24 horas, de acampamentos bolsonaristas montados em áreas militares de todo o país.

Em São Luís, extremistas que pregam contra as instituições e a favor de intervenção militar, o que é inconstitucional, estão acampados há cerca de três meses em frente ao 24ª Batalhão de Infantaria de Selva, no bairro João Paulo, em São Luís.

“Essa decisão do ministro, para desmontar os acampamentos, os governadores ainda vão ser citados. Na medida em que formos citados, aí vamos tomar as providências. Por enquanto, estamos aguardando a citação”, disse, sem entrar em detalhes sobre que tipo de ação pretende tomar.

A declaração foi dada por Brandão em resposta a questionamento feito pelo ATUAL7 durante coletiva de imprensa realizada no Palácio dos Leões, sede do Poder Executivo estadual.

Inicialmente, o governador havia falado genericamente que o serviço de inteligência da Segurança Pública do Maranhão estaria “monitorando” os extremistas acampados. Assim falou também o chefe do Ministério Público do Estado, procurador-geral de Justiça Eduardo Nicolau, de que o órgão precisa ser provocado para agir. Neste sentido, ressaltou ter disponibilizado o contato da Ouvidoria do MP-MA (98 99137-1298) para o recebimento de denúncias sobre atos criminosos e antidemocráticos como o ocorrido em Brasília (DF).

Apenas após fala dura do presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Paulo Velten, condenando os atos extremistas, de que “o momento não é mais de dourar pílulas”, é que Brandão respondeu, sem entrar em detalhes, que tomará as medidas necessárias para dissolver o acampamento bolsonarista montado em frente ao 24 ª BIS.

“Quero dizer, em nome do Poder Judiciário do Maranhão, que nós não teremos tolerância com esse tipo de comportamento. Vamos trabalhar com afinco, para termos a aplicação rigorosa da lei. Lugar de criminoso é na cadeia, respondendo processo penal e sendo, ao final, punido e preso, seja ele quem for”, disse Velten, obrigando Brandão a refazer a declaração inicial.

No domingo (8), golpistas invadiram e depredaram os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF.

Na decisão em que determinou a desmobilização dos acampamentos golpistas, Moraes mandou, ainda, que todos os participantes sejam presos em flagrante por diversos crimes.

A decisão ocorre dentro do inquérito dos atos antidemocráticos, no qual o ministro do Supremo é relator. Segundo ele, os bolsonaristas devem ser presos por “atos terroristas, inclusive preparatórios”; “associação criminosa”; “abolição violenta do Estado Democrático de Direito”; “golpe de Estado”; “ameaça”; “perseguição”; e “incitação ao crime”.

As operações para o fim dos acampamentos devem ser realizadas, ainda de acordo com a decisão de Moraes, pelas polícias militares dos estados e DF, com apoio da Força Nacional e da Polícia Federal se necessário, “devendo o governador do Estado e DF ser intimado para efetivar a decisão, sob pena de responsabilidade pessoal”.

Sem foro, Flávio Dino tem investigação da PGR sobre ferryboat remetida para MP do Maranhão
Política

Ex-governador é suspeito de peculato. Colocado no cargo pelo ex-mandatário e mantido por Carlos Brandão, procurador-geral de Justiça exonerou do CAOp Consumidor promotora que atua contra ilegalidades na concessão pública

Com a perda do foro especial, o ex-governador Flávio Dino (PSB) passou a ser alvo no Ministério Público do Maranhão de investigação que tramitava na PGR (Procuradora-Geral da República) contra ele sobre suposta fraude na licitação do serviço de ferryboat no estado.

O caso, autuado no âmbito local em maio, é o mesmo revelado pelo ATUAL7 no fim de junho, que apura a suspeita de peculato pelo ex-mandatário e que foi colocado sob sigilo após a reportagem ter tornado o fato de conhecimento público.

O declínio de atribuição foi subscrito pelo procurador da República Pedro Henrique de Oliveira Castelo Branco, em razão de Dino não ser mais o chefe do Executivo e dos recursos do procedimento licitatório suspeito, segundo levantamento preliminar, ser de origem estadual.

Dino deixou o comando do do Palácio dos Leões em abril último, para disputar uma vaga ao Senado. Ele foi substituído por Carlos Brandão (PSB), que deixou a condição de vice e agora disputa a reeleição ao cargo.

Apesar da evidente ausência de foro, até o início do mês passado, segundo apurou o ATUAL7, a investigação contra o ex-governador do Maranhão aguardava parecer da Assessoria Especial da PGJ (Procuradoria-Geral de Justiça) que definiria se a apuração seria de atribuição do chefe do MP estadual, Eduardo Nicolau, ou se o caso deveria ser encaminhado, à uma das promotorias de Justiça criminais da capital, e para qual, com competência para atuar na apuração.

Com o caso mantido sob sigilo absoluto, ainda não há informações sobre quem foi colocado à frete das investigações nem se alguma diligência já foi determinada, como a tomada o depoimento de Dino, por exemplo.

A apuração iniciada na PGR foi provocada por denúncia formulada pelo deputado estadual Wellington do Curso (PSC), principal nome da oposição ao Palácio dos Leões. O ATUAL7 entrou em contato por email com Dino, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem.

De acordo com o blog do Neto Ferreira, que revelou a tramitação da investigação no âmbito da PGR, o Ministério Público Federal chegou a realizar, sob coordenação da subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo, levantamento da qualificação, endereço, rastreamento societário, vínculos empregatícios e bens patrimoniais dos envolvidos no procedimento licitatório sob suspeita.

Suposta ligação entre os sócios de uma das empresas vencedoras da licitação suspeita e Carlos Brandão é evidenciado em um diagrama de vínculos elaborado no inquérito no âmbito federal, também sob sigilo. Procurado por email, o governador do Maranhão não retornou o contato.

Estimada, segundo o edital, em mais de R$ 1,5 bilhão, a licitação suspeita para concessão do serviço público de transporte aquaviário intermunicipal de passageiros, veículos e cargas por ferryboat foi vencida pelas empresas Celte Navegação e Internacional Marítima.

Os contratos foram assinados em dezembro do ano passado, em ato que contou com a presença do chefe do Ministério Público do Estado, Eduardo Nicolau, e da promotora de Justiça Lítia Cavalcanti, que atua na área de defesa do consumidor e que há mais de 10 anos trabalha pela melhoria na prestação dos serviços de travessia entre os terminais Ponta da Espera (São Luís) e Cujupe (Alcântara).

Apesar dos contratos de concessão, no início deste ano a MOB (Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos) autorizou, sem previsão legal, a empresa Navegação Confiança a operar no sistema, em caráter emergencial e precário.

A clandestinidade foi derrubada por Lítia Cavalcanti, que em ação conjunta com promotores e promotoras de Justiça que atuam na Baixada Maranhense, orientou a gestão estadual a revogar a portaria da MOB que havia permitido a ilegalidade.

No mês passado, a promotora convocou a imprensa para informar sobre investigações relacionadas ao ferryboat que tramitam na 2ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor de São Luís, e revelou que, após a rescisão do contrato ilegal com a Navegação Confiança pela MOB, passou a ser alvo de ameaças e perseguições no âmbito pessoal e funcional em razão da forte atuação contra, nas palavras dela própria, “pessoas que estão corroendo o dinheiro público”.

“É a certeza da impunidade”, disse durante a coletiva, ao discorrer sobre a balsa rebatizada de “José Humberto”, cujo decisão sobre estar ou não apta para navegação foi parar na Justiça Federal.

Anunciada nas redes sociais pelo governador Carlos Brandão como “nova” e “de alto padrão”, a embarcação foi adaptada às pressas para navegar como ferryboat na Baía de São Marcos. A circulação da balsa adaptada chegou a ser suspensa pela Justiça Federal devido problemas na documentação e nas condições estruturais da embarcação, como avaria de casco, meios de comunicação de segurança inexistentes, vazamento de óleo, dentre outras irregularidades consideradas graves pelo MPF.

“Isso é muito grave. Vocês não têm noção do tanto que estou sendo pressionada, ameaçada. E eu digo mais: são cifras milionárias, algo muito grande que envolve muitas pessoas. Não se trata de ferryboat, não se trata de população. Até a milhagem foi alterada, então a coisa está sem limite”, declarou a promotora durante a coletiva de imprensa, emendando haver um esquema “gestado na Dom Pedro II”.

A Dom Pedro II, citada por Lítia Cavalcanti, é o endereço da avenida no Centro de São Luís, e também de uma praça, onde fica localizado o Palácio dos Leões, edifício-sede do governo do Estado.

Por decisão do procurador-geral de Justiça Eduardo Nicolau, ela foi exonerada do cargo de coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Consumidor. Segundo publicou em uma rede social, também houve esvaziamento da promotoria em que atua. “Isto fora todo o resto que tenho passado e que não foi publicizado”, escreveu.

Pressionado pela repercussão negativa, que se somou à críticas feitas pela maioria da bancada federal do Maranhão, o chefe do Ministério Público do Estado emitiu nota onde discorre sobre assuntos não relacionados ao ferryboat e, ao final, diz ter exonerado Lítia Cavalcanti da coordenadoria do CAOp Consumidor porque a promotora, segundo ele, teria ferido seus brios. A revelação da atitude tomada em nível pessoal aponta que o procurador-geral de Justiça agiu em perseguição à representante do órgão que Nicolau comanda.

“Os frequentes e gratuitos ataques por ela desferidos contra o Procurador-Geral de Justiça resultaram na perda da confiança”, alegou, sem apontar que tipo e quais ataques teria sido alvo.

A AMPEM (Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão), entidade classista que congrega promotores, promotoras, procuradores e procuradoras de Justiça do âmbito estadual, disse ao ATUAL7 estar avaliando que providências tomar, dentro da sua finalidade estatutária, em relação às ameaças sofridas por Lítia Cavalcanti. “Serão divulgadas assim que forem efetivadas”, declarou.

Antes de abrir a licitação do ferryboat, o governo do Estado, ainda sob Flávio Dino, autorizou a intervenção no serviço que vinha sendo realizado pela empresa Servi-Porto. Essa intervenção voltou a ser prorrogada no início de junho deste ano pelo governador em exercício desembargador Paulo Velten. Presidente do Tribunal de Justiça, ele ocupou interinamente o cargo de chefe do Executivo no período em que Carlos Brandão estava internado em um hospital de elite em São Paulo, se recuperando de uma cirurgia para retirada de um cisto nos rins.

O chefe do Ministério Público maranhense, Eduardo Nicolau, foi alçado à função por escolha de Dino. A preferência foi recentemente mantida por Brandão, a quem fez questão de dizer em uma rede social que é amigo.

Criminosos planejaram matar Eduardo Nicolau, chefe do MP do Maranhão
Política

Envolvidos estariam armados com metralhadora. Todos estão presos. Segundo o procurador-geral de Justiça, caso ocorreu no ano passado

Quatro pessoas teriam tentado executar o chefe do Ministério Público do Maranhão, Eduardo Nicolau. Todos estão presos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, embora ainda não haja informação se já foram julgados e condenados.

A tentativa do assassinato ocorreu no ano passado, e foi revelada pelo próprio procurador-geral de Justiça nesta sexta-feira (29), durante sessão da cúpula do órgão, em que se decidia sobre pedido de remoção da promotora de Justiça Jerusa Capistrano Pinto Bandeira para a promotoria que atua no combate ao crime organizado.

Segundo Nicolau, o plano criminoso não foi concluído porque ele não estava no local em que os criminosos tentaram encontrá-lo. Um foto dele em sua residência teria ainda sido compartilhada por um dos criminosos com alguém que o conhecia, e que o alertou.

“Já estou com quatro na penitenciária, que tentaram me assassinar no ano passado. Se eu não tivesse saído para tomar vacina, uma hora dessa, com certeza, eu não era mais nem osso. Porque foram quatro dentro de uma Hilux, todos armados com metralhadora”, relatou.

“Eu devo a minha vida a Jefferson Portela [à época, secretário de Segurança Pública do Maranhão], porque um dos cidadãos mandou uma foto, sem querer, errada, para um cidadão, que conhecia outro cidadão, que me conhecia. E, dentro de 10 minutos, essa foto chegou. A foto de minha casa e eu, lindo, sentado no terraço. E dizendo: ‘Hoje ele não escapa’. E quando eu estava na fila para tomar vacina, Jefferson Portela me ligou, dizendo: ‘Não volte. Eu estou mandando vários policiais praí’. E pegaram os quatro, que eram da Liberdade [bairro periférico de São Luís] e tinham ido pra lá pra me fuzilar de qualquer maneira”, completou.

Apesar do ocorrido, Eduardo Nicolau garantiu que segue trabalhando com tranquilidade.

“O Ministério Público do Maranhão todo sabe que eu não tenho medo de bandido, e assino sozinho como procurador-geral [de Justiça] e continuarei a assinar, contra deputado, contra senador, contra governador, seja quem for. Errou tem de entrar, essa é a nossa função”, disse.

Eduardo Nicolau cria força-tarefa para investigar suspeita de fraude em concurso da Alema
Cotidiano

Apuração mira supostas falhas na fiscalização das provas, irregularidades na publicidade do certame, vazamento de gabarito preliminar, utilização ilegal de celulares, corrupção da entidade executora do concurso, além de provas e embalagens sem lacre

Por iniciativa do chefe da PGJ (Procuradoria-Geral de Justiça), Eduardo Nicolau, o Ministério Público do Maranhão implantou uma espécie de força-tarefa de promotores da investigar a suspeita de fraude em concurso da Assembleia Legislativa do Estado.

Segundo afirma o órgão, os promotores João Leonardo Sousa Pires Leal e Adélia Maria Souza Rodrigues Martins foram designados para atuar conjuntamente com o promotor Marcos Valentim Pinheiro Paixão na apuração.

Todos respondem pela Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa.

A investigação foi aberta no dia 26 de maio –mais de duas semanas antes do deputado estadual Yglésio Moysés (PSB) denunciar o caso nas redes sociais– como notícia de fato, termo usado internamente para registrar assuntos levados ao conhecimento do Ministério Público e que, após análise preliminar do órgão, podem motivar apuração mais aprofundada, com a realização de diligências.

O parlamentar foi oficiado nesta sexta-feira (17) para que, dentro de suas prerrogativas, indique local, dia e hora para prestar esclarecimentos sobre o que sabe a respeito da suposta fraude no certame.

Na última quarta-feira (15), sem citar nomes nem entrar em detalhes, ele afirmou durante discurso que recebeu proposta de dinheiro para silenciar sobre o caso.

“Ontem tiveram amigos que me disseram: ‘Rapaz, tu não vai (sic) mudar o mundo’. Me ofereceram ontem R$ 200 mil, de maneira indireta, para ficar calado hoje”, relatou.

O presidente do Legislativo maranhense, deputado Othelino Neto (PCdoB), também se manifestou na sessão plenária, e encaminhou ofício ao Ministério Público, solicitando apuração da suspeita de fraude.

Segundo o órgão ministerial, desde o mês passado, foram registradas da Ouvidoria diversas denúncias de candidatos ao concurso da Alema narrando falhas na fiscalização das provas, irregularidades na publicidade do certame, vazamento de gabarito preliminar, utilização ilegal de celulares, suposta corrupção da entidade executora do concurso, além de provas e embalagens sem lacre.

A instituição responsável pela aplicação das provas foi o Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro, a Fundação Ceperj.

O MP-MA diz que Gabriel Lopes, que responde como presidente da Fundação Ceperj, já foi oficiado pelo órgão menos duas vezes, para que apresente esclarecimentos a respeito do caso.

A mesma solicitação foi feita ao presidente da comissão de acompanhamento do concurso da Assembleia Legislativa, Eduardo Pinheiro Ribeiro.

Também foi emitida recomendação a Ribeiro para que os resultados de todas as fases do certame sejam divulgados com os nomes de todos os candidatos aprovados, com respectivas notas. Segundo a força-tarefa do MP-MA, a publicação deverá ser feita em listas separadas, diferenciando os candidatos às vagas de ampla concorrência e as reservadas aos negros e pessoas com deficiência.

“A lista de aprovados sem a indicação dos nomes dos candidatos, referenciando apenas o número de inscrição de cada um, afronta o princípio da publicidade, vez que impossibilita a verificação, pelos interessados, da observância à ordem de classificação quando da convocação, essencial para a manutenção da idoneidade do concurso público”, destacaram os promotores de Justiça, sobre a falta de transparência dada pela Alema ao concurso.

A Fundação Ceperj divulgou nota em que diz que o certame “vem sendo conduzido com a máxima transparência e lisura”.

“A Ceperj está acompanhando minuciosamente o processo, se colocando disponível para qualquer esclarecimento necessário, assim como já vem fazendo até o momento. Caso as irregularidades apontadas sejam confirmadas, todas as providências legais serão tomadas”, garante.

“É importante esclarecer que o concurso ainda está em sua fase intermediária e foram publicados até o momento, os resultados das provas objetivas, contra os quais ainda cabem recursos. Posteriormente, ainda será analisada a prova discursiva, havendo ainda a fase de avaliação de títulos e a aplicação de prova prática para a especialidade de Tradutor e Intérprete de Libras”, completa.

O concurso foi realizado no dia 1º de maio de 2022, em São Luís. Quase 30 mil pessoas se inscreveram para concorrer a 66 vagas dos cargos de consultor legislativo (2), técnico de gestão administrativa (53) e assistente legislativo (11). Os salários iniciais são, respectivamente, de R$ 14.178,80, R$ 7.249,59 e R$ 3.320,00 para uma jornada de trabalho de 30 horas semanais.

Por 264 votos a 115, Eduardo Nicolau é o mais votado para PGJ do Maranhão
Política

Atual chefe do Ministério Público foi o segundo colocado na eleição anterior, mas nomeado pelo ex-governador Flávio Dino

O atual procurador-geral de Justiça do Maranhão, Eduardo Nicolau, foi o primeiro colocado na eleição interna que definiu a lista para o governador Carlos Brandão (PSB) escolher quem vai comandar o Ministério Público do Estado pelo biênio 2022-2024.

De acordo com o resultado da eleição realizada nesta segunda-feira (23), ele obteve 264 votos totais, contra 115 do promotor de Justiça Augusto Cutrim. Em votos únicos, o resultado foi 200 contra 51, segundo a assessoria do órgão.

Nicolau, mostrou o ATUAL7, é próximo de Brandão, com quem conversou recentemente sobre a eleição para o comando do órgão, em diálogo de cunho pessoal.

Com a proclamação do resultado, o mandatário Estadual tem 15 dias para nomear o chefe do MP-MA para o próximo biênio.

Diferentemente do que acontece na PGR (Procuradoria-Geral da República), cujo chefe pode ser qualquer membro do Ministério Público Federal escolhido pelo presidente, a Constituição maranhense determina que o governador escolha entre os mais votados quem comandará a PGJ, pelos próximos dois anos. Contudo, não é obrigatório respeitar a ordem da votação e escolher o primeiro colocado.

O ex-governador Flávio Dino (PSB), por exemplo, optou pelo segundo mais votado duas vezes.

A primeira quando escolheu para a PGJ o promotor Luiz Gonzaga, para o biênio 2016-2018 –reconduzido para mais dois anos, após concorrer como candidato único. A segunda foi exatamente quando ungiu Eduardo Nicolau para o cargo, em 2020.

Institucionalmente, o procurador-geral de Justiça é o membro do Ministério Público do Estado que representa a instituição nas instâncias judiciais e extrajudiciais. É atribuição do cargo investigar crimes atribuídos a deputados estaduais, juízes, promotores, prefeitos, secretários estaduais e vice-governador. Também é de responsabilidade do PGJ a proposição de ações civis públicas contra o governador.

Augusto Cutrim vai disputar chefia do MP-MA contra Eduardo Nicolau
Política

Escolha para comando da Procuradoria-Geral de Justiça pelo biênio 2022-2024 será feita por Carlos Brandão, após votação interna do órgão

O promotor de Justiça Augusto Cutrim vai disputar o comando do Ministério Público do Maranhão pelo biênio 2022-2024 contra o atual procurador-geral de Justiça, Eduardo Nicolau.

Apenas os dois se candidataram para a formação da lista tríplice que será levada a Carlos Brandão (PSB), que já estará na condição de mandatário do Estado, com o resultado da eleição interna do órgão marcada para acontecer no dia 23 de maio.

Diferentemente do que acontece na PGR (Procuradoria-Geral da República), cujo chefe pode ser qualquer membro do Ministério Público Federal escolhido pelo presidente, a Constituição maranhense determina que o governador escolha entre os mais votados quem comandará a PGJ (Procuradoria-Geral de Justiça), órgão máximo do Ministério Público, pelos próximos dois anos. Contudo, não é obrigatório respeitar a ordem da votação e escolher o primeiro colocado.

Flávio Dino (PSB), mandatário do Maranhão até o próximo dia 2 de abril, por exemplo, optou pelo segundo mais votado duas vezes, quando escolheu para a PGJ o promotor Luiz Gonzaga, para o biênio 2016-2018 –reconduzido para mais dois anos, após concorrer como candidato único, apesar de enfrentar rejeição interna–, e o atual chefe do órgão, Eduardo Nicolau, em 2020.

O procurador-geral de Justiça é o membro do Ministério Público do Estado que representa a instituição nas instâncias judiciais e extrajudiciais. É atribuição do cargo investigar crimes atribuídos a deputados estaduais, juízes, promotores, prefeitos, secretários estaduais e vice-governador. Também é de responsabilidade do PGJ a proposição de ações civis públicas contra o governador.

Entre as investigações sensíveis em curso no gabinete da assessoria especial do atual procurador-geral está a apuração sobre suspeitas de irregularidades no processo de aquisição de revistas pelo governo durante a pandemia da Covid-19 por mais de meio milhão de reais, que pode atingir o secretário Felipe Camarão (Educação), que se filiou ao PT para disputar uma cadeira na Câmara Federal, mas está sendo empurrado por seu padrinho político para ocupar a vaga de vice na chapa que será encabeçada por Carlos Brandão.

Em publicação nas redes sociais Instagram e Facebook no início desta semana, Augusto Cutrim –que foi o mais votado na eleição em que Dino optou por escolher o segundo colocado Gonzaga– divulgou uma carta sobre o lançamento da candidatura à chefia da Procuradoria-Geral de Justiça. No documento, garante que, se chegar ao comando do órgão, continuará se empenhando e priorizando a luta pela defesa de um Ministério Público respeitado, independente, forte e com impacto efetivo na coletividade de suas ações.

“Combaterei, rigorosamente, ataques e qualquer atitude que procurem limitar a atuação do Ministério Público, cause constrangimento ou intimidação a seus membros. Nossa linha de atuação será norteada pelo pleno diálogo, respeito, independência e harmonia com os demais poderes”, escreveu.

Já Eduardo Nicolau, que tenta a recondução ao cargo, também usou uma rede social, o Instagram, na semana passada, mas para fazer uma publicação em que se coloca como próximo de Carlos Brandão, que é pré-candidato à reeleição ao governo do Maranhão e justamente o responsável pela escolha no PGJ pelos próximos dois anos.

“Eu e o meu amigo Dr. Brandão, nosso futuro Governador (sic!)”, publicou no Instagram com foto em que ambos aparecem dando as mãos em sinal de parceria.

A Lei Orgânica Nacional do Ministério Público veda aos promotores que exerçam “atividade político-partidária”.

Em 2016, o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) expediu recomendação de caráter geral que trata da relação entre liberdade de expressão e cumprimento dos deveres funcionais dos membros do MP, deixando expresso ser proibida “a participação de membro do Ministério Público em situações que possam ensejar claramente a demonstração de apoio público a candidato ou que deixe evidenciado, mesmo que de maneira informal, a vinculação a determinado partido político”.

A legislação, contudo, não deixa expressa sanções para a prática. A análise cabe à Corregedoria Nacional e às corregedorias das unidades do MP, que têm o poder de advertir, censurar, suspender, demitir e cassar a aposentadoria dos membros do Ministério Público “em caso de negligência no exercício das funções”.

Após insistência do ATUAL7 para que se posicionasse sobre a publicação na rede social, Eduardo Nicolau respondeu que não estava promovendo eleitoralmente Carlos Brandão, mas apenas ressaltando que o vice-governador vai assumir o cargo no próximo mês. A explicação do procurado-geral de Justiça, contudo, beirou cunho político.

“Quer vocês queiram ou não, ele será governador”, disse, irritado.

Questionado se tratou com Brandão sobre a recondução ao cargo de chefe do Ministério Público, Nicolau desconversou, e garantiu que o encontro “foi uma agenda institucional”.

Minutos depois, contudo, diante da insistência para que informasse qual assunto institucional foi conversado com Carlos Brandão, Eduardo Nicolau se desmentiu, e declinou que o encontro foi exatamente para tratar sobre a eleição para o comando da Procuradoria-Geral de Justiça.

“Não foi institucional. Foi pessoal. Eu tenho direito, como qualquer um, qualquer cidadão. Fui falar para ele que sou candidato novamente”, disse, se despedindo e desligando o telefone abruptamente quando ainda estava sendo indagado pelo ATUAL7.

Eduardo Nicolau, da PGJ-MA, arquiva pedido de investigação de Dino contra Wellington
Política

Deputado chamou governador de ‘impostor’ e de ‘mentiroso’ em publicação sobre aumento dos preços dos combustíveis no Maranhão. Chefe do Ministério Público não viu indício de crime e destacou imunidade parlamentar do tucano

O procurador-geral de Justiça Eduardo Nicolau determinou o arquivamento de uma representação ofertada pelo governador Flávio Dino (PSB) para que o deputado estadual Wellington do Curso (PSDB) fosse investigado por injúria.

Em manifestação no último dia 10, o chefe do Ministério Público maranhense acolheu integralmente parecer da assessoria de investigação do órgão, que não viu indício de crime e destacou a imunidade parlamentar do tucano.

“Ainda que se considerasse que as declarações impliquem ofensa à dignidade do noticiante, o prosseguimento das investigações esbarra no instituto da imunidade parlamentar”, escreveu o homem forte de Nicolau no MP-MA, o promotor de Justiça Danilo Castro Ferreira, que assina a sugestão de arquivamento acolhida com seu inteiro fundamento pelo procurador-geral de Justiça.

A defesa de Wellington do Curso, responsável por levar a PGJ ao entendimento final do caso, foi feita pelo advogado Alex Ferreira Borralho.

Dino representou o principal oposicionista à sua gestão após o parlamentar haver publicado na rede social Instagram imagem em que mandatário aparece em meio a bolos de dinheiro e afirmando que ele teria “enganado a população maranhense” no que se refere à responsabilidade pelo aumento dos preços da gasolina no estado.

Na publicação, Wellington chamou o chefe do Executivo de “impostor” e de “mentiroso”, o que teria, segundo alegou Dino, ferido a sua honra subjetiva.

“Governo do Maranhão arrecadou R$ 1,8 bilhão com ICMS dos combustíveis”, diz trecho da publicação, que ao final busca a opinião dos seguidores a respeito do assunto.

Procuradoria-Geral de Justiça do MA pretende gastar até R$ 8,3 milhões com picapes zero quilômetro em 2022
Política

Apesar de origem de custeio com eventual dispêndio ser os cofres públicos, órgão máximo do Ministério Público não detalha justificativa no edital

A PGJ (Procuradoria-Geral de Justiça) do Maranhão, órgão máximo do Ministério Público do Estado, estima gastar até R$ 8,3 milhões em 2022 na aquisição de veículos automotores novos, do tipo picape, zero quilômetro.

A licitação para registro de preços está prevista para ser realizada na manhã desta quinta-feira (30), antevéspera de Ano Novo, por pregão eletrônico.

O edital diz que a seleção da proposta será do tipo menor preço, e a eventual aquisição, conforme disponibilidade orçamentária, pode chegar a até 30 picapes completaças zeradas, ao custo de R$ 277 mil, cada.

Todos os veículos devem possuir, dentre outros itens, ar-condicionado instalado de fábrica, cabine dupla com quatro portas laterais, cd player, câmbio automático, pintura original de fábrica na cor preta, travas e vidros elétricos nas quatro portas, faróis de neblina e alarme com controle remoto. A especificação do ano e modelo de fabricação a ser atendida é 2021/2022.

Comandada pelo procurador Eduardo Nicolau, sem apresentar maiores detalhes apesar da origem de custeio com o eventual dispêndio ser os cofres públicos, a PGJ-MA alega que a contratação é necessária para a substituição dos veículos que atendem algumas das Promotorias de Justiça do interior maranhense e em decorrência das crescentes demandas de viagens do órgão, “cujas atribuições necessitam utilizar veículos automotores tipo Pick Up”.

“As condições precárias e perigos constantes das estradas, bem como a distância dos municípios dificultam o deslocamento em veículos de pequeno porte. Ademais, muitas das viagens solicitadas são para áreas rurais de difícil acesso e com estradas arenosas, inviabilizam a realização das atividades em veículos que não possuem tração 4x4 de forma a dar maior apoio logístico e auxiliar no cumprimento da missão institucional”, justifica.

Eduardo Nicolau condecora Othelino Neto com medalha Celso Magalhães, maior honraria do MP-MA
Política

Comenda é concedida a personalidade de comprovada idoneidade moral e reconhecido merecimento. Presidente da Alema é autor de projeto de lei que beneficia profissionais de saúde que atuam no combate à Covid-19

O procurador-geral de Justiça do Maranhão, Eduardo Nicolau, condecorou o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Othelino Neto (PCdoB), com a medalha Celso Magalhães, maior honraria concedida pelo Ministério Público maranhense.

A comenda foi aprovada pelo colégio de procuradores de Justiça do MP-MA em novembro, por unanimidade. A cerimônia de entrega ocorrerá na tarde desta quinta-feira (9), no auditório da PGJ (Procuradoria Geral de Justiça), em sessão solene que será realizada de forma presencial e por videoconferência.

Segundo a proposta de Nicolau, a homenagem a Othelino se dá em “em reconhecimento à sua atuação na elaboração do Projeto de Lei 125/2020 que traz benefícios aos profissionais da área de saúde que atuam no combate à Covid-19”.

Sancionada pelo governador Flávio Dino (PSB) em junho do ano passado, a norma prevê que o tempo de serviço prestado diretamente no enfrentamento à pandemia em hospitais públicos das redes municipal, estadual ou federal e, também, nos hospitais privados, durante o tempo de vigência do estado de calamidade, serão contados como título em concursos públicos.

A medalha do mérito Celso Magalhães foi criada em 1985, sendo destinada a membros da magistratura e personalidade de comprovada idoneidade moral e reconhecido merecimento, avaliado pela prática de atos ou serviços relevantes em favor do Ministério Público do Maranhão.

Eduardo Nicolau defende no Tribunal de Justiça norma que beneficiou Marcelo Tavares para o TCE
Política

Procurador-geral de Justiça opinou pela constitucionalidade de decreto que permite que apenas candidatos apoiados por grupo dominante na Assembleia Legislativa se habilitem para corte de Contas maranhense

O procurador-geral de Justiça, Eduardo Nicolau, defendeu norma criada pela Assembleia Legislativa do Maranhão no século passado para permitir que apenas candidatos apoiados por grupo dominante na Casa se habilitem para concorrer ao cargo de conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado).

Em parecer enviado ao Tribunal de Justiça maranhense na terça-feira (30), Nicolau disse que não identificou inconstitucionalidade no dispositivo que impõe aos postulantes à cúpula da corte de Contas a comprovação de apoio de pelo menos um terço dos 42 deputados do Poder Legislativo estadual.

Não ultrapassada essa barreira, sequer é aceita a inscrição do candidato à vaga, mesmo se plenamente preenchidos todos os únicos critérios estabelecidos pelas Carta Magna de 88 e Constituição do Estado para ocupação do cargo, como idoneidade moral, reputação ilibada e notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública.

Na visão do procurador-geral, “não há qualquer inconstitucionalidade no Decreto Legislativo nº 151/1990 da Assembleia Legislativa do Maranhão, uma vez que não contrariou as regras constitucionais insculpidas no art. 73, § 1º, da Constituição Federal e no art. 52, § 1º, da Constituição Estadual”.

“Por fim, deve-se salientar que o procedimento de escolha do Conselheiro do Tribunal de Contas constitui matéria interna corporis do Poder Legislativo Estadual, estando, portanto, excluída de apreciação por parte do Poder Judiciário a questão tratada neste mandamus”, completou.

Agora, cabe ao desembargador Joaquim Figueiredo, relator do mandado de segurança protocolado no TJ-MA pelo advogado Márcio dos Santos Rabelo, levar o caso ao plenário para decisão do mérito. Na atuação inicial, o magistrado negou liminar contra a norma.

Como mostrou o ATUAL7, Rabelo acionou o Poder Judiciário maranhense em setembro, pedindo o reconhecimento da inconstitucionalidade e da ilegalidade do decreto da Assembleia Legislativa, bem como todos os seus atos consecutivos, utilizados pela Casa para indicar apenas o nome de Marcelo Tavares para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas na vaga aberta com a aposentadoria de Raimundo Nonato Lago, ex-presidente da corte.

Além de colega de Parlamento, Tavares era ainda secretário-chefe da Casa Civil do governo Flávio Dino (PSB) e apoiado pelo deputado Othelino Neto (PCdoB), presidente da Alema, o que facilitou o colhimento de assinatura de todos os integrantes do Palácio Manuel Beckman e o alçou a candidato único ao cargo.

A superintendente da CGU (Controladoria Regional da União) no Maranhão, Leylane Maria da Silva, também teve a inscrição indeferida com base no mesmo decreto questionado. Estudou também judicializar a vaga, mas ao final recuou na pretensão de, nas palavras dela quando ainda indignada, “romper o status quo”.

Tanto o processo de indicação quanto a posse de Marcelo Tavares ocorreram de forma relâmpago. Ao ATUAL7, ele negou que tenha sido beneficiado com manobra para o cargo vitalício.

“Em primeiro lugar, a Constituição não pode ter tudo. Senão, se nós fôssemos colocar até a regra, digamos assim, da vida em condomínio na Constituição, ela teria umas 300 mil páginas. Então, isso é uma coisa que a legislação brasileira ela adota. Por isso que nós temos Parlamentos, de várias esferas, cada um na sua competência. A Constituição é a lei maior do pais, a lei principal, ela não chega a esses detalhes. Portanto, essa norma é de 1990, ou seja, há 31 anos. Nunca foi feita para ser manobra a favor de ninguém. Todos foram escolhidos através dessa regra”, defendeu.

Eduardo Nicolau visita Câmara de São Luís em meio à devassa do Ministério Público em folha de pagamento da Casa
Política

Inquérito apura possíveis irregularidades na composição do quadro de servidores do Palácio Pedro Neiva de Santana e de seus respectivos salários

O chefe da PGJ (Procuradoria-Geral de Justiça), Eduardo Nicolau, esteve nessa quarta-feira (1º) na Câmara Municipal de São Luís, segundo assessoria do Ministério Público do Maranhão, com objetivo de agradecer o apoio da Casa ao projeto das Promotorias de Justiça Distritais.

A visita ocorre em meio à devassa do órgão de fiscalização na folha de pagamento do Poder Legislativo municipal.

Instaurado há pouco mais de um mês, um inquérito civil apura possíveis irregularidades no Portal da Transparência mantido pela Câmara de São Luís em relação às informações dos cargos que compõem o quadro de servidores do Palácio Pedro Neiva de Santana e de seus respectivos salários.

A investigação está sendo conduzida no âmbito da 31ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa, sob responsabilidade do promotor Zanony Passos Silva Filho.

No bojo da apuração, em agosto, o Ministério Público solicitou à Diretoria de Recursos Humanos da CMSL planilha detalhada com número total de servidores na Casa (quantitativo total), especificando a natureza do vínculo junto ao cargo (quantitativo específico), emprego (quantitativo específico) ou função (quantitativo específico) públicas.

Por determinação do vereador Osmar Filho (PDT), que preside a Câmara de São Luís, o procurador-geral daquele Poder, Vitor Eduardo Marques Cardoso, esteve recentemente naquela promotoria especializada em busca de informações a respeito do inquérito.

Além da devassa na folha de pagamento da Câmara, vem mostrando o ATUAL7, por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas), o Ministério Público avança em investigações sobre suposto desvio de emendas parlamentares, por meio de suposta organização criminosa especializada na prática de crimes de subtração de recursos públicos, falsidade documental e corrupção ativa e passiva.

As apurações do Gaeco resultam da primeira fase da Operação Faz de Conta, deflagrada em novembro de 2019. Recentemente, a 1ª Vara Criminal de São Luís decidiu tornar réus e abrir ação penal contra 14 pessoas envolvidas no suposto esquema, entre elas Rommeo Pinheiro Amin Castro (PCdoB), ex-secretário municipal de Esportes e Lazer, e Antônio Isaías Pereira Filho, mais conhecido como Pereirinha (PSL), ex-vereador da capital.

MP do Maranhão se recusa a revelar documentos de investigação já arquivada sobre respiradores fantasmas
Política

Braço direito de Eduardo Nicolau usou argumento que viola Lei de Acesso à Informação para não fornecer documentação

O Ministério Público do Maranhão se recusou a divulgar cópia de inquérito civil já arquivado pelo órgão sobre a compra de respiradores fantasmas pelo governo Flávio Dino (PSB) para pacientes em tratamento contra Covid-19 internados nas unidades da rede pública estadual de saúde.

O acesso à documentação foi pedido pelo ATUAL7 pela LAI (Lei de Acesso à Informação), mas indeferido pelo promotor de Justiça Danilo José de Castro Ferreira, da Assessoria de Investigação de ilícitos praticados por agentes políticos detentores de foro.

A apuração tramitou no setor, braço direito da PGJ (Procuradoria-Geral de Justiça), em razão da investigação ter como alvo principal o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula. Durante toda a investigação, conforme frisado no pedido de acesso, em nenhum momento os autos foram colocados sob sigilo, tendo tramitado e permanecendo até o momento da publicação desta matéria com a movimentação processual aberta no Sistema Integrado do Ministério Público, o SIMP.

Um recurso foi apresentado pelo ATUAL7 ao chefe máximo do MP maranhense, o procurador-geral de Justiça Eduardo Nicolau, que pode determinar o acesso à informação ou manter a negativa, desde que por decisão devidamente fundamentada.

Para negar o acesso, o promotor da Assessoria de Investigação da PGJ do Maranhão alegou que este requerente “não figura como parte interessada, bem como não explicou a finalidade na obtenção da documentação, assim, portanto, não possuindo interesse a justificar a obtenção dos autos”.

Segundo a Constituição Federal, bem como a doutrina seguida pelos regimentos de Conselhos Superiores do Ministério Público e a própria Lei de Acesso à Informação, porém, a regra geral num Estado Republicano é a da total transparência no acesso a documentos públicos, sendo o sigilo, isto é, a restrição ao acesso, a exceção. Como o inquérito civil já está arquivado, já que não há mais investigação, a documentação solicitada deveria ter sido fornecida pelo órgão ministerial.

Ainda conforme a LAI, no caso em questão, havendo informações sigilosas/pessoais na documentação, bastaria ocultar esses trechos dos dados e enviar o conteúdo restante.

Diferentemente da argumentação utilizada pelo promotor Danilo Ferreira para negar os documentos, a Lei de Acesso à Informação garante também ao cidadão que não haja obrigação de explicar ao poder público porque a informação está sendo solicitada –obter informação pública é um direito do cidadão, e nenhum órgão pode exigir justificativa.

O arquivamento do caso no âmbito do MP maranhense, sugerido pelo promotor Danilo Ferreira e acolhido pelo PGJ Eduardo Nicolau, segundo a movimentação processual, ocorreu em março deste ano, sob argumentação de “Ausência de Materialidade/Autoria”.

Apesar da singularidade, nenhum dos autores da demanda, os deputados oposicionistas Adriano Sarney (PV), César Pires (PV) e Wellington do Curso (PSDB) recorreu da decisão.

Conforme vem mostrando o ATUAL7 desde o ano passado, os mesmos fatos arquivados pelo Ministério Público são alvo de investigação no âmbito do TCE (Tribunal de Contas do Estado), que apontou e confirmou em relatórios de instrução indícios de irregularidades na aquisição dos aparelhos, inclusive superfaturamento, além de falta de transparência no dispêndio, ocultado do Portal da Transparência do Governo do Maranhão e não informado à própria corte.

Segundo levantamento feito pelo setor técnico do tribunal, foram ao menos duas negociações do governo Dino envolvendo os respiradores fantasmas.

No primeiro negócio, de R$ 4,9 milhões por 30 respiradores, o dinheiro foi integralmente pago à HempCare Pharma Representações Ltda, e nunca devolvido aos cofres públicos. Já na segunda operação, de R$ 4,3 milhões por 40 aparelhos, houve devolução de parte do recurso desembolsado, mas com prejuízo de quase R$ 494 mil aos cofres do Maranhão, decorrente de variação cambial, já que a compra junto à empresa Pulsar Development Internacional Ltda foi efetivada em Euro.