Antônio Pedrosa
PCM se divide e ameaça iniciar matança em Pedrinhas por controle do CDP
Maranhão

Dissidentes da facção criminosa criaram o CCO, Comando da Cidade Olímpica, que disputa ainda o controle pelo tráfico de drogas na maior ocupação urbana da América Latina

Inspirada e, posteriormente, ramificada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, a facção criminosa Primeiro Comando do Maranhão (PCM), que controla todo o Centro de Detenção Provisória (CDP) do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, maior presídio maranhense e um dos mais violentos do país, ameaça iniciar rebelião e matança na unidade, caso o diretor do CDP, Rubens Ferreira Alves, não aceite pedido feito pelos criminosos no final do ano passado.

De acordo com relato de monitores ao Atual7, o pedido consiste na transferência imediata de presos dissentes do PCM, que formaram uma nova facção criminosa dentro de Pedrinhas, criada oficialmente no dia 31 de dezembro de 2015, o CCO, Comando da Cidade Olímpica, que disputa agora com os ex-comparsas o controle pelo tráfico de drogas em bairro carente homônimo em São Luís, a Cidade Olímpica, considerada a maior ocupação urbana da América Latina.

Como os membros da CCO estão recolhidos no Pavilhão Gama do CDP desde o dia do desmembramento, embora ocupem e controlem os outros três pavilhões: Delta, Alfa e Beta, os membros do PCM não aceitam a presença dos dissidentes na mesma unidade, que se tornaram agora facção rival, e por isso prometem "quebrar a cadeia" – termo utilizado pelos presidiários e policiais para se referir a ocorrência de rebelião e mortes dentro das unidades prisionais.

O alerta foi feito por um dos líderes do PCM ao próprio "Rubão", como é chamado o diretor da unidade prisional pelos detentos, e ainda ao chefe de disciplina, Valter Serra. Ambos, inclusive, já teriam presenciado ameaças mútuas feitas por membros das duas facções durante o banho de sol.

Por conta desse acirramento entre o PCM e o CCO, inclusive, desde o início de 2016, homens do Grupo de Escolta e Operações Penitenciárias (GEOP) são deslocados diariamente para o Centro de Detenção Provisória de Pedrinhas para fazer a guarda da unidade durante a noite e a madrugada, e, algumas vezes, no decorrer da semana, durante a manhã e tarde.

CCO

Segundo o advogado Antônio Luis Pedrosa, ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Seccional maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a nova facção criminosa do Maranhão teria nascido após a exclusão de uma liderança do PCM, que seria "muito centralizado" e que "julga seus associados" num "tribunal do crime". Desligada da facção, essa liderança teria sido acompanhada por seus seguidores.

"É uma dissidência do PCM. O PCM é muito centralizado, ele julga seus associados. Uma liderança foi excluída e seus seguidores foram juntos. Eles [o PCM] têm o tribunal do crime, que julga os indisciplinados", revelou Pedrosa.

"Segurança particular"

Foram parte desses seguidores dessa liderança excluída do PCM, inclusive, que teriam arrombado e roubado objetos da creche-escola anexo da Unidade de Educação Básica (UEB) Barjonas Lobão, localizada no bairro Jardim América, no domingo 22.

Como além do PCM – e agora do CCO – o controle pelo tráfico de drogas na localidade é disputado ainda por uma outra facção, a Bonde dos 40, membros dessa facção rival chegaram a realizar uma visita à direção da unidade, na segunda-feira 23, para acertar um valor mensal em troca de "segurança particular". Responsável pelo rede municipal pública de ensino, o secretário Geraldo Castro Sobrinho declarou à direção da creche-escola que nada poderia fazer, e mandou fechar a unidade, deixando quase 400 crianças sem aula.

Embora Geraldo Castro tenha ficado calado ao ser questionado pela reportagem sobre o ocorrido, o arrombamento pelos dissidentes do PCM e a oferta de "vigilância 24 horas" por membros do Bonde dos 40 foi confirmado ao Atual7 pelo Tenente-Coronel Aritanã Lisboa do Rosário, comandante do 6º BPM, e responsável pelo Comando de Policiamento de Área Metropolitano II (CPAM 2), que cobre a área da Cidade Olímpica, Jardim América e bairros adjacentes. Ele afirmou que uma equipe de inteligência está "acompanhando e fazendo o levantamento do caso para encontrar uma solução mais rápida possível".

Rendição do governo Flávio Dino a criminosos de Pedrinhas repercute nacionalmente
Política

Governador do Maranhão havia prometido em janeiro do ano passado que o estado deixaria de ser envergonhado pela imprensa nacional

O governador Flávio Dino (PCdoB) dificilmente cumprirá uma de suas primeiras promessas feitas quando já empossado no cargo, no dia 1º de janeiro do ano passado, de que o Maranhão deixaria de ser palco de vergonha para a imprensa nacional.

Ontem 12, após denúncia do presidente do Conselho Diretor da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Wagner Cabral, de que "para manter a paz (nos presídios maranhenses) o governo se rendeu à lógica dos criminosos", dada após um posicionamento do também membro da SMDH, o advogado Luís Antônio Pedrosa, diversos veículos de comunicação repercutiram a revelação, originalmente publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Sob o título de "Governo do Maranhão se rendeu a criminosos, diz organização", os sites UOL, Estado de Minas, R7, Diário de Pernambuco, Isto É, Folha Vitória, Correio da Amazônia, BOL, MSN e Isto É Dinheiro deram destaque para a denúncia, só rebatida em nota oficial pelo Governo do Maranhão no início da noite.

Antes do lançamento da nota, o próprio Flávio Dino e o secretário de Assuntos Políticos e Federativos, Márcio Jerry Barroso, tentaram abafar as denúncias de controle das facções sobre o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, porém por meio de achaque, pelo Twitter, aos membros da SMDH e ao ex-secretário de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão, delegado Sebastião Uchôa.

Usuários que seguem a dupla comunista no microblogging não aprovaram a estratégia e repudiaram a falta de decoro de ambos.

Flávio Dino e Márcio Jerry achacam Antônio Pedrosa, Wagner Cabral e Sebastião Uchôa
Política

Acusações sem fundamento contra as autoridades foram iniciadas após reportagem em O Estado de S. Paulo revelar que o governo comunista teria se rendido à lógica dos criminosos de Pedrinhas

O governador Flávio Dino e o secretário de Assuntos Políticos e Federativos, Márcio Jerry Barroso, ambos do PCdoB, utilizam o Twitter desde o início da tarde desta terça-feira 12 para achacar o presidente do Conselho Diretor da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Wagner Cabral; o advogado Luís Antônio Pedrosa, também membro da ONG; e o ex-secretário de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão, delegado Sebastião Uchôa.

– Sobre Pedrinhas, não há "denúncia" sobre acordo com facções. Apenas disparate produzido por gente derrotada nas últimas eleições do Maranhão. O disparate seria ridículo se não fosse trágico: uma ação oportunista de pessoas que estão com saudades do tempo das degolas e rebeliões – achacou Dino.

– As acusações de Luís Pedrosa são absolutamente irresponsáveis e muitíssimo estranhas...O que o move para além da estupidez politiqueira? (...) O combate duro às facções criminosas que queimavam ônibus a partir de Pedrinhas incomodou ao um só tempo Pedrosa e Uchôa. Por quê ??? (...) A aliança do Pedrosa com a oligarquia para espalhar mentiras sobre sistema prisional com certeza envergonha o PSOL. (...) Confesso que jamais imaginei que defensor dos direitos humanos iria reclamar de avanços que tiraram Pedrinhas da barbárie. Muito estranho – achacou Jerry.

O achaque, que conta ainda com o auxílio de membros do governo, sócios de empresas contratadas por Dino e de funcionários fantasma da Assembleia Legislativa do Maranhão, foi provocado após matéria do jornalista Diego Emir no site de O Estado de S. Paulo, onde é revelado que o governo comunista teria se rendido à lógica dos criminosos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas em troca de uma suposta paz nos presídios maranhenses.

Além de Dino e Jerry, diversos usuários do microblogging ligados financeiramente ao governo estadual atacam sistematicamente Cabral, Pedrosa e Uchôa há quase seis horas por declarações públicas do trio contrárias ao que vem divulgando o Governo do Maranhão sobre o controle do sistema penitenciário.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, comandada por um correlegionário do governador, os presídios estariam sob o controle do Estado. Segundo os membros da SMDH e do ex-titular da Sejap, porém, são os criminosos que comandam Pedrinhas, o que estaria custando um preço alto para a sociedade maranhense. "Ações criminosas, em que facções operam assaltos a ônibus, latrocínios e explosões de banco, estão ocorrendo com maior intensidade", acusou Pedrosa.

Desde o início do governo, Flávio Dino, Márcio Jerry, secretários de governo e outras pessoas ligadas aos cofres governo estadual passaram a usar o achaque como tática de contraponto às criticas e denúncias contra o Executivo estadual. Seguindo a falta de decoro dos membros do governo, o grupo passa horas e horas nas redes sociais batendo boca e desqualificando quem apresenta qualquer oposição contra atos do Palácio dos Leões.

Rendição do governo aos criminosos faz Maranhão voltar a ser pauta negativa nacional
Política

Sociedade Maranhense de Direitos Humanos acusa administração estadual de negociar com facções

Do Estadão

“Para manter a paz (nos presídios maranhenses), o governo se rendeu à lógica dos criminosos”, denuncia o presidente do Conselho Diretor da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Wagner Cabral. A declaração veio após um posicionamento do também membro da SMDH, o advogado Luís Antônio Pedrosa, que revelou existir “concessões a facções criminosas” para controlar mortes no sistema penitenciário do Maranhão.

Desde 2013, o principal centro de detenção do Maranhão, o Complexo Penitenciário de Pedrinhas – localizado às margens da BR-135, na capital do estado -, é destaque na mídia nacional e internacional por causa das mortes, fugas e rebeliões ocorridas. O número de assassinatos registrados nos últimos três anos já chega a 70, mas com considerável redução em 2015.

Porém, de acordo com os membros da SMDH, o “controle” do sistema penitenciário está custando um preço alto para a sociedade maranhense. “Ações criminosas, em que facções operam assaltos a ônibus, latrocínios e explosões de banco, estão ocorrendo com maior intensidade”, acusou Pedrosa.

Já Cabral explicou que as duas principais facções criminosas do Maranhão, Bonde dos 40 e Primeiro Comando do Maranhão (PCM), acabam sendo as responsáveis pela divisão da população carcerária das unidades prisionais em acordo com administração penitenciária.

O governo do Estado contestou as declarações e disse que reduziu em mais de 76% o número de mortes no sistema penitenciário em 2015 e que a ordem estabelecida nos presídio é fruto de um “trabalho sério”, além de estar seguindo o que rege a Lei de Execuções Penais (LEP).

Em junho de 2015, SMDH, Ordem dos Advogados do Brasil do Maranhão (OAB-MA), Conectas Direitos Humanos e Justiça Global apontaram em relatório que “a superlotação, práticas abusivas de autoridade, maus-tratos, castigos, desrespeito aos familiares, condições insalubres e indignas continuam presente no cotidiano das unidades”. “Persiste, assim, um conjunto de situações e práticas que degradam a dignidade e violam o direito humano das pessoas privadas de liberdade.”

Pedrosa sobre Edivaldo Júnior: “O que esperar mais dessa triste gestão?”
Política

Presidente do PSOL no Maranhão destacou a falta de segurança nas escolas e a falta de aplicação dos recursos federais como alguns dos principais problemas na educação municipal

O candidato a governador em 2014 e presidente do PSOL no Maranhão, Luís Antônio Pedrosa, utilizou seu perfil pessoal no Facebook, nesse sábado 12, para fazer uma análise sobre a administração do prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior (PDT), no setor da educação pública municipal.

Em comentário, segundo ele, baseado em informações repassadas por professores da própria rede de educação pública da capital, Pedrosa destacou diversas problemáticas enfrentadas pelos docentes, alunos, terceirizados, pais e comunidade em geral nos três anos em que Edivaldo Júnior está a frente do Executivo Municipal e o PCdoB, partido do governador Flávio Dino, está sob comando da Secretaria Municipal de Educação, atualmente sob o controle do professor Geraldo Castro Sobrinho.

Abaixo, a íntegra da postagem feita pelo presidente estadual do PSOL-MA:

"A cada vez que ouço um professor falando sobre a realidade da rede da educação municipal, tremo de indignação. Reformas que interrompem o calendário e nunca têm fim; recursos federais para construção de quadras, escolas em tempo integral e creches que nunca foram aplicados, desde 2013; violação de critérios de representação da categoria dos professores nos conselhos; insegurança por falta de pagamento da empresa de segurança, colégios sendo invadidos, depredados, alunos morrendo na porta da escola, professores e alunos vítimas de assalto; centenas de milhões de recursos federais não aplicados ou pessimamente administrados; ausência de democracia na indicação dos diretores de escola, frustração da promessa de eleição direta; autoritarismo, falta de transparência... O que esperar mais dessa triste gestão?", declarou.

Luís Antônio Pedrosa é eleito presidente do diretório estadual do PSOL no MA
Política

Partido se concentrará a partir de agora no processo de fortalecimento em pelo menos 50 cidades do estado

O advogado militante de direitos humanos, candidato nas eleições 2014 a governador do Maranhão, Luís Antônio Pedrosa, foi eleito, neste domingo 8, presidente do diretório estadual do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) no Maranhão.

De reconhecida trajetória na luta em defesa das populações quilombolas, indígenas, de trabalhadores e trabalhadoras rurais, das populações de periferia, e de grande atuação ainda na fiscalização do sistema carcerário e no controle social da segurança pública do estado, Pedrosa foi eleito pela chapa Unidade e Resistência Popular para Mudar o Maranhão, e deve dar agora ao partido um perfil mais combativo de luta social.

Ao Atual7, o novo presidente estadual do PSOL assegurou que se concentrará a partir de agora no processo de fortalecimento do partido em pelo menos 50 cidades do estado. Sob o novo perfil, a legenda deve ainda se aproximar de setores críticos ao modelo de gestão do PT e do governador Flávio Dino (PCdoB).

— O grupo majoritário agora vai impulsionar a criação de novos diretórios e ampliar a presença do partido em cerca de 50 municípios. Esse novo perfil vai ser importante para se aproximar a setores críticos ao petismo e ao dinismo, existentes em vários segmentos da sociedade civil organizada. O objetivo agora é erguer o partido como alternativa de esquerda, diante da falência do pragmatismo fisiológico do governismo federal e estadual — declarou.