Wagner Cabral
Unção ao Senado: admiração por Flávio Dino ou busca por ajudinha dos Leões?
Política

Cinco pré-candidatos condicionam a entrada na disputa à chancela do governador do Maranhão. O ATUAL7 ouviu especialistas sobre o que leva a essa total dependência

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), estabeleceu o mês de março para definir os nomes de seus pré-candidatos ao Senado Federal em 2018. Enquanto a data não chega, pelo menos cinco nomes já apresentados ao eleitor aguardam a confirmação da unção sacerdotal do comunista para se firmarem na disputa. Todos, sem exceção, tem deixado claro que só sairão para o Senado pela chapa de reeleição do governador.

Diante da total dependência, surge a pergunta que não quer calar: afinal, o leva Eliziane Gama (PPS), José Reinaldo Tavares (PSB), Márcio Jardim (PT), Waldir Maranhão (Avante) e Weverton Rocha (PDT) — que em razão da lanterninha em todas as pesquisas de intenção de votos ainda pode ser rifado — à essa necessidade? Admiração pela forma como Dino vem administrando o Estado ou a facilidade de ser o candidato do Palácio dos Leões? O ATUAL7 ouviu especialistas sobre o assunto.

Para Gledson Brito, historiador e pesquisador especialista em política do Maranhão, há espaço para os dois posicionamentos. Ele aponta que, apesar da trajetória no campo político ou ideológico ao lado de Flávio Dino, o quinteto também busca a estrutura governista.

“Há um alinhamento destes nomes com o governador no campo político, como no caso de Zé Reinaldo e de Waldir Maranhão, ou ideológico frente às pautas nacionais, como Eliziane Gama, Weverton Rocha e Márcio Jardim. A trajetória política destes postulantes foi em grande parte construída caminhando com Flávio Dino, daí esse alinhamento faz com que se torne natural que estes candidatos busquem esse campo para que nele se mantenha a narrativa e coerência. Mas também é lógico que se entende que a luz do governador é guarida mais tranquila para uma possível eleição”, afirma.

Historiador e professor da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), Wagner Cabral defende que, embora não seja uma regra, uma campanha forte de candidato ao governo é um fator importante na escolha do eleitor pelo candidato ao Senado.

“Em suma, existe uma tendência geral, com algumas exceções. O peso da campanha de governador no 1º turno é fator importante para definir o vencedor para o Senado. Quem venceu o primeiro turno sempre levou consigo o Senador. O único que venceu o primeiro turno e perdeu no segundo foi João Castelo. Mas Cafeteira foi eleito para o Senado, afinal era imbatível saindo de 4 anos de governo”, lembrou.

Ainda segundo Cabral, “além do governador, outro puxador de votos pro Senado é o candidato a presidente”, e que, “de todas, a eleição de Senador é a mais distante e desinteressante para o eleitor comum”.

Pré-candidatos falam

É fato que, mesmo que fosse esse o motivo, nenhum dos pré-candidatos jamais admitiria que a dependência pela unção de Flávio Dino está ligada ao poder do Palácio dos Leões. Ainda assim, o ATUAL7 buscou ouvir cada um deles.

Abaixo, o posicionamento, na íntegra, dos que retornaram o contato:

Weverton Rocha

“Mesmo sabendo que sua pergunta é mal intencionada (não poderia esperar diferente), posso lhe afirmar: o que nos une é um ideal de vermos o Maranhão mais desenvolvido e mais justo. Lembre-se que a união do PDT e PCdoB vem de grandes lutas em favor do Brasil e aqui no Maranhão, bem antes de sermos governo".

Márcio Jardim

“O PT é da base do governo Flavio Dino. Nas suas duas campanhas ao governo não teve um lugar que o governador chegasse que lá não tivesse um militante empunhando uma bandeira 65. Evidente que o governador é o grande líder do processo. PT e PCdoB são aliados estratégicos. São os únicos partidos que estiveram juntos nas eleições presidenciais desde a redemocratização do país. Temos forte atuação nos movimentos sociais, uma militância ativa e a extraordinária liderança de Lula no Maranhão. Mas o PT não tem dono. E nosso primeiro desafio é construir o máximo de convergência interna com objetivo de eleger Lula e reeleger Flávio Dino. Minha voz será num palanque; uma voz em defesa incondicional de Lula.

Lula e Flavio Dino são os dois maiores cabos eleitorais do Maranhão hoje . Evidente que um candidato que tenha apoio dos dois leva muita vantagem na disputa. Imagina uma candidatura ao senado que tenha identidade histórica com Lula? Temos todas as melhores condições de ter no Senado um senador verdadeiramente do Lula e com uma trajetória sempre na esquerda, sempre do mesmo lado”.

Rendição do governo Flávio Dino a criminosos de Pedrinhas repercute nacionalmente
Política

Governador do Maranhão havia prometido em janeiro do ano passado que o estado deixaria de ser envergonhado pela imprensa nacional

O governador Flávio Dino (PCdoB) dificilmente cumprirá uma de suas primeiras promessas feitas quando já empossado no cargo, no dia 1º de janeiro do ano passado, de que o Maranhão deixaria de ser palco de vergonha para a imprensa nacional.

Ontem 12, após denúncia do presidente do Conselho Diretor da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Wagner Cabral, de que "para manter a paz (nos presídios maranhenses) o governo se rendeu à lógica dos criminosos", dada após um posicionamento do também membro da SMDH, o advogado Luís Antônio Pedrosa, diversos veículos de comunicação repercutiram a revelação, originalmente publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Sob o título de "Governo do Maranhão se rendeu a criminosos, diz organização", os sites UOL, Estado de Minas, R7, Diário de Pernambuco, Isto É, Folha Vitória, Correio da Amazônia, BOL, MSN e Isto É Dinheiro deram destaque para a denúncia, só rebatida em nota oficial pelo Governo do Maranhão no início da noite.

Antes do lançamento da nota, o próprio Flávio Dino e o secretário de Assuntos Políticos e Federativos, Márcio Jerry Barroso, tentaram abafar as denúncias de controle das facções sobre o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, porém por meio de achaque, pelo Twitter, aos membros da SMDH e ao ex-secretário de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão, delegado Sebastião Uchôa.

Usuários que seguem a dupla comunista no microblogging não aprovaram a estratégia e repudiaram a falta de decoro de ambos.

Flávio Dino e Márcio Jerry achacam Antônio Pedrosa, Wagner Cabral e Sebastião Uchôa
Política

Acusações sem fundamento contra as autoridades foram iniciadas após reportagem em O Estado de S. Paulo revelar que o governo comunista teria se rendido à lógica dos criminosos de Pedrinhas

O governador Flávio Dino e o secretário de Assuntos Políticos e Federativos, Márcio Jerry Barroso, ambos do PCdoB, utilizam o Twitter desde o início da tarde desta terça-feira 12 para achacar o presidente do Conselho Diretor da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Wagner Cabral; o advogado Luís Antônio Pedrosa, também membro da ONG; e o ex-secretário de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão, delegado Sebastião Uchôa.

– Sobre Pedrinhas, não há "denúncia" sobre acordo com facções. Apenas disparate produzido por gente derrotada nas últimas eleições do Maranhão. O disparate seria ridículo se não fosse trágico: uma ação oportunista de pessoas que estão com saudades do tempo das degolas e rebeliões – achacou Dino.

– As acusações de Luís Pedrosa são absolutamente irresponsáveis e muitíssimo estranhas...O que o move para além da estupidez politiqueira? (...) O combate duro às facções criminosas que queimavam ônibus a partir de Pedrinhas incomodou ao um só tempo Pedrosa e Uchôa. Por quê ??? (...) A aliança do Pedrosa com a oligarquia para espalhar mentiras sobre sistema prisional com certeza envergonha o PSOL. (...) Confesso que jamais imaginei que defensor dos direitos humanos iria reclamar de avanços que tiraram Pedrinhas da barbárie. Muito estranho – achacou Jerry.

O achaque, que conta ainda com o auxílio de membros do governo, sócios de empresas contratadas por Dino e de funcionários fantasma da Assembleia Legislativa do Maranhão, foi provocado após matéria do jornalista Diego Emir no site de O Estado de S. Paulo, onde é revelado que o governo comunista teria se rendido à lógica dos criminosos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas em troca de uma suposta paz nos presídios maranhenses.

Além de Dino e Jerry, diversos usuários do microblogging ligados financeiramente ao governo estadual atacam sistematicamente Cabral, Pedrosa e Uchôa há quase seis horas por declarações públicas do trio contrárias ao que vem divulgando o Governo do Maranhão sobre o controle do sistema penitenciário.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, comandada por um correlegionário do governador, os presídios estariam sob o controle do Estado. Segundo os membros da SMDH e do ex-titular da Sejap, porém, são os criminosos que comandam Pedrinhas, o que estaria custando um preço alto para a sociedade maranhense. "Ações criminosas, em que facções operam assaltos a ônibus, latrocínios e explosões de banco, estão ocorrendo com maior intensidade", acusou Pedrosa.

Desde o início do governo, Flávio Dino, Márcio Jerry, secretários de governo e outras pessoas ligadas aos cofres governo estadual passaram a usar o achaque como tática de contraponto às criticas e denúncias contra o Executivo estadual. Seguindo a falta de decoro dos membros do governo, o grupo passa horas e horas nas redes sociais batendo boca e desqualificando quem apresenta qualquer oposição contra atos do Palácio dos Leões.

Rendição do governo aos criminosos faz Maranhão voltar a ser pauta negativa nacional
Política

Sociedade Maranhense de Direitos Humanos acusa administração estadual de negociar com facções

Do Estadão

“Para manter a paz (nos presídios maranhenses), o governo se rendeu à lógica dos criminosos”, denuncia o presidente do Conselho Diretor da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Wagner Cabral. A declaração veio após um posicionamento do também membro da SMDH, o advogado Luís Antônio Pedrosa, que revelou existir “concessões a facções criminosas” para controlar mortes no sistema penitenciário do Maranhão.

Desde 2013, o principal centro de detenção do Maranhão, o Complexo Penitenciário de Pedrinhas – localizado às margens da BR-135, na capital do estado -, é destaque na mídia nacional e internacional por causa das mortes, fugas e rebeliões ocorridas. O número de assassinatos registrados nos últimos três anos já chega a 70, mas com considerável redução em 2015.

Porém, de acordo com os membros da SMDH, o “controle” do sistema penitenciário está custando um preço alto para a sociedade maranhense. “Ações criminosas, em que facções operam assaltos a ônibus, latrocínios e explosões de banco, estão ocorrendo com maior intensidade”, acusou Pedrosa.

Já Cabral explicou que as duas principais facções criminosas do Maranhão, Bonde dos 40 e Primeiro Comando do Maranhão (PCM), acabam sendo as responsáveis pela divisão da população carcerária das unidades prisionais em acordo com administração penitenciária.

O governo do Estado contestou as declarações e disse que reduziu em mais de 76% o número de mortes no sistema penitenciário em 2015 e que a ordem estabelecida nos presídio é fruto de um “trabalho sério”, além de estar seguindo o que rege a Lei de Execuções Penais (LEP).

Em junho de 2015, SMDH, Ordem dos Advogados do Brasil do Maranhão (OAB-MA), Conectas Direitos Humanos e Justiça Global apontaram em relatório que “a superlotação, práticas abusivas de autoridade, maus-tratos, castigos, desrespeito aos familiares, condições insalubres e indignas continuam presente no cotidiano das unidades”. “Persiste, assim, um conjunto de situações e práticas que degradam a dignidade e violam o direito humano das pessoas privadas de liberdade.”

Flávio Dino escamoteia 101 mortes violentas e frauda índice de criminalidade
Política

Entre as mortes violentas escondidas estão as ocorridas na chacina em Panaquatira e em assaltos à coletivos na capital

Governador Flávio Dino mentiu sobre números de mortes violentas ocorridas em 2015
Twitter/Wagner Cabral Coisa feia, governador! Governador Flávio Dino mentiu sobre números de mortes violentas ocorridas em 2015Flávio

O governador Flávio Dino, do PCdoB, escamoteou o total de 101 mortes violentas do índice oficial de criminalidade no Maranhão, divulgado recentemente pelo próprio comunista nas redes sociais, após mais um assalto a ônibus na capital resultar em duas mortes.

A fraude em dados oficiais foi divulgada, nessa quarta-feira (3), pelo professor e historiador Wagner Cabral.

Alegando que conseguiu diminuir a violência no Maranhão, Dino escondeu, por exemplo, as mortes ocorridas na chacina em Panaquatira, que chocou todo o estado e país; e as mortes dos estudantes em assaltos de ônibus em São Luís.

Embora tenha ocorrido o total de 444 mortes violentas de janeiro a maio deste ano, no gráfico divulgado pelo governador, houve o registro de apenas 343 mortes violentas. Segundo Cabral, com o escamoteio das mortes, o comunista conseguiu produzir a falsa queda de 8% da violência em relação ao mesmo período de 2014.

Em comparativo de metodologias da SSP e da SMDH, por exemplo, durante os cinco primeiros meses de governo, Flávio Dino escondeu o total de 27 mortes em janeiro; 7 em fevereiro; 25 em março; 19 em abril; e 23 em maio, perfazendo o total de 101 mortes violentas escondidas, o que representa uma maquiagem de 22,7% em dados oficiais.

Números falsos apresentados pelo governador Flávio Dino
Twitter/Flávio Dino Governador mentiroso Números falsos apresentados pelo governador Flávio Dino
Gráfico da SMDH desmonta os números escamoteados pelo governo do Maranhão
Twitter/Wagner Cabral Pego na mentira Gráfico da SMDH desmonta os números escamoteados pelo governo do Maranhão