Complexo Penitenciário de Pedrinhas
Eduardo DP é colocado na triagem de Pedrinhas
Política

Empresário foi preso pela Polícia Federal no bojo da Operação Odoacro, que mira fraudes em licitações, lavagem de dinheiro e desvios de recursos na Codevasf

O empresário Eduardo José Barros Costa está na cela 01, do pavilhão do Centro de Observação Criminológica e Triagem de São Luís, o COCTS, do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão.

Mais conhecido como Eduardo DP ou Imperador, ele foi preso pela Polícia Federal nessa quarta-feira (20) no bojo da Operação Odoacro, que mira fraudes em licitações, lavagem de dinheiro e desvios de recursos federais na Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).

De forma incomum, apesar do mandado de prisão e do guia de recolhimento de Eduardo DP ter sido recebido pela Central de Inquéritos desde ontem, o registro da entrada dele em Pedrinhas foi feito apenas nesta quinta (21), após o ATUAL7 questionar a SEAP (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) sobre possíveis regalias.

Murilo Andrade, que comanda a pasta, também foi procurado. Até o momento, não houve resposta.

Mais cedo, o ATUAL7 publicou fotos que mostravam Eduardo DP de cabeça raspada e com o mesmo uniforme laranja de agora, utilizado por detentos do sistema penitenciário maranhense. As imagens são referentes à prisão de 2016 pela Polícia Civil do Estado.

Até às 11h, horário da publicação, o prontuário dele no SIISP (Sistema de Inteligência, Informação e Segurança Prisional) da SEAP estava inativo. Apenas a partir das 11h52 foi atualizado para ativo, com a inclusão dos novos registros fotográficos, do mandado de prisão temporária e do guia de recolhimento de preso.

Procurada, a PF confirmou ao ATUAL7 que Eduardo DP foi enviado para Pedrinhas desde ontem.

De acordo as investigações, Eduardo DP seria o cabeça de associação criminosa que utiliza uma rede de empresas de fachada para fraudar e ganhar licitações na estatal. O esquema, aponta a investigação, seria o mesmo operado pelo empresário no Maranhão, e que o levou à Pedrinhas por mais de uma vez, no início do governo de Flávio Dino (PSB).

Desde que se aliou ao Palácio dos Leões sob Dino, porém, deixou de ser alvo de operações no âmbito estadualsubiu em palanque com o agora ex-governador, participou de eventos privados com membros do Executivo e avançou sobre os cofres do Estado em contratos fechados, majoritariamente, com as pastas da Infraestrutura e de Cidades e Desenvolvimento Urbano, principalmente com a Construservice C Empreendimentos e Construções, empresa em que é sócio oculto.

Mesmo após a ascensão de Carlos Brandão a governador do Maranhão, os contratos com a empresa permanecem ativos.

Nas apurações do Ministério Público e da Polícia Civil maranhenses -e que miraram a Construservice, mas apenas por contratos com prefeituras municipais-, Eduardo DP é apontado também como agiota. O dinheiro emprestado para campanhas eleitorais, segundo as investigações, seria oriundo das próprias licitações fraudadas.

Fotos mostram Eduardo DP em Pedrinhas com cabeça raspada e uniforme de detento
Política

Empresário foi preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira (20). Construservice, empresa utilizada para ganhar licitações fraudadas, lavar dinheiro e desviar recursos federais, tem contratos com o governo do Maranhão

Imagens obtidas pelo ATUAL7 mostram o empresário Eduardo José Barros Costa posando para fotos com a cabeça raspada e usando o uniforme laranja de detento do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão.

O ATUAL7 questionou à SEAP (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) a veracidade das fotos, e aguarda retorno.

Mais conhecido como Eduardo DP ou Imperador, ele foi preso pela Polícia Federal nessa quarta-feira (20) no bojo da Operação Odoacro, que mira fraudes em licitações, lavagem de dinheiro e desvios de recursos federais na Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).

Segundo a PF, Eduardo DP seria o cabeça de associação criminosa que utiliza uma rede de empresas de fachada para fraudar e ganhar licitações na estatal. O esquema, aponta a investigação, seria o mesmo operado pelo empresário no Maranhão, e que o levou à Pedrinhas por mais de uma vez, no início do governo de Flávio Dino (PSB).

Desde que se aliou ao Palácio dos Leões sob Dino, porém, deixou de ser alvo de operações no âmbito estadual, subiu em palanque com o agora ex-governador, participou de eventos privados com membros do Executivo e avançou sobre os cofres do Estado em contratos fechados, majoritariamente, com as pastas da Infraestrutura e de Cidades e Desenvolvimento Urbano, principalmente com a Construservice C Empreendimentos e Construções, empresa em que é sócio oculto.

Mesmo após a ascensão de Carlos Brandão a governador do Maranhão, os contratos com a empresa permanecem ativos.

Nas apurações do Ministério Público e da Polícia Civil maranhenses -e que miraram a Construservice, mas apenas por contratos com prefeituras municipais-, Eduardo DP é apontado também como agiota. O dinheiro emprestado para campanhas eleitorais, segundo as investigações, seria oriundo das próprias licitações fraudadas.

Presos de Pedrinhas denunciam governo Dino e ameaçam retaliação com ‘todas as facções juntas’
Cotidiano

Detentos alegam estarem sendo maltratados e cobram transparência e ação da SEAP contra a Covid-19 nos presídios. Um interno morreu vítima da doença

Vídeos compartilhados em grupos de WhatsApp mostram detentos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, fazendo graves denúncias contra o governo de Flávio Dino (PCdoB), todas relacionadas a maus-tratos, principalmente no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus nos presídios.

Nas gravações, feitas nessa segunda-feira 20, os detentos declamam da gestão de Murilo Andrade, que comanda a SEAP (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária), e reivindicam melhorias em relação às refeições servidas nas unidades, que seriam “estragadas”, além de tratamento médico adequado aos suspeitos de infecção da Covid-19.

“Se os órgãos não tomarem uma atitude diante dessas constituições estabelecidas nesse relatório, estaremos tomando nossas próprias atitudes. Se for necessário, levantaremos a bandeira branca com todas as facções do estado. Se for preciso, daremos prejuízo de bilhões para o Governo do Maranhão. Se vocês nunca viram o poder de todas as facções juntas, agora vocês vão ver. Porque o que tá em jogo é a nossa vida. Não morreremos de braços cruzados, por burrice do governo”, ameaça.

Ainda de acordo com os detentos, diferentemente do que foi divulgado pelo governo, não está havendo o pagamento, obrigatório por lei, pelas 1 milhão de máscaras que começaram a ser confeccionadas por eles para uso na prevenção ao novo coronavírus.

No Maranhão, mais de 1,3 mil pessoas já foram diagnosticadas com a Covid-19 no estado e 60 morreram, em decorrência da doença. Entre os óbitos, há de um interno de Pedrinhas.

Abaixo, assista aos vídeos:

https://youtu.be/7ubMorT15i8

Outro lado

Em nota, a SEAP diz que “são infundadas as reclamações feitas pelos internos”, e que

Contudo, a nota da pasta não informa sobre a entrada do aparelho usado para a gravação na unidade prisional, e nem que medidas pretende tomar para que isso não ocorra novamente. Também não foi feito qualquer comentário a respeito da denúncia de não pagamento aos detentos, de ¾ do salário mínimo, pela confecção das 1 milhão de máscaras para prevenção ao novo coronavírus.

Abaixo, a íntegra da nota:

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) em resposta ao vídeo que circula em grupos de whatsapp feito por dois internos destaca:

1 – Diariamente estão acontecendo ações de saúde nas unidades prisionais do estado, principalmente nos estabelecimentos penais que integram o Complexo Penitenciário São Luís.

2 - Dependendo do caso, o interno é encaminhado a algum hospital da cidade para que receba os devidos cuidados.

3 - A enfermaria que funciona na UPSL 1 dispõe de equipamentos e medicamentos para atender os internos que necessitem de cuidados básicos, em casos mais complexos os custodiados são encaminhados imediatamente a locais de referência.

4 – As visitas presenciais aos apenados foram temporariamente suspensas e estas estão ocorrendo, como forma de enfrentamento à Covid-19, de maneira virtual. Nesta o interno continua a ter contato com familiares, mas sem o risco de ser acometido pela doença.

5 – A alimentação que é dada aos custodiados passa pela avaliação de nutricionistas e também por severas fiscalizações na produção e transporte dos alimentos.

6 – O Procedimento Disciplinar Interno (PDI) é uma medida que objetiva a manutenção da ordem e disciplina nas unidades prisionais e os internos que respondem tal medida são aqueles que descumpriram as regras previamente estabelecidas e comunicadas a eles.

Portanto, a Seap esclarece que são infundadas as reclamações feitas pelos internos e que as devidas medidas com foco em um sistema prisional cada vez mais humanizado estão sendo tomadas.

Pegadores: segredos de Mariano Silva são garantia de sua vida
Política

Operador da organização criminosa que assaltou mais de R$ 18 milhões da saúde estadual mantém em Pedrinhas informações que podem derrubar Executivo e Legislativo

Quando o médico Mariano de Castro Silva saiu da superintendência da Polícia Federal do Maranhão direto para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, ele levou para uma das prisões mais violentas do país o que tem de mais valioso: segredos que dizem respeito a peixes graúdos dos poderes Executivo e Legislativo, que não revelou aos agentes da força-tarefa da Sermão aos Peixes, e dificilmente pretende revelar, porque são a garantia de sua vida e de sua família.

Considerado homem-bomba por ser o operador da organização criminosa que tomou de assalto mais de R$ 18 milhões dos cofres da saúde no governo Flávio Dino, do PCdoB, Mariano sabe que o grupo político beneficiado com os esquemas na saúde estadual é o mesmo que governa atualmente o sistema penitenciário.

E sabe mais: segundo revelado por membros de entidades de direitos humanos no Maranhão, ainda no início de 2016, há uma espécie de acerto entre o Governo do Estado e lideranças de facções criminosas que comandam o crime dentro e fora de Pedrinhas.

Desde a prisão de Mariano, pelo menos duas informações crescem nos bastidores: a primeira diz respeito a uma possível rebelião prestes a estourar na ala onde o operador do esquemão da saúde está preso; a segunda, mais assustadora, sobre um possível mal-estar que o médico piauiense poderia sofrer na prisão, levando-o à morte.

Boatos ou não, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) precisam ficar atentos a esses possíveis movimentos. Se durante depoimento quando da deflagração da Operação Pegadores Mariano Silva não ultrapassou o limite que estabeleceu como garantidor de sua vida, não é sendo deixado aos desleixos do próprio sistema que ele alimentou com dinheiro da corrupção que vai se conseguir uma eventual delação.

MA é condenado a pagar R$ 100 mil à família de cada preso morto em Pedrinhas
Política

Decisão beneficia familiares de 64 presos assassinados de janeiro de 2013 a janeiro de 2014 no interior das unidades prisionais do Complexo. Vítimas dos ataques a ônibus também devem ser indenizadas

O Estado do Maranhão foi condenado a pagar indenização por dado coletivo envolvendo direitos individuais homogêneos dos familiares dos 64 presos mortos de janeiro de 2013 a janeiro de 2014, no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, durante o governo da peemedebista Roseana Sarney, quando o complexo foi palco de uma das mais sangrentas batalhas de facções criminosas no interior das unidades prisionais do estado.

A determinação é do juiz federal Clodomir Sebastião Reis, da 3ª Vara Federal da Seção Judiciária do Maranhão, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), e foi proferida desde o dia 19 de janeiro deste ano, em atendimento a uma Ação Civil Pública (ACP) movida pela Seccional maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), quando ainda estava sob o comando do advogado Márcio Macieira, e pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB). O Estado já foi oficialmente intimado da decisão, na pessoa de seu procurador-geral, Rodrigo Maia Rocha, no dia 24 de fevereiro último.

Baixe a decisão que condenou o Estado a pagar indenização pelas mortes em Pedrinhas

O valor da indenização a ser paga deve ser de R$ 100 mil à família de cada preso, a título de dano moral. O pedido de indenização por dano coletivo em favor da população maranhense foi julgado improcedente.

Em relação aos filhos menores dos presos assinados, ficou decidido pelo TRF-1 que a pensão lhes será devida até que estes completem 25 anos de idade, em valor correspondente a 2/3 do salário mínimo. O valor restante, equivalente a 1/3 do salário mínimo, será devido aos genitores, considerando-se o termo final, isto é, até que os filhos menores do custodiado assassinado completem 25 anos de idade.

Não havendo filhos menores, a pensão será devida pelo prazo de 10 anos, ao cônjuge/companheira e aos genitores, metade para o cônjuge/companheira e metade para os genitores.

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O TRF-1 também julgou procedente o pedido de indenização por dano material e moral em relação ao direito individual homogêneo das cinco vítimas dos ataques a ônibus, promovidos pela facção criminosa Bonde dos 40 na região metropolitana de São Luís, no dia 3 de janeiro de 2014: Juliane Carvalho Santos, Ana Clara Santos, Lorane Beatriz Santos, Márcio Ronny da Cruz e Abyancy Silva Santos, ou seus familiares, ou outras que se enquadrem na situação de vítimas da violência ordenada de dentro das delegacias ou quaisquer outras unidades prisionais do Estado, ou seus familiares, a ser apurada em liquidação.

Na mesma decisão, O Estado do Maranhão foi condenado, ainda, a pagar honorários advocatícios de sucumbência no montante de R$ 10 mil, rateados R$ 5 mil para a OAB-MA e os outros R$ 5 mil ao CFOAB.

OAB-MA retrocede e evita se posicionar sobre violações em Pedrinhas
Política

Presidência e comissões de Direitos Humanos e de Política Criminal e Penitenciária silenciam sobre relatório e achaque ao ex-presidente da CDH

Com tradição de enfrentar governos e autoridades para defender os direitos humanos, a Seccional maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) retrocedeu e passou a evitar qualquer posicionamento sobre as violações sistemáticas no Complexo Penitenciário de Pedrinhas.

Quase uma semana após a divulgação do relatório produzido pelas ONGs Conectas, Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Justiça Global e pela gestão passada da OAB-MA, a nova Presidência da Seccional, comandada pela jovem advogado Thiago Diaz, bem como as comissões de Direitos Humanos e de Política Criminal e Penitenciária, permanecem em silêncio.

Não houve qualquer manifestação sobre o relatório das ONGs, que confirmou denuncia feita no início do ano pelo ex-presidente da CDH da OAB-MA, advogado Antônio Luis Pedrosa, e pelo presidente do Conselho Diretor da SMDH, professor Wagner Cabral, de que o governo estadual firmou uma acordo com os detentos do complexo prisional, entregando o comando de Pedrinhas para as facções em troca de uma suposta paz nas cadeias.

O presidente da CDH da OAB/MA, Valdenio Caminha, o vice-presidente, Rafael Silva; e a presidente da Comissão de Política Criminal e Penitenciária, Karolina Carvalho durante visita ao lado de fora de Pedrinhas
Reprodução/OAB-MA Renovação e Mudança O presidente da CDH da OAB/MA, Valdenio Caminha, o vice-presidente, Rafael Silva; e a presidente da Comissão de Política Criminal e Penitenciária, Karolina Carvalho durante visita ao lado de fora de Pedrinhas

Nem mesmo uma nota em defesa de Pedrosa, repudiando o governo e membros de primeiro e segundo escalão pelo achaque sistemático ao advogado, foi produzida.

Quando questionado pelo Atual7 do porquê do silêncio, o presidente Thiago Diaz foge do assunto e repete uma mensagem pronta, de que está sempre assoberbado com outros afazeres, mas que designou as comissões de Direitos Humanos e de Política Criminal e Penitenciária para elaborar um relatório sobre Pedrinhas, até hoje nunca pronta e numa divulgado à sociedade.

Em pesquisa no site da entidade, porém, como se observa na foto ao lado, o que se sabe é que a única visita feita pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MA, Valdênio Caminha, o controverso vice-presidente, Rafael Silva; e a presidente da Comissão de Política Criminal e Penitenciária, Karolina Carvalho, feita em janeiro, foi mais para turística do que de inspeção, nada resolvendo sobre as violações aos direitos humanos, como as torturas aos detentos e a superlotação em Pedrinhas, e servindo apenas para um registro fotográfico do lado de fora, talvez para não mostrar como Pedrinhas ainda é um inferno por dentro.

Governo Dilma e Flávio Dino não cumprem medidas internacionais para Pedrinhas
Maranhão

Dois anos após recomendações da OEA, organizações denunciam continuidade de violações que originaram crise de violência no complexo penintenciário

Do Conectas

Mais de dois anos após uma crise de violência no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA), o governo Federal e maranhense falharam no cumprimento das medidas aplicadas pela Comissão e pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estado Americanos) contra o Brasil em 2013 e 2014.

Em relatório divulgado hoje, 1º de março, diversas organizações da sociedade civil denunciam que, apesar da redução do número de mortes no Complexo, são contínuas as violações de direitos humanos em Pedrinhas, com presos submetidos a tortura, comida estragada, celas hiperlotadas e higiene precária.

O documento “Violação continuada :: Dois anos da crise em Pedrinhas” reúne informações e testemunhos recolhidos durante inspeções realizadas pela Conectas, Justiça Global, SMDH (Sociedade Maranhense de Direitos Humanos) e Comissão de Direitos Humanos da OAB-MA (Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Maranhão) entre 2014 e 2015.

“O contexto de violência a que os presos estão submetidos em todas as unidades visitadas subverte qualquer sentido de tratamento humanitário. Recolhemos diversos relatos de tortura e maus-tratos, além de muitas reclamações de violência psicológica e isolamento em celas superlotadas, sem direito a banhos de sol ou visitas", destaca Jessica Carvalho Morris, diretora-executiva da Conectas.

De acordo com Sandra Carvalho, coordenadora da Justiça Global, os métodos de tortura utilizados hoje para punir e castigar detentos não deixam marcas como as técnicas antigas. "Os ossos quebrados e marcas de espancamento foram substituídos pelo uso do spray de pimenta e pelas bombas de gás lacrimogêneo, frequentemente disparadas para dentro das celas”, ressalta.

As entidades apontam ainda o difícil acesso dos presos à Justiça, o que se reflete no alto número de prisões provisórias. Hoje, 60% dos detentos de Pedrinhas ainda não foram condenados. A média brasileira, já considerada alarmante, é de 41%.

“A maioria dos presos com os quais tivemos contato nestes dois anos de inspeções afirmou nunca ter visto um juiz, promotor ou defensor público”, explica Wagner Cabral, presidente do Conselho Diretor da SMDH. "O governo precisa fortalecer a Defensoria Pública Estadual imediatamente para reduzir o enorme contingente de presos que já cumpriram pena ou que poderiam responder em liberdade."

No relatório, as entidades apontam cinco recomendações ao Estado brasileiro para solucionar as violações de direitos humanos no Complexo:

- Adequação das instalações;
- Apuração de fugas, rebeliões, corrupção e mortes;
- Aumento do efetivo de agentes penitenciários e substituição de terceirizados;
- Cumprimento das normas de regulação do uso da força e de armas por agentes de segurança;
- Fortalecimento da Defensoria Pública no Maranhão e instalação do Comitê e do Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura.

ONU

A gravidade da situação em Pedrinhas continua sendo motivo de preocupação internacional. Em recente relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a situação dos presídios brasileiros, o relator especial para a tortura, Juan Méndez, afirma que “as condições em Pedrinhas permanecem explosivas”. "A segurança é precariamente imposta, mantendo os detentos em celas coletivas por 22 ou 23 horas por dia”, continua.

Histórico

Entre janeiro 2013 e fevereiro de 2014, a eclosão de uma série de rebeliões nas unidades do Complexo resultou na morte de mais de 60 detentos. As cenas de cabeças decepadas e corpos perfurados ganharam as manchetes dos principais noticiários nacionais e internacionais.

Os fatos levaram entidades de direitos humanos a denunciarem o país perante a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA), o mais importante órgão de monitoramento e promoção dos direitos humanos na região, que acolheu a denúncia e deflagrou medida cautelar determinando que o Brasil agisse para evitar novas mortes, reduzir a superlotação e investigar as circunstâncias que provocaram a crise.

Como resposta, o Estado brasileiro, por meio do governo estadual do Maranhão e do Ministério da Justiça, instituiu, em janeiro de 2014, um Plano de Ação de Pacificação das Prisões de São Luís, que incluiu entre suas medidas a ocupação das unidades do complexo pela Força Nacional, a transferência de presos para presídios federais e a separação de membros de facções criminosas em unidades específicas.

Diante da falta de evidências de melhora nas condições de encarceramento no complexo, no entanto, as entidades de direitos humanos solicitaram à CIDH que o caso fosse remetido à Corte Interamericana de Direitos Humanos em novembro de 2014. O tribunal, por sua vez, acolheu a demanda e expediu medida provisória obrigando o Brasil a adotar imediatamente todas as ações necessárias para proteger a vida e a integridade de todas as pessoas privadas de liberdade no complexo.

Faça o download do relatório em PDF: http://bit.ly/1Qo2KCg

PCM se divide e ameaça iniciar matança em Pedrinhas por controle do CDP
Maranhão

Dissidentes da facção criminosa criaram o CCO, Comando da Cidade Olímpica, que disputa ainda o controle pelo tráfico de drogas na maior ocupação urbana da América Latina

Inspirada e, posteriormente, ramificada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, a facção criminosa Primeiro Comando do Maranhão (PCM), que controla todo o Centro de Detenção Provisória (CDP) do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, maior presídio maranhense e um dos mais violentos do país, ameaça iniciar rebelião e matança na unidade, caso o diretor do CDP, Rubens Ferreira Alves, não aceite pedido feito pelos criminosos no final do ano passado.

De acordo com relato de monitores ao Atual7, o pedido consiste na transferência imediata de presos dissentes do PCM, que formaram uma nova facção criminosa dentro de Pedrinhas, criada oficialmente no dia 31 de dezembro de 2015, o CCO, Comando da Cidade Olímpica, que disputa agora com os ex-comparsas o controle pelo tráfico de drogas em bairro carente homônimo em São Luís, a Cidade Olímpica, considerada a maior ocupação urbana da América Latina.

Como os membros da CCO estão recolhidos no Pavilhão Gama do CDP desde o dia do desmembramento, embora ocupem e controlem os outros três pavilhões: Delta, Alfa e Beta, os membros do PCM não aceitam a presença dos dissidentes na mesma unidade, que se tornaram agora facção rival, e por isso prometem "quebrar a cadeia" – termo utilizado pelos presidiários e policiais para se referir a ocorrência de rebelião e mortes dentro das unidades prisionais.

O alerta foi feito por um dos líderes do PCM ao próprio "Rubão", como é chamado o diretor da unidade prisional pelos detentos, e ainda ao chefe de disciplina, Valter Serra. Ambos, inclusive, já teriam presenciado ameaças mútuas feitas por membros das duas facções durante o banho de sol.

Por conta desse acirramento entre o PCM e o CCO, inclusive, desde o início de 2016, homens do Grupo de Escolta e Operações Penitenciárias (GEOP) são deslocados diariamente para o Centro de Detenção Provisória de Pedrinhas para fazer a guarda da unidade durante a noite e a madrugada, e, algumas vezes, no decorrer da semana, durante a manhã e tarde.

CCO

Segundo o advogado Antônio Luis Pedrosa, ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Seccional maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a nova facção criminosa do Maranhão teria nascido após a exclusão de uma liderança do PCM, que seria "muito centralizado" e que "julga seus associados" num "tribunal do crime". Desligada da facção, essa liderança teria sido acompanhada por seus seguidores.

"É uma dissidência do PCM. O PCM é muito centralizado, ele julga seus associados. Uma liderança foi excluída e seus seguidores foram juntos. Eles [o PCM] têm o tribunal do crime, que julga os indisciplinados", revelou Pedrosa.

"Segurança particular"

Foram parte desses seguidores dessa liderança excluída do PCM, inclusive, que teriam arrombado e roubado objetos da creche-escola anexo da Unidade de Educação Básica (UEB) Barjonas Lobão, localizada no bairro Jardim América, no domingo 22.

Como além do PCM – e agora do CCO – o controle pelo tráfico de drogas na localidade é disputado ainda por uma outra facção, a Bonde dos 40, membros dessa facção rival chegaram a realizar uma visita à direção da unidade, na segunda-feira 23, para acertar um valor mensal em troca de "segurança particular". Responsável pelo rede municipal pública de ensino, o secretário Geraldo Castro Sobrinho declarou à direção da creche-escola que nada poderia fazer, e mandou fechar a unidade, deixando quase 400 crianças sem aula.

Embora Geraldo Castro tenha ficado calado ao ser questionado pela reportagem sobre o ocorrido, o arrombamento pelos dissidentes do PCM e a oferta de "vigilância 24 horas" por membros do Bonde dos 40 foi confirmado ao Atual7 pelo Tenente-Coronel Aritanã Lisboa do Rosário, comandante do 6º BPM, e responsável pelo Comando de Policiamento de Área Metropolitano II (CPAM 2), que cobre a área da Cidade Olímpica, Jardim América e bairros adjacentes. Ele afirmou que uma equipe de inteligência está "acompanhando e fazendo o levantamento do caso para encontrar uma solução mais rápida possível".

Rendição do governo Flávio Dino a criminosos de Pedrinhas repercute nacionalmente
Política

Governador do Maranhão havia prometido em janeiro do ano passado que o estado deixaria de ser envergonhado pela imprensa nacional

O governador Flávio Dino (PCdoB) dificilmente cumprirá uma de suas primeiras promessas feitas quando já empossado no cargo, no dia 1º de janeiro do ano passado, de que o Maranhão deixaria de ser palco de vergonha para a imprensa nacional.

Ontem 12, após denúncia do presidente do Conselho Diretor da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Wagner Cabral, de que "para manter a paz (nos presídios maranhenses) o governo se rendeu à lógica dos criminosos", dada após um posicionamento do também membro da SMDH, o advogado Luís Antônio Pedrosa, diversos veículos de comunicação repercutiram a revelação, originalmente publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Sob o título de "Governo do Maranhão se rendeu a criminosos, diz organização", os sites UOL, Estado de Minas, R7, Diário de Pernambuco, Isto É, Folha Vitória, Correio da Amazônia, BOL, MSN e Isto É Dinheiro deram destaque para a denúncia, só rebatida em nota oficial pelo Governo do Maranhão no início da noite.

Antes do lançamento da nota, o próprio Flávio Dino e o secretário de Assuntos Políticos e Federativos, Márcio Jerry Barroso, tentaram abafar as denúncias de controle das facções sobre o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, porém por meio de achaque, pelo Twitter, aos membros da SMDH e ao ex-secretário de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão, delegado Sebastião Uchôa.

Usuários que seguem a dupla comunista no microblogging não aprovaram a estratégia e repudiaram a falta de decoro de ambos.

Presos quebram pavilhão Gama do CDP de Pedrinhas
Maranhão

Os detentos reivindicam o encontro íntimo dentro das celas

Aproximadamente 170 presos do Centro de Detenção Provisória (CDP), no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, quebraram, na manhã desta segunda-feira 26, o pavilhão Gama da unidade, que conta com o total de 13 celas.

De acordo com fontes do Atual7, os presos reivindicam o retorno do encontro íntimo dentro das celas.

Neste exato momento, o local se encontra tomado por bombas de efeito moral e por homens da Grupo de Escolta e Operações Penitenciárias (Geop), que que pertence à Secretaria da Justiça e da Administração Penitenciária (Sejap) do Maranhão.

A energia elétrica e a água foram cortadas.

Maranhão

Marcos André Silva Vieira, o Marquinhos da Matança, é apontado ainda como um dos líderes dos ataques aos coletivos em São Luís no início de 2014

Fora de circulação desde abril de 2013, após operação conjunta das polícias Civil, Militar e Grupo Tático Aéreo (GTA), o presidiário Marcos André Silva Vieira, o Marquinhos da Matança ou Marquinhos Borboleta, voltou às ruas após conseguir fugir pelo portão da frente da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) do Complexo Penitenciário de Pedrinhas na última sexta-feira 9, após driblar a segurança do presídio ao se passar por um beneficiário de indulto do Dia das Crianças.

Marcos André Silva Vieira, o Marquinhos da Matança, que voltou de um presídio federal para o Maranhão e escapou de Pedrinhas pelo portão da frente da CCPJ
Sigo/SSPMA Solto das ruas Marcos André Silva Vieira, o Marquinhos da Matança, que voltou de um presídio federal para o Maranhão e escapou de Pedrinhas pelo portão da frente da CCPJ

Transferido pelo governo Roseana Sarney para um presídio federal de segurança máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, em fevereiro do ano passado, e retornado para o Maranhão no início do governo Flávio Dino, ele responde pela morte de mais de 30 pessoas na região metropolitana nos últimos doze anos, e é ainda apontado pela Secretária de Segurança Pública como um dos líderes da facção criminosa Bonde dos 40 na região da Matança, no bairro do Anil.

Fontes ouvidas pelo Atual7 relataram que a fuga de Marquinhos da Matança só teria sido percebida quase 12 horas depois, quando todos os 337 presos beneficiados pela decisão da juíza Ana Maria Almeida Vieira, titular da Vara de Execuções Penais de São Luís, já haviam deixado Pedrinhas para passarem o Dia das Crianças em casa.

Além dos assassinatos pelo controle do tráfico de drogas na capital, pesa ainda contra Marquinhos a suspeita de ser um dos líderes dos ataques a cinco coletivos em São Luís, ocorridos no início de janeiro de 2014, que resultaram na morte da menina Ana Clara dos Santos, de 6 anos, vítima de queimaduras de terceiro grau em 95% do corpo, e em quatro pessoas feridas - entre elas a irmã menor e a mãe de Ana Clara, e do carregador de mercadorias Márcio Ronny, que sofreu queimaduras em 71% do corpo.

A polícia trabalha agora com a informação de que Marquinhos da Matança e outro bandido, Ronilson Coutinho, conhecido com Pixuca, é quem estavam no carro estacionado em frente á CCPJ, aguardando os dois presos que conseguiram fugir da unidade no início da tarde de ontem (12), também pelo portão da frente. O fugitivo Hailton Silva, vulgo Nicolau, que escapou da CCPJ em companhia do comparsa Fagner Gomes Sena, vulgo Bandeco, também é apontado como um dos cabeças dos ataques aos ônibus em São Luís.

Ronilson Coutinho, o Pixuca, inclusive, também é um dos que ordenou os ataques aos coletivos, mas como estava cumprindo pena em Pedrinhas aparentemente como um preso ressocializado, foi liberado pela titular da Vara de Execuções Penais de São Luís para passar o Dia das Crianças fora das celas.

Maranhão

Hailton Silva fugiu em companhia do detento Fagner Gomes Sena, também integrante da facção criminosa

Hailton Silva, o Nicolau, e Fagner Gomes Sena, o Bandeco, que fugiram da CCPJ de Pedrinhas pelo portão da frente, armados, com carro já os aguardando do lado de fora para a fuga
Atual7 Na maior Hailton Silva, o Nicolau, e Fagner Gomes Sena, o Bandeco, que fugiram da CCPJ de Pedrinhas pelo portão da frente, armados, com carro já os aguardando do lado de fora para a fuga

Fugiu, no início da tarde desta segunda-feira 12, da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, o presidiário Hailton Silva, vulgo Nicolau, um dos maiores traficantes de São Luís e líder da facção criminosa Bonde dos 40 na área da Liberdade, bairro da capital. Ele fugiu em companhia de seu parceiro de cela e também integrante da facção, Fagner Gomes Sena, vulgo Bandeco. Ambos fugiram pelo portão da frente da CCPJ.

Segundo fonte do Atual7, Nicolau e Bandeco estavam armados de pistolas e ainda tomaram a arma de um vigilante terceirizado. Dois homens já os aguardavam em um carro estacionado em frente ao presídio.

Curiosamente, a dupla havia sido transferida há alguns dias do Presídio São Luís III, o PSL3, de maior segurança, para a CCPJ. Há suspeitas que os presos seriam os mesmos alvos do resgate frustado pela polícia na madrugada de domingo 11, quando três homens foram interceptados e mortos em confronto com a Polícia Militar em uma residência no povoado Camboa dos Frades, na Vila Maranhão, próximo à BR-135, onde fica o Complexo Penitenciário de Pedrinhas.

Com o vazamento da fuga de dois presos pelo portão da frente, a Secretaria da Justiça e da Administração Penitenciária (Sejap) deve emitir nota informando da prisão dos três auxiliares de segurança penitenciária por facilitação da fuga. Contudo, além dos auxiliares terem participado de uma seleção recente feita pela própria Sejap, a origem da entrada das armas ainda é desconhecida. Fatos que serão omitidos na nota.

Pedrinhas: Descoberto túnel no CDP com lâmpadas e até ventiladores
Maranhão

Este é o segundo túnel encontrado em menos de três dias. Ataque a escola na Santa Clara teria sido em represália a descoberta da primeira escavação

Durante inspeção realizada na manhã desta terça-feira 22, agentes penitenciários encontraram um túnel com lâmpadas e até ventiladores no Pavilhão Gama do Centro de Detenção Provisória (CDP), o famoso 'Cadeião', um dos presídios do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís.

A eletricidade estava sendo puxada por meio de ligações feitas por extensões. Tanto as lâmpadas como os ventiladores estavam ligados no momento da descoberta.

O caso foi abafado pelo secretário de Administração Penitenciária e Justiça, Murilo Andrade, que proibiu que a polícia técnica fizesse fotos do local.

Ataque a escola

Este é o segundo túnel descoberto no CDP em menos de três dias.

No fim de semana, no Pavilhão Beta, agentes penitenciários já haviam encontrado outra escavação feita pelos detentos. De acordo com fontes do Atual7, devido a profundidade, somente hoje é que uma equipe conseguiu tapar o buraco.

A descoberta deste primeiro túnel, inclusive, estaria relacionada a ação de uma facção criminosa no bairro da Santa Clara, que em represália incendiou uma escola no bairro pertencente ao município.

Rádio Ht

Além de túneis, a falha no Sistema Penitenciário do Maranhão durante o governo Flávio Dino já ocasionou outras cenas grotescas.

Foi no Pavilhão Beta do CDP que, há pouco mais de dois meses, foi encontrado de posse dos presidiários um rádio comunicador Ht pertencente à Civiliza Gestão Prisional - antiga VTI Serviços, Comércio e Soluções em Tecnologia da Informação -, empresa de segurança de Fortaleza com filial em São Luís, que faz o trabalho que deveria estar sendo realizado por vigilantes penitenciários concursados.

Bonde dos 40 grava rap direto do Complexo Penitenciário de Pedrinhas
Maranhão

Vídeo foi gravado recentemente. Presidiário chega a citar bairros da Grande São Luís que seriam dominados pela facção criminosa

Um vídeo, obtido com exclusividade pelo Atual7, feito por membros da facção criminosa Bonde dos 40, que disputa o controle do tráfico de drogas fora e dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas com a facção rival Primeiro Comando do Maranhão (PCM), mostra que o governador Flávio Dino (PCdoB) e seu secretário de Justiça e Administração Penitenciária, Murilo Andrade, estão longe de tomarem o controle do maior presídio do Maranhão, onde, por motivos ainda obscuros, detentos continuam tendo fácil acesso a aparelhos de celular dentro das celas.

Gravado direto do Presídio de Pedrinhas (PP), um dos mais perigosos do complexo, o vídeo mostra cerca de 10 integrantes do Bonde dos 40 mandando um "salve" e um "papo reto" em forma de rap, com direitos a caixinha de som com play back de percussão e barulhos de tiros.

"Fecha! Fecha! Fecha! Bonde dos 40, é nós! Galo Cego MC, diretamente da PP [Presídio de Pedrinhas], mandando um salve pra todo a comunidade", canta o preso no início do rap, emendando em outro trecho: "Tamo na PP, representando os 40, e se tentar com nós os PCM não aguenta".

Bairros da Grande São Luís, como Maiobão, Aldeia, Cohatrac, Bairro de Fátima São Raimundo e São José são citados na música como localidades dominadas pelos criminosos. Pelas imagens, como todos os detentos aparecem fardados, percebe-se que o vídeo foi gravado este ano, recentemente.

Assista o vídeo abaixo:

Bonde dos 40 grava rap direto do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Vídeo foi gravado recentemente. Presidiário chega a citar bairros da Grande São Luís que seriam dominados pela facção criminosa. Mais em: http://www.atual7.com/?p=13846

Posted by Atual7 on Terça, 8 de setembro de 2015

Bastidores revelam um inferno chamado Complexo Penitenciário de Pedrinhas
Maranhão

Depoimento é de fonte graduada do Atual7 no Sistema Penitenciário do Maranhão

Em depoimento não assinado por receio de represálias do sistema comunista implantado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) e seu secretário Murilo Andrade, fonte graduada do Atual7 no Sistema Penitenciário do Maranhão revela bastidores do que ocorre no Complexo Penitenciário de Pedrinhas.

Completamente diferente do "milagre" defendido por Dino em recente reunião no Palácio dos Leões com Andrade e a agente penitenciária e ouvidora do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério da Justiça, Valdirene Daufemback, a realidade é que Pedrinhas é um vulcão ativo que a qualquer hora entrará em erupção.

Confira abaixo o depoimento de quem vivencia diariamente o caos e o descaso no maior presídio do Maranhão.

 A verdade sobre Pedrinhas

A ausência de mortes no Complexo Penitenciário de Pedrinhas deve-se única e exclusivamente porque os presos foram separados por facções e trancados em suas celas. E isso se deu ainda no ano de 2014. O enfrentamento às facções no que diz respeito a extirpar as ideologias do crime organizado seria outra fase, mas a separação se deu ainda no ano passado, portanto no governo anterior, e tem levado a zero o número de assassinatos, bem como o fato de estarem, desde a mesma época, trancados por celas, inibe o cometimento de homicídios, pois há como identificar e responsabilizar autores.

Pois bem.

A ausência de assassinatos em Pedrinhas não significa dizer que por lá esteja tudo sob controle. Longe disso, a realidade é que Pedrinhas vive um clima de tensão em que o respeito à dignidade da pessoa humana no cárcere e enquanto funcionários à serviço do estado é totalmente inexistente. E para constatar o que estamos afirmando, façamos o seguinte roteiro pelo complexo de Pedrinhas:

- Passaremos primeiro por trás da enfermaria do núcleo de saúde da Pedrinhas. Veremos a imundície de uma galeria de esgotos entupidos com muito lixo, fezes e centenas de ratos enormes;

- Ainda no Núcleo de saúde, verificaremos que não há médico. Um médico sequer de plantão onde temos uma média de 3.500 pessoas entre presos e funcionários da Sejap, diariamente. E há ainda uma rejeição dos presos por parte do pessoal que deveria cuidar da saúde dos mesmos. As enfermeiras e técnicas não toleram que um interno permaneça por mais de dois dias em observação ou sendo tratado naquele núcleo;

- Na PP (unidade do semiaberto) procurem visitar os pavilhões e verifiquem que a maioria dos vasos (turcos ainda) estão entupidos. E procurem saber o que é a cela apelidada de 40 graus. É uma cela utilizada pra castigo (isolamento), que mesmo contrariando recomendação do MP, ainda é utilizada. O calor e o péssimo estado do ambiente é desumano. É absurdo;

- Agora iremos atravessar a BR e entraremos no CDP de Pedrinhas. Entraremos nas galerias externas dos pavilhões (alfa/beta/gama e delta). Veremos a imundície que são essas galerias que os presos chamam de quintais. A sujeira é tamanha que é impossível o Geop (Grupo de Operações Penitenciárias Especiais) realizar seu trabalho em alguma intervenção. E como as fossas dos pavilhões vivem entupidas os presos fazem suas necessidades em sacolas plásticas e jogam nas galerias. As centenas de ratos gigantes disputam espaços com os gatos doentes. É lá que os presos estendem o que lhes restam dos farrapos dos uniformes. O preso fica desnudo enquanto sua bermuda, já velha e sem cor, seca em um varal improvisado dessa imunda galeria; Verificaremos com os internos do CDP se estão sendo atendidos por dentista ou qual a última vez que viram um médico. E perguntemos também se há no CDP, algum preso com tuberculose ou portador de HIV. E se encontrarem menos de dez internos com tuberculose, desconsiderem este relatório. Nem o leiam mais e parem por aqui. Mas em se confirmando os dez ou mais, sigamos adiante;

- Alguém já imaginou como que deveriam ser os famigerados e desumanos navios negreiros da vergonhosa escravidão? Pois bem! É só visitar a Triagem (COCT) de Pedrinhas, ao lado do CDP. No CDP, as celas foram projetadas para oito presos e encontraremos 13 e 14 por cela, no mínimo. São 13 celas por pavilhão. É só calcular qual seria o limite e perguntar à SEJAP quantos presos há. E na triagem? Sim, na Triagem são doze celas no que a Sejap chama de Triagem "nova" e dois "gaiolões" na tal Triagem "velha". Encontraremos 20 (VINTE) presos por cela. Absurdo isso, mas as celas medem 16 metros quadrados cada, para comportarem tanta gente assim. As celas têm oito camas de cimento e não há, obviamente, colchões para todos os internos e nem uniformes. Muitos presos passam até 40 dias nessa Triagem onde não recebem visitas das suas famílias e ondem sequer há papel higiênico e material para cuidados mínimos com a higiene pessoal. Os kits de higiene só chegam uma vez por mês e quando chegam é em número insuficiente onde os diretores fazem milagres dividindo os mesmos para dois ou três internos;

- Agora vamos para a CADET , onde há o maior número de presos. São em torno de 800 presos. As celas são muito pequenas e onde deveriam comportar quatro presos, estão nove a onze. Umas estão com doze ou treze internos. Uns dormem em redes, outros dividem o mesmo colchão. Cada pavilhão da CADET tem dez pequenas celas e são dez pavilhões. Algumas celas não são utilizadas pois servem de depósito de objetos. As outras são verdadeiros DEPÓSITOS HUMANOS. As pessoas, o mundo, as Autoridades de Brasília deveriam ver as celas do pavilhão I da CADET. As duas celas que ficam para o lado externo do pavilhão. Escuridão, ratos enormes, lixo, lotação e mal cheiro são características dessas celas. Sim, antes que nos esqueçamos: visitem a Cadet em horário das refeições. Verifiquem os bandecos que irão para os presos e vejam se dá pra encarar a comida. O atendimento médico é um caos. E o quarto do encontro/visitas íntimas é um absurdo de calor. Não há ser humano que se submeta a um tratamento desses sem que sinta o mínimo de revolta;

- Agora iremos ao CCPJ de Pedrinhas e encontraremos os mesmos padrões de celas e pavilhões da Cadet, só que em vez de dez pavilhões, encontraremos quatro. A superlotação do CCPJ ainda é pior e onde deveriam estar no máximo quatro, estarão no mínimo doze presos. É uma espécie de caverna sem circulação de ar ou entrada de luz solar e onde há todo tipo de gambiarra de instalação elétrica nas celas. Os banheiros sociais das áreas de acesso onde os internos recebem suas visitas, são vergonhosos e imundos. Os ratos circulam por entre os presos e familiares (muitas vezes crianças);

- No PSL I e II encontraremos outros depósitos humanos. As celas do PSL I foram projetadas para dois presos e comportam no mínimo quatro. As do PSL II só comportariam seis pelo projeto e hoje estão com onze presos, no mínimo. As galerias internas (corredores) e externas (quintais) do PSL II são imundas. O mesmo quadro de imundície das galerias do CDP. E outro fator revoltante para os internos é a ausência da assessoria jurídica. Não há defensores suficientes para o número de presos de Pedrinhas. E alertamos ainda, para que visitem inopinadamente o presídio feminino. Mas deixam pra visitar esta unidade por último e em um dia exclusivo. Pois lá encontraremos crianças filhas de internas e pessoas idosas. E lá, realmente, veremos o quanto o ser humano pode ser tão cruel com a própria espécie. Perguntem àquelas mães como estão sendo tratadas enquanto internas mas, sobretudo, como mulheres e mães. A população carcerária do complexo de Pedrinhas e funcionários sofrem muito com as constantes faltas de água em decorrência de danos nas bombas e caixa d'água da PP que abastece as demais Unidades. Imaginem duzentos e vinte internas e algumas crianças sem água. Seja para as presas beberem, tomarem banho ou sequer providenciarem a alimentação de seus filhos.

A última falta d'água foi semana passada e até o fornecedor de água do carro pipa se recusou à medida contingencial por causa da falta de pagamento por parte da Sejap.

Portanto, por estas e outras razões, Pedrinhas é um vulcão ativo que a qualquer hora entrará em erupção. O fato de não haver homicídio não significa dizer que está tudo bem em Pedrinhas. Que a mão de DEUS proteja aquelas mentes no ergástulo para que não se revoltem a tal ponto pois só agravarão seus problemas. Mas é preciso que as Autoridades, Imprensa e sociedade como um todo saiba que ali estão vidas que já estão pagando pelo que cometeram e não necessitam de sofrimentos e sim de RECUPERAÇÃO.

Só o Amor constrói.

Tenho dito.

Bom Jardim: Beto Rocha e Antônio Cesarino já estão presos em Pedrinhas
Política

A prefeita Lidiane Rocha é considerada foragida pela Polícia Federal. Superintendente da PF solicitou apoio da população para localizá-la

O ex-secretário de Assuntos Políticos de Bom Jardim e ex-marido da prefeita Lidiane Rocha (PP), Beto Rocha, e o ex-secretário de Agricultura, Antônio Cesarino, já estão no presos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís.

Após passar por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), a dupla foi encaminhada à carceragem da unidade Presídio de Pedrinhas (PP).

Também alvo de um mandado de prisão pela Justiça Federal, a prefeita de Bom Jardim é considerada foragida pela Polícia Federal.

Durante o período da tarde, os federais chegaram a procurar Lidiane nas proximidades do Hospital Adroaldo Alves, localizado no próximo município. O prédio foi cercado por populares, mas ela não estava lá.

Em coletiva de imprensa, o superintendente regional da PF, Alexandre Saraiva, pediu apoio da população para localizar a prefeita.

“Solicitamos a todo cidadão de bem do Maranhão que se torne um agente da Polícia Federal e nos auxilie na captura dessa pessoa [Lidiane Rocha]”, disse.

Os desvios de dinheiro público realizados pela quadrilha foram denunciados pelo Atual7, ganhando repercussão nacional no início da semana, por meio do Bom Dia Brasil, da Rede Globo, após o avanço das investigações pelo Ministério Público Estadual, Federal e pela PF.

A foto de Beto Rocha e Antônio Cesarino no camburão é de De Jesus, de O Estado.

Crise: Vazamento de motim derruba diretor da Penitenciária de Pedrinhas
Política

Titular da Sejap não gostou do vazamento de informações sobre o controle dos presos na unidade, por quase uma hora

O clima é tensão e pressão no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, após a revelação feita pelo Atual7 de que o titular da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap) do Maranhão, Murilo Andrade, tentou abafar três ocorrências ocorridas em três unidades diferentes, no sábado (24) e domingo (25), no maior presídio do estado.

Importado de Minas, Murilo Andrade quer administrar Pedrinhas assim, na calada
Blog do Roberto Lobato Operação abafaImportado de Minas, Murilo Andrade quer administrar Pedrinhas assim, na calada

Na terça-feira (28), o secretário reuniu todos os diretores das unidades prisionais e, em total prática de crime assédio moral, soltou os cachorros pra cima dos subordinados, a fim de saber quem vazou a ficha cadastral de um detento da Casa de Detenção (Cadet), identificado pelo Atual7 em acesso exclusivo a documentos internos como Raimundo Francisco Cantanhede, o Del, que fugiu de Pedrinhas pulando o muro da frente.

Murilo Andrade reclamou ainda de ter sido descoberto quanto a uma nota oficial da Sejap em que faltou com a verdade ao declarar que houve apenas um princípio de tumulto no bloco F2 da Penitenciária de Pedrinhas (PP), quando um grupo de presos lançou pedras em uma equipe de agentes do Geop (Grupo Especial de Operações Prisionais) que faz a segurança interna do local.

Por causa do vazamento de que os presos quebraram a cadeia por quase uma hora, quebraram ainda as lâmpadas e câmeras de segurança do pavilhão, além dos holofotes da quadra, o titular da Sejap exonerou, na reunião mesmo, na frente de todos, o agora ex- diretor da PP, Raimundo Gomes. Em seu lugar, assumiu outro agente penitenciário, Washington Cabral.

De acordo com fontes do Atual7, Gomes agora é o "prefeito" do complexo, responsável pela faxina e pequenas manutenções em todo os presídios de Pedrinhas, realizadas por uma equipe de dez presos.

Rádio comunicador da Civiliza

Já nessa quarta-feira (29), após o Atual7 revelar que agentes penitenciários encontram um rádio comunicador Ht, pertencente à Civiliza Gestão Prisional, em posse de presos que estavam cavando um túnel, Murilo Andrade mandou que fosse disparada nota para a Secom - responsável pelo contato direto com a imprensa -, dando conta que o rádio comunicador não teria sido encontrado em posse dos nove internos alojados na cela na cela 8, do bloco Beta, mas "caído no chão do corredor".

A nova tentativa de abafamento do caos e da corrupção em Pedrinhas, agora com a nova revelação, deve ser abortada.