Palmeirândia
Alvo da PF na Operação Cobiça Fatal volta a ganhar licitações da saúde no MA
Cotidiano

Precision Soluções em Diagnósticos, que CGU diz ser de fachada e operada por laranjas, fechou R$ 1,5 milhão em contratos com prefeituras após investigação federal contra desvio de recursos da Covid-19

Uma empresa de fachada suspeita de integrar suposta associação criminosa voltada à fraude em processos licitatórios e irregularidades contratuais, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro voltou a ganhar licitações da saúde no Maranhão.

Em junho do ano passado, a Precision Soluções em Diagnósticos foi alvo da Operação Cobiça Fatal, deflagrada pela Polícia Federal em São Luís, por indícios de superfaturamento e desvios de recursos públicos destinados ao enfrentamento à Covid-19 na capital.

Segundo levantamento da CGU (Controladoria-Geral da União), que auxiliou nas investigações, a empresa tem capacidade técnico-operacional duvidosa e atua no mercado por meio de laranjas.

Mesmo assim, a empresa voltou a participar de licitações menos de um mês após ser alvo de mandados de busca e apreensão e de sequestro e bloqueio de bens, e ganhou certames abertos para o fornecimento de materiais e insumos à rede pública municipal, inclusive para combate ao novo coronavírus.

Os novos contratos com a empresa de fachada, parte com verba federal, foram firmados com as prefeituras de Santa Inês, Pedreiras, Pinheiro, Palmeirândia, Santo Antônio dos Lopes, Alto Alegre do Pindaré e Fortaleza dos Nogueiras. Somados aos aditivos, alcança a marca de R$ 1,5 milhão.

Em Santa Inês, único contrato celebrado pela administração passada, de Vianey Bringel (DEM), teve aditivo assinado no início do ano pela atual gestão, sob Felipe dos Pneus (Republicanos). Por R$ 985 mil, a Precision Soluções se comprometeu a entregar reagentes para bioquímica, hematologia, coagulação, gasometria entre outros e insumos laboratoriais com cessão de aparelho em comodato, para atendimento dos laboratórios central e do hospital municipal.

Com a gestão de Luciano Genésio (PP), em Pinheiro, a empresa de fachada teve homologada uma ata de registro de preços de R$ 174 mil para fornecimento de teste rápido para diagnóstico da Covid-19, que ganhou adesão da prefeitura de Palmeirândia, administrada por Edilson da Alvorada (Republicanos).

Prefeito de Alto Alegre do Pindaré pela quarta vez, a administração do pecuarista Fufuca Dantas (PP) também contratou testes para diagnóstico da doença, ao custo de R$ 65 mil, mas por licitação própria.

A Precision Soluções e todas as gestões municipais que licitaram e fecharam acordos com a empresa de fachada após a Operação Cobiça Fatal foram procuradas pelo ATUAL7, mas não retornaram o contato.

Governador curte férias enquanto atraso em repasse para hospital entra no sexto mês
Política

Unidade fica em Palmeirândia, na Baixada Maranhense, de onde Flávio Dino tirou recentemente R$ 42,8 milhões para investir num município onde um candidato do PCdoB disputa a prefeitura

Para quem tachou como falta de humanidade e gesto de desrespeito a ação tomada pelo secretário de Saúde do Distrito Federal, Fábio Gondim, que foi secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão no governo Roseana Sarney, deve então encontrar agora uma palavra de maior ojeriza que defina bem o que fez o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

No DF, mesmo com a saúde pública na UTI, Gondim saiu de férias em menos de seis meses no cargo. Já no Maranhão, a situação é semelhante, porém, pior: por aqui, também mesmo com a saúde pública em estado terminal, foi o governador quem resolveu sair de férias, e os seis meses é o tempo em que o Hospital Padre Bento Dominici está sem receber repasses da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Localizado no município de Palmeirândia, na Baixada Maranhense, a unidade de 20 leitos está prestes a fechar as portas, por não ter como continuar atendendo a população sem os repasses de R$ 60 mil que deixaram de ser feitos desde julho de 2015.

Inaugurado há quase um ano pelo governo anterior, o Hospital Padre Bento Dominici custou aos cofres públicos o total de R$ 4.936.902,28, sendo R$ 3.695.902,28 em obras civis e R$ 1.241.000,00 em equipamentos. O hospital dispõe de Serviço de Pronto Atendimento (SPA), centro de parto e cirúrgico, exames de raio-x e laboratoriais, farmácia e demais setores administrativos, mas nada que pudesse levar o governador do Maranhão a efetuar os repasses mensalmente, ou que se compare à sua viagem de férias - estranhas, por sinal, já que não levou esposa, Daniele Lima -, antes de quitar os atrasados.

E se você já encontrou um nome para definir o que Flávio Dino fez - ou é - por tirar férias mesmo com o hospital de Palmeirândia sem receber repasses para o seu funcionamento há seis meses, procure agora uma nova palavra: quase todos os outros hospitais mantidos pelo Estado nos municípios estão com os repasses em atraso, entre cinco a quatro meses, incluindo o Regional de Pinheiro, o Hospital Dr. Jackson Lago, também na Baixada Maranhense, e recém-inaugurado pelo comunista.

Outro lado

O Atual7 procurou o secretário de Saúde, Marcos Pacheco, bem como a assessoria de Comunicação da SES e a Secretaria de Estado de Comunicação (Secom), desde o início da tarde, mas nenhum retornou o contato. Único a responder aos questionamentos, o subsecretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, confirmou o atraso nos repasses para Palmeirândia, mas não soube precisar há quantos meses vem ocorrendo, mesma resposta dada também sobre a quantidade de hospitais da rede pública estadual de saúde que estão sem receber. "Dificuldades financeiras. Mas vamos resolver isso em 2016", justificou ele sobre o motivo dos atrasos.

Baixada abandonada

Não é a primeira vez que, em pouco menos de um mês, Flávio Dino demonstra que não pretende olhar para a população da Baixada Maranhense durante o seu governo.

No início de dezembro do ano passado, conforme publicação no Diário Oficial do Estado do Maranhão, o comunista decidiu cancelar nada menos que R$ 42,8 milhões que seriam investidos na construção dos utópicos Diques da Baixada. Como o dinheiro deveria parar em algum lugar, o próprio D.O. tratou de apontar: o dinheiro foi todo para a construção de estradas no município de São João dos Patos, onde o secretário de Assuntos Políticos e Federativos, Márcio Jerry Barroso, esteve no início de outubro passado, para evento de filiação do pré-candidato patoense a prefeito da cidade, Tio Jardel, ao PCdoB, partido do governador.