Retrospectiva 2017
Sete fatos inacreditáveis que marcaram a política do MA em 2017
Política

Poder ganhou casos inusitados ao longo do ano, como Flávio Dino culpar Roseana por desvios em seu próprio governo e Duarte Júnior subir numa marquise para estrelar propaganda do Procon

Com o ano de 2017 a poucos dias para o seu fim, o ATUAL7 resolveu relembrar aos leitores fatos inacreditáveis produzidos pela politica maranhense ao logo dos últimos 12 meses.

Houve de tudo. Teve Flávio Dino culpando Roseana Sarney por desvios em sua própria gestão, narcotraficante ganhado liberdade sem precisar sequer utilizar monitoramento eletrônico e, o mais recente, o presidente do Procon subindo numa marquise para estrelar a propaganda do órgão. Confira os piores momentos da política no Maranhão em 2017:

1. Promoção pessoal

O governador Flávio Dino (PCdoB) ignorou o parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa e alegou vício de inconstitucionalidade para vetar projeto de lei do deputado César Pires (PEN) que disciplinaria a veiculação impessoal de publicidade e propaganda do Governo Estadual e dos Municípios, seus respectivos Poderes e Entidades da Administração Indireta.

Se houvesse sancionado a proposta, além de por fim às marginalidades de prefeitos e presidentes de Câmaras que pintam prédios públicos com alusão às suas logomarcas de campanha e com cores de seus partidos, o comunista teria acabado também com promoções pessoais mais descaradas ainda, como a feita pelo seu próprio governo, que malandramente fixou uma placa do programa Escola Digna em Marajá do Seja com a expressão “Governo Flávio Dino”.

2. Esquema complexo

Questionado pelo jornalista Eduardo Faustini, o repórter secreto do quadro Cadê o dinheiro que tava aqui?, no Fantástico, da Rede Globo, sobre a inércia total da Secretaria de Estado da Saúde (SES) diante da primeira descoberta de roubo de mais de R$ 18 milhões do setor, o titular da pasta, Carlos Eduardo Lula, declarou que não conseguiu perceber os desvios milionários em razão do sistema operado pela organização criminosa ser “complexo”.

Como o dinheiro era afanado?!

Segundo a força-tarefa da Sermão aos Peixes, operadores da quadrilha sacavam na boca do caixa e escondiam na cueca e numa mochila o dinheiro que deveria ter sido utilizado para o funcionamento da rede pública estadual de saúde.

3. Pizza de peixe

Deputados da base governista na Assembleia Legislativa do Maranhão transformaram em gravação clandestina um áudio compartilhado pelo próprio deputado Levi Pontes (PCdoB) confessando desvio de verba pública, crime eleitoral e improbidade administrativa.

Com a estratégia, Pontes foi inocentado em uma representação que pedia a cassação de seu mandato.

No áudio em questão, o parlamentar comunista manda separar para ele quilos e quilos de pescado que havia sido adquirido com recursos da Prefeitura Municipal de Chapadinha. Pior ainda: o peixe seria roubado era pra ser distribuído em outros municípios, onde o deputado mantém feudo eleitoral.

4. Culpa de Roseana

Pilhado no escandaloso esquema de corrupção desbaratado pela Sermão aos Peixes, o governador Flávio Dino tentou passar para a população maranhense que desvios acontecidos em 2015, 2016 e agora em 2017, no setor da saúde, aconteceram por culpa de sua antecessora, a ex-governadora e agora pré-candidata ao Palácio dos Leões, Roseana Sarney.

Pressionado e ridicularizado nas redes sociais, ele voltou atrás e adotou a estratégia lulista de se passar por perseguido e atacar a Polícia Federal.

5. Coronelismo gospel

Esquecida por institutos de pesquisa no início da pré-campanha ao Senado, e enfrentando dificuldades para convencer o atual mandatário do Palácio dos Leões a ungir sua entrada na disputa, a deputada federal Eliziane Gama (PPS) apelou para o que há de mais medieval e torpe no período eleitoral: o coronelismo gospel.

Vendendo que os pastores da Igreja Assembleia de Deus são os donos dos votos dos eleitores evangélicos, inclusive os de outras congregações, Gama passou a repetir por onde vai que sua pré-candidatura ao Senado é um projeto não dela própria, mas de Deus. E que todos os evangélicos do Maranhão estão fechados em oração e votos com ela.

6. Narcotraficante, mas livre

Líder de uma organização criminosa especializada em tráfico de drogas e armas, homicídios, extorsões, assaltos a instituições financeiras e caixas eletrônicos, o periculoso Heverton Soares Oliveira foi posto em liberdade pelos desembargadores Tyrone José Silva e Froz Sobrinho, da Terceira Vara Criminal do TJ-MA, após rápida estadia no Complexo Penitenciário de Pedrinha.

Apesar da Polícia Civil haver encontrado com o criminoso quatro fuzis AR/M4 5.56; duas pistola 9mm; uma submetralhadora UZI israelense, uma pistola .380, um revólver calibre 38; uma pistola marca Taurus PT 24/7; três carregadores de pistola 24/7; e 43 munições calibre 40 hollypoint, ao analisarem um pedido de habeas corpus, os magistrados entenderam que as informações não demonstravam a necessidade da prisão cautelar do elemento.

O narcotraficante ganhou as ruas sem sequer ter acompanhamento por tornozeleira eletrônica.

7. Garoto Mídia

Ridicularizando a política maranhense e a própria imagem, o imberbe Hildélis Duarte Júnior subiu na marquise da sede do Procon maranhense, na Beira-Mar, em São Luís, para estrelar a propaganda institucional do órgão.

Como Duarte é uma invenção de pré-candidatura de deputado estadual de Flávio Dino, o ato virou motivo de piada e foi rapidamente associado a tirada do legendário Vitorino Freire: “quando você vê jabuti trepado ou foi enchente ou foi mão de gente”.

Concessões a narcotraficante e agiota marcam o 2017 do Judiciário no MA
Política

Habeas corpus e mandado de segurança suspeitos concedidos por desembargadores ofuscaram a eleição do novo presidente da Corte e renúncia de juiz a penduricalhos. CNJ investiga os dois casos

A inédita disputa entre os desembargadores Nelma Celeste Sarney e José Joaquim Figueredo pelo comando do Poder Judiciário do Maranhão e a renúncia feita pelo juiz Roberto de Oliveira Paula a penduricalhos em seu contracheque, que deveriam entrar para os anais da história como os principais fatos que marcaram a Corte em 2017, acabaram sendo ofuscados por concessões suspeitas de outros membros do tribunal a um narcotraficante e a um agiota.

Das mais graves, duas merecem destaque por ter sujeitado à vergonha a deusa grega Têmis, titânide por meio da qual a Justiça é definida, no sentido moral, como o sentimento da verdade, da equidade e da humanidade. A ignomínia atinge a divindade em razão do Tribunal de Justiça, ante idas e vindas de prefeitos cassados ou afastados ao comando dos cofres dos municípios, já estar há muito em total descrédito junto à população maranhense.

O desembargador Tyrone Silva, alvo de investigações no CNJ por concessões de habeas corpus e mandado de segurança que beneficiaram o narcotraficante e o agiota
Ribamar Pinheiro/TJ-MA O soltador-geral da Corte O desembargador Tyrone Silva, alvo de investigações no CNJ por concessões de habeas corpus e mandado de segurança que beneficiaram o narcotraficante e o agiota

Líder de uma organização criminosa especializada em tráfico de drogas e armas, homicídios, extorsões, assaltos a instituições financeiras e caixas eletrônicos, o periculoso presidiário Heverton Soares Oliveira foi posto em liberdade em outubro último, pelos desembargadores Tyrone José Silva e Froz Sobrinho, da Terceira Vara Criminal do TJ-MA, após rápida estadia no Complexo Penitenciário de Pedrinha.

Mais: sem o uso de tornozeleira eletrônica.

Apesar da Polícia Civil haver encontrado com o criminoso quatro fuzis AR/M4 5.56; duas pistola 9mm; uma submetralhadora UZI israelense, uma pistola .380, um revólver calibre 38; uma pistola marca Taurus PT 24/7; três carregadores de pistola 24/7; e 43 munições calibre 40 hollypoint, o tribunal informou em nota, divulgada à época, que as informações não demonstravam a necessidade da prisão cautelar de Heverton Oliveira.

O delegado Thiago Bardal, titular da temida Seic e autor das representações e pedidos de investigação contra desembargadores do Maranhão
Reprodução Quase extinto O delegado Thiago Bardal, titular da temida Seic e autor das representações e pedidos de investigação contra desembargadores do Maranhão

Sobre o alvará de soltura, a culpa foi jogada em um funcionário da Corte, de nome até hoje não identificado.

Por conta da concessão de habeas corpus pra lá de suspeita, o delegado Thiago Bardal, da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), decidiu pedir a abertura de uma investigação no Maranhão pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O outro caso grave que marcou o Poder Judiciário maranhense em 2017 envolve novamente o desembargador Tyrone Silva.

Famoso por roubar dinheiro público por meio da Máfia da Agiotagem, o maior empresário do mercado financeiro paralelo no Maranhão, Josival Cavalcante da Silva, o Pacovan, foi posto em liberdade e teve seus bens desbloqueados — os que ele utilizava para lavar a verba — por Tyrone, numa decisão de apenas três laudas.

Novamente a pedido do destemido Bardal — não é qualquer delegado que tem coragem e ousadia, no Maranhão, para denunciar membros do Judiciário por suspeita de corrupção —, o CNJ abriu investigação para apurar o caso.

Domingos Dutra fecha 2017 na mira de quatro ações do Ministério Público
Política

Prefeito de Paço do Lumiar termina primeiro ano de gestão marcado por ocultação de gastos públicos e desastre administrativo

Ex-deputado federal, o prefeito do município de Paço do Lumiar, Domingos Dutra (PCdoB), representa o que há de mais atual no célebre provérbio chinês de que ser pedra é fácil, o difícil é ser vidraça.

Acostumado a ser ferrenho em suas críticas a quem ocupava o Executivo, Dutra termina o ano de 2017, primeiro de sua gestão, alvo de pelo menos quatro ações do Ministério Público do Maranhão, por ocultação de gastos públicos e desastre administrativo, correndo o risco até mesmo de perder o mandato.

Nos últimos 12 meses, a aventura de Dutra na prefeitura acrescentou ao seu histórico esquerdista pelo menos uma Ação Civil Pública obrigando-o a abrir concurso público para o preenchimento de cargos efetivos na Procuradoria do Município; uma outra, para que ele saia da marginalidade e mantenha em pleno funcionamento o Portal da Transparência da prefeitura; outra para que seja forçado a cumprir um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e realize concurso para professores da rede municipal de Paço do Lumiar; e, a mais recente e importante de todas, que passe a garantir condições adequadas para os estudantes com necessidades educacionais especiais matriculados na rede municipal de ensino.

Apenas em relação a uma delas, de que não tem uma gestão transparente, o prefeito de Paço esboçou reação. Mas nada de pedido de desculpas, choro público ou greve de fome — coisas que sempre fez nos últimos anos —, por não conseguir cumprir o que sempre cobrou dos outros.

Domingos Dutra foi a redes sociais e emitiu nota, na verdade, para acusar o Ministério Público de contribuir “para que oportunistas e adversários políticos” o condenem sem direito a defesa, e para arvorar, de pés juntos, que possui “uma história de honestidade”.

Esse tipo de discurso, porém, servia à época em que cabia a Dutra apenas fiscalizar e atirar.