UPA
Vigilância encontra UPAs funcionando sem esterilização e com alvará sanitário desatualizado
Cotidiano

Ministério Público apura as inconformidades em dois inquéritos. Em um deles, é investigada a morte de uma paciente

Materiais sujos usados na atividade médica em contato com material limpo, ausência de protocolos de limpeza e de preparo e esterilização de artigos médicos hospitalares, ambientes insalubres e até alvará sanitário desatualizado. Estas e outras inconformidades foram flagradas em inspeções/reinspeções e vistorias realizadas pela Suvisa (Superintendência de Vigilância Sanitária), entre 2017 e 2019, nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) do Bacanga, Vila Luizão, Vinhais, Araçagy, Parque Vitória e da Cidade Operária.

Todas estão sob a gestão da Emserh (Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares), implantada no início do primeiro governo de Flávio Dino (PCdoB).

As informações constam em pelo menos dois inquéritos instaurados pela da 18ª Promotoria Especializada de Defesa da Saúde, aos cuidados do promotor Herberth Costa Figueiredo, do Ministério Público do Maranhão. Os documentos foram obtidos com exclusividade pelo ATUAL7.

Em um deles, inclusive, é apurado o motivo e as circunstâncias do falecimento de uma paciente na UPA do Parque Vitória.

Segundo as investigações, relatório fotográfico de inspeção realizada naquela unidade em agosto desde ano mostra diversas inconformidades que põem a vida dos pacientes e dos próprios funcionários em risco, como: infiltração na recepção, banheiros sujos e mal conversados, pia para lavagem de mãos sendo utilizada para preparação de medicamentos, garrafões de água mineral acondicionados de forma incorreta, sala de medicação infantil desorganizada e célula de resíduo infectante subdimensionada.

Já na UPA de maior número de atendimentos, a da Cidade Operária, sequer foi encontrada a existência de contrato formal com empresa terceirizada de esterilização de artigos termossensíveis e nem de execução de projeto de adequação da CME (Central de Material Esterilizado).

Em quase todas as UPAs a Vigilância Sanitária encontrou, dentre diversas outras inconformidades, equipamentos e mobiliários danificados ou oxidados, além de estrutura física e armazenamento de roupas limpas inadequados.

Procurado, por e-mail, desde a segunda-feira 16, o governo Dino não retornou o contato.

Após derrota de Levi, Dino entrega UPA de Chapadinha para Magno
Política

Deputado do PCdoB foi gravado negociando a manutenção da unidade pelo Palácio dos Leões em troca de apoio eleitoral

Cerca de dois meses depois do resultado das eleições de 2018, quando foi confirmada a derrotada do deputado estadual Levi Pontes (PCdoB) nas urnas, o governador Flávio Dino (PCdoB) resolveu entregar o comando da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Chapadinha para a administração municipal, comandada pelo prefeito Magno Bacelar (PV).

Levi, conforme publicado pelo ATUAL7, foi flagrado ainda na pré-campanha eleitoral negociando a manutenção da gestão da UPA pelo Palácio dos Leões, em troca de apoio do prefeito de Chapadinha à sua reeleição, o que aponta para uma possível relação entre os casos na tomada de decisão do chefe do Executivo estadual.

Segundo a gravação, onde ele chega a chamar Flávio Dino de “filha da puta”, se tivesse apoio do gestor, Levi garantiria o comando da UPA com o governo. Caso não tivesse, a UPA seria entregue para a gestão de Magno. Por conta das ameaças às custas dos cofres públicos, uma representação na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Maranhão foi protocolada contra o comunista, mas segue arquivada pelos integrantes do colegiado, formado por governistas.

Sermão aos Peixes

Outro caso relacionado à suposta corrupção, também com ligação direta com a UPA de Chapadinha, diz repeito a um inquérito da Polícia Federal que tem como indiciado o secretário estadual de Saúde, Carlos Eduardo Lula, no âmbito da Operação Sermão aos Peixes, a maior da PF no Maranhão.

Carlos Lula é suspeito de haver fraudado um processo licitatório para favorecer o Instituto de Desenvolvimento e Apoio à Cidadania (Idac), alvo de duas fases da Sermão aos Peixes.

Retaliação

Além disso, a entrega da administração da UPA de Chapadinha para o município pode ter relação ao apoio dado por Magno Bacelar a Roseana Sarney (MDB), adversária do governador do Maranhão na disputa pelo Palácio dos Leões nas eleições de outubro deste ano.

O ato de Dino, no caso, representaria uma retaliação ao prefeito de Chapadinha, que diante da crise financeira e econômica atravessada pela país, dificilmente conseguirá manter a UPA em pleno funcionamento com os apenas R$ 200 mil que o governo comunista promete repassar a custo de auxílio.

Outro lado

Apesar do Palácio dos Leões alegar em ofício a Magno Bacelar que a entrega da UPA de Chapadinha para a administração municipal foi feita em razão da inauguração do Hospital Geral de Chapadinha em agosto último, em razão da demora de três meses para o ato administrativo, o ATUAL7 encaminhou e-mail ao governo estadual questionando se o ato tem ou não relação com a derrota de Levi Pontes; o indiciamento de Carlos Lula; ou apoio dado pelo prefeito do município a Roseana Sarney.

O espaço está aberto para manifestação.

Criança corre risco de morrer na UPA do Vinhais por falta de atendimento
Maranhão

Menina de apenas um ano está internada com pedra na vesícula e aguarda por um exame de tomografia computadorizada há 14 dias

A falta de atendimento adequado por parte da Secretaria de Estado da Saúde (SES) pode levar uma criança a morte, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Vinhas, em São Luís.

Internada na unidade desde o último dia 14, a menor H.L.L.A, de apenas um ano de idade, foi encaminhada para a UPA do Vinhais após não conseguir atendimento em outra UPA da cidade, localizada na Cidade Operária. Ela possui pedra na vesícula, tendo inclusive uma dessas pedras já presa no duto biliar, bloqueando o fluxo da bile para o intestino.

Durante todo esse período, a criança aguarda por um exame de tomografia computadorizada, para saber se existe inflamação ou não vesícula. Contudo, até o momento, a direção da UPA tem apenas jogado a criança de um lado para o outro, sempre com uma desculpa diferente para a não realização do exame. As alegações já foram muitas: primeiro disse que não havia médico; depois que já havia médico, mas não tinha aparelho para a realização do exame; depois que já havia o aparelho, porém a unidade estava sem pediatra para acompanhá-la; depois informou já haver pediatra, porém que necessitava a presença de outros membros da equipe médica.

Até a falta de maca foi dada para a mãe como justificativa para a não realização do exame.

O ATUAL7 solicitou por e-mail à Secretaria de Estado de Comunicação e Assuntos Políticos, e diretamente ao titular da SES, Carlos Lula, um posicionamento sobre o assunto e aguarda retorno.

A criança já está pálida, com febre alta e chora a todo momento, provavelmente pela dor intensa que ocorre enquanto a pedra permanecer no duto. Quando isso acontece, o sintoma frequente é uma dor intensa do lado direito superior do abdome, que pode ainda irradiar para a parte de cima da caixa torácica ou para as costelas.

Apesar de estar internada no local há duas semanas, segundo funcionários da unidade que procuraram o ATUAL7 para denunciar o caso, a menina sequer teve registrada a sua entrada num prontuário. Esses funcionários afirmam que essa é uma nova estratégia adotada pela SES para não gerar estatística, em caso de morte de pacientes.

São Luís: Pacientes de UPA são tratados com descaso e esperam até 18h por atendimento
Maranhão

Diagnosticados com apendicite aguda perfurada e esteatose aguda, dois pacientes tiveram de permanecer sem água e alimentação enquanto aguardagavam transferência

Dentre todas as áreas precárias do Maranhão, a saúde é a que mais deixa a desejar na gestão do atual governo. As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Estado, que por um bom tempo receberam elogios por conta da estrutura, da administração e do bom atendimento, ultimamente só se envolvem em críticas e escândalos.

É o caso de uma denúncia feita ao Atual7, que dá conta de que dois pacientes diagnosticados com apendicite aguda perfurada e esteatose aguda, tiveram se der obrigados a esperar por até 18 horas na UPA do Vinhais para serem transferidos para o Hospital Dr. Carlos Macieira, onde fariam as cirurgias. O descaso ocorreu durante o início da noite dessa terça, 4, e tarde desta quarta-feira, 5.

Por todo o longo e doloroso tempo de espera, os pacientes foram recomendados a não comer e nem beber absolutamente nada, por conta da cirurgia que seria feita. Ambos fracos, sem água, alimentação e nem leito disponível, eles esperaram sem internação, pela transferência ao Carlos Macieira, sentindo fortes dores. A publicitária Fernanda Fantato, filha de um dos pacientes já idoso, de 72 anos, informou que o pai teve o quadro de saúde agravado por conta da longa espera.

“Quando chegamos à UPA a inflamação da apêndice estava baixa, tanto que foi necessário fazer uma tomografia para que os médicos pudessem descobrir o que ele tinha. Ele ficou a noite e a madrugada inteira sentindo dores sentado em uma cadeira de plástico, sem assistência nenhuma. Depois que o laudo saiu, a médica pediu novo exame de sangue, que resultou em um quadro da inflamação, que triplicou. Ela disse que ele teria que ser submetido a cirurgia com urgência e mesmo assim ele esperou 18 horas para ser transferido. Quando chegou para fazer a cirurgia, descobriram que a apêndice já tinha supurado”, disse a publicitária.

Fernanda contou ainda que os problemas de atendimento continuaram no Hospital Carlos Macieira. “A cirurgia terminou as 15h e as 20h30 ninguém sabia me informar sobre o estado de saúde do meu pai. Ele teve complicações cardíacas durante a cirurgia no Carlos Macieira, foi levado para UTI e ninguém me informou nada, mesmo com todos os meus contatos disponíveis”, denunciou.

Mais descasos

Essa não é a primeira reclamação que pacientes fazem das UPAs do estado.

Nesses sete meses em que o governador Flávio Dino (PCdoB) está no poder, médicos e enfermeiros já denunciaram a má qualidade das refeições oferecidas, pacientes já reclamaram da dificuldade que estão enfrentado para marcação de consultas na UPA da Cidade Operária, e vários casos já foram registrados sobre o descaso com pacientes que precisam ser transferidos e operados às pressas.

Política

Além dos buracos na entrada principal, os dois banheiros da unidade estão sem as postas

Além dos buracos na entrada na unidade, banheiros do Socorrinho I estão sem portas
WhatsApp Situação revoltante Além dos buracos na entrada na unidade, banheiros do Socorrinho I estão sem portas

O descaso da administração municipal de São Luís, comandada pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior, do PTC, chegou ao cúmulo de abandonar não somente o atendimento médico, mas a própria da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Cohatrac, o Socorrinho I.

Imagem enviada por WhatsApp ao Atual7 mostra um buraco e uma cratera na entrada principal da unidade, já na parte de dentro do estacionamento utilizado por ambulâncias e usuários do local.

Além da buraqueira - e da água suja acumulada na cratera - , a imagem revela ainda que os dois banheiros do Socorrinho I, que ficam na entrada principal da unidade, estão funcionando sem as portas.

Novas UPAs

Além do descaso com Socorrinho I, o prefeito de São Luís ainda não cumpriu com a promessa de construção de três novas UPAs na capital, feita ainda em janeiro de 2013, quando foi lançada a Agenda Estratégica dos 120 Dias, que previa ações e metas prioritárias para o início da gestão petecista.

Uma dessas unidades já deveria estar funcionando na Zona Rural de São Luís, que inclusive já recebeu a verba enviada pelo Governo Federal, mas nada saiu do papel após quase três anos de comando de Edivaldo Holanda Júnior no Executivo municipal.