Benedito Silva Carvalho
Bomfim condena Péricles Silva a 7 anos de prisão e Benedito Carvalho a 5 anos
Cotidiano

Sentença contra ex-dirigentes do ICN trata da Operação Voadores, terceira fase da Sermão aos Peixes

Dois ex-dirigentes da organização social ICN (Instituto Cidadania Natureza) foram condenados à prisão por desvios de recursos federais do FNS (Fundo Nacional de Saúde) repassados ao Maranhão para o FES (Fundo Estadual de Saúde), administrado pela SES (Secretaria de Estado da Saúde). A sentença trata da Operação Voadores e foi proferida, no último dia 13, pelo juiz federal Luiz Régis Bomfim Filho, responsável pela Sermão aos Peixes em primeira instância.

De acordo com o Estadão, primeiro a publicar a informação, Péricles Silva Filho pegou sete anos e seis meses de reclusão, e Benedito Silva Carvalho cinco anos e quatro meses. Ambos inicialmente em regime semiaberto.

Segundo as investigações, eles teriam sacado cheques diretamente das contas abertas pelo ICN exclusivamente para administração de unidades hospitalares no estado.

Um dos cheques, consta no relatório da Polícia Federal, foi utilizado para pagamento do estabelecimento gastronômico de luxo OAK by Expand e Adega, em São Luís, especializado na venda de vinhos. O valor foi de RS 15.482,55.

“Apesar de curiosa, a leitura do cheque acima demonstra que enquanto a população sofria com um sistema de saúde precário, os investigados se davam ao luxo de utilizarem dos recursos públicos repassados ao ICN para o custeio de despesas num adega de vinho, o que robustece ainda mais os indícios de que os gestores do ICN tratavam as verbas públicas como se deles fossem”, diz a PF no documento.

Péricles Silva e Benedito Carvalho foram condenados, ainda, à perda do cargo ou função pública pelo prazo de cinco anos e ao pagamento de 100 dias-multa e 72 dias-multa, respectivamente. Bomfim atribuiu o valor de cada dia-multa no patamar de um salário mínimo.

Foi, também, mantido o bloqueio e decretada a perda de R$ 644,5 mil das contas do ICN para reparação do dano causado aos cofres públicos.

PF investiga o que são as “outras coisas” pagas pelo ICN ao governo
Política

Uso de dinheiro desviado para esse tipo de sustento foi descoberto numa interceptação telefônica

A Polícia Federal investiga, no bojo da 5º Fase da Sermão aos Peixes, denominada Operação Pegadores, o que são as “outras coisas” pagas pelo Instituto Cidadania e Natureza (ICN) ao governo Flávio Dino, do PCdoB.

O sustento dessas, literalmente, “outras coisas” com o dinheiro público é revelado num diálogo entre uma funcionária da Secretaria de Estado da Saúde (SES), por ora identificada pela PF apenas como Alana, e o médico Benedito Silva Carvalho, do ICN, no mesmo trecho sobre a famigerada Folha Complementar.

Na conversa transcrita abaixo, as partes em negritos foram destacadas pelos próprios investigadores.

ALANA: Espera só o pouquinho seu BENEDITO, eu vou passar o telefone pra ele [Carlos Lula, secretário estadual de Saúde], mas antes deixa eu lhe perguntar uma coisa: o que é a FOLHA complementar?

BENEDITO: FOLHA COMPLETAR, que tem aí?

ALANA: É...

BENEDITO: É aquela história do... do... dos... das... da relação que veio aí da Secretaria... pra gente pagar!

ALANA: Ahn! Que o povo não tem vínculo!

BENEDITO: É, e outras coisas também... é a... é hora extra... doutora mandaram pra gente pagar tanta coisa que.... (risos).

Mais de R$ 18 milhões, segundo a força-tarefa da Sermão aos Peixes, foram desviados por meio do esquema apenas nos primeiros anos do governo comunista.

Marcos Pacheco também conversou com dono do ICN sobre sinecuras na SES, diz PF
Política

No diálogo, Benedito Carvalho diz ao secretário de Saúde que 'eles tem mais a ganhar do que perder com as contratações das mulheres indicadas'

O secretário de Saúde do Maranhão, médico Marcos Pacheco, também conversou com um dos donos do Instituto Cidadania e Natureza (ICN), Benedito Silva Carvalho, sobre a possibilidade de sinecurar aliados no sistema estadual público de saúde.

Relatório da PF comprova que governo Flávio Dino também foi investigado e descoberto em suposta prática criminosa na Saúde
Blog do Neto Ferreira Proclamação da Corrupção Relatório da PF comprova que governo Flávio Dino também foi investigado e descoberto em suposta prática criminosa na Saúde

É o que aponta novo trecho do relatório da Polícia Federal sobre a Operação Sermão aos Peixes, publicado no final da noite dessa segunda-feira 23, com exclusividade, pelo Blog do Neto Ferreira, que diz ter interceptado uma ligação telefônica entre ambos, com autorização da Justiça, e flagrou o momento em que Pacheco e Benedito acertavam a entrada de suas mulheres no Hospital de Câncer do Maranhão, a pedido da ex-diretora da unidade, Maria Ilvanicia Braga Bordalo de Figueiredo. Indicada para o cargo pelo senador Roberto Rocha, ela caiu no cargo no final de março deste ano, dias após ter o pedido interceptado pela PF.

De acordo com o novo trecho do relatório, o dono e presidente do ICN, que teve contrato rompido com o governo Flávio Dino somente após determinação da Justiça, desenvolvia "importante função de articulador do grupo, tem trânsito no interior da SES". O documento diz ainda que Benedito Carvalho vinha "realizando contatos" para que fosse "dada continuidade às atividades ilícitas" do instituto na Saúde. Em outro diálogo interceptado pela Polícia Federal, ele conversa com uma pessoa identificada apenas como "Maria Alice". A PF diz que ela é mãe de uma pessoa que "recebe salários  de alguma Unidade de Saúde sem trabalhar", isto é, um funcionário fantasma no governo Flávio Dino.

Também ontem, o Blog do Neto Ferreira já havia divulgado mais cedo parte do relatório da Polícia Federal que mostra que as  investigações da Operação Sermão aos Peixes também alcançaram o governo Flávio Dino, devido a forte suspeita de corrupção na Saúde desde o início do governo comunista. Procurada, a Secretaria de Comunicação tem fugido do assunto e se resumido a declarar apenas que solicitou o teor da interceptação telefônica à PF, para só então se manifestar. Apesar da divulgação do documento da Polícia Federal, o governo Dino diz ainda que "não se pronuncia sobre especulações oriundas de fontes não oficiais".

Desembargador que soltou dono do ICN é filho de preso na Operação Navalha
Política

Pai de Ney Bello foi secretário de Infraestrutura no governo Zé Reinaldo, época em que o instituto começou a operar na gestão da rede de saúde pública estadual

A soltura do médico ginecologista Benedito Silva Carvalho, dono do poderoso Instituto Cidadania e Natureza (ICN), apontado pela Polícia Federal como líder da suposta organização criminosa (Orcrim) que teria desviado 1,2 bilhão de reais dos cofres públicos por meio de suposto esquema de burla às regras da lei de licitação, no mínimo, deverá ser questionada pelo Ministério Público Federal (MPF) e facilmente resultar no retorno de Benedito Silva às grades.

Explica-se: o magistrado Ney de Barros Bello Filho, desembargador federal do TRF da 1.ª Região, em destaque na foto acima, que concedeu no início da tarde de ontem 19 habeas corpus ao médico e determinou sua soltura, é filho de Ney de Barros Bello, ex-secretário de Infraestrutura do governo José Reinaldo Tavares, envolvido e preso pela Polícia Federal em outra operação que teve por objetivo desbaratar esquemas de corrupção relacionados à contratação de obras públicas feitas pelo governo federal, a Operação Navalha, que segundo a PF e o MPF movimentou cerca de 170 milhões de reais por meio de fraudes em licitações públicas.

O procurador Régis Primo da Silva, em setembro de 2013, ouve atentamente os então oposicionistas - hoje governistas - Rubens Pereira Júnior, Othelino Neto e Marcelo Tavares
Divulgação Papo sobre fraude com verba pública O procurador Régis Primo da Silva, em setembro de 2013, ouve atentamente os então oposicionistas - hoje governistas - Rubens Pereira Júnior, Othelino Neto e Marcelo Tavares

As razões que devem provocar o procurador Régis Richael Primo da Silva, que atua no caso, a pedir a anulação da decisão de soltura são simples e de total conhecimento público: foi época da prisão do pai do desembargador federal que o ICN começou a operar nos cofres públicos por meio da terceirização na gestão da rede de saúde pública estadual. Como Ney de Barros Bello, o pai, fez parte do governo que criou esse tipo de sistema, Ney de Barros Bello, o filho, deveria ter preservado o princípio da imparcialidade do julgador e se dado por suspeito do pedido de liberdade do chefão do instituto.

Além desta grave proximidade, ainda que indireta, entre a parte julgadora e a parte ré, há também a suspeita de parentesco entre Benedito Silva e o chefe da Casa Civil do governo Flávio Dino, o ex-deputado Marcelo Tavares, sobrinho de Zé Reinaldo.

Zé Reinaldo, Jackson Lago e Flávio Dino

Na quarta-feira 18, em título político publicado em seu site institucional, o MPF divulgou que "também quer a prisão de Ricardo Murad", ex-secretário de Saúde do Maranhão, também apontado pela Polícia Federal como chefe da suposta Orcrim que teria desviado a soma bilionária do Fundo Estadual de Saúde, composto também por recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS). Pela terceira vez, porém, o juiz federal Roberto Carvalho Veloso, pela fragilidade das provas juntadas nos autos pela PF, decidiu por negar o pedido de prisão, enterrando as pretensões de quem tentava colocar e queria ver Murad na cadeia.

Ocorre que quando se manifestou favorável à prisão de Ricardo Murad, Régis Primo da Silva alegou que o encarceramento do ex-secretário se fazia necessário por Murad ter praticado atos que não tornavam absurdo concluir que sua prisão preventiva deveria ser decretada. No pedido, o procurador chegou a citar o ICN [e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Bem Viver – Associação Tocantina para o Desenvolvimento da Saúde] como membro-chave do suposto esquema que teria lavado recursos do FNS.

Por estes fatos e pelo histórico moral que a Operação Sermão aos Peixes precisa manter para se afastar da suspeita de ação puramente midiática e política, espera-se que o procurador do MPF também queira o retorno urgente de Benedito Silva às grades da Polícia Federal. Mantendo-se inerte, ficará claro o apontamento político e uso da Polícia Federal e do próprio MPF - onde Flávio Dino (PCdoB) tem o irmão como subprocurador Geral da República - para perseguir o maior adversário do governador do Maranhão. Mas se quiser a prisão do dono do ICN, e buscar isso com o mesmo afinco na Justiça Federal, obrigatoriamente envolverá o governo atual e os dois anteriores ao de Roseana Sarney no bojo da Operação Sermão aos Peixes. Terá coragem?

Terceirização na Saúde teve início com Zé Reinaldo; ICN garfou mais de R$ 1 bilhão
Política

Valor se refere apenas aos dois últimos anos de comando do ex-governador. O médico Benedito Silva, dono do ICN, faturou também com a Centervida

A Polícia Federal precisa explicar com urgência, em especial o delegado Sandro Jansen, chefe da Unidade Especial de Repressão e Controle de Desvio de Verbas no Maranhão e responsável pela condução das investigações da Operação Sermão aos Peixes, deflagrada preliminarmente na tarde de segunda-feira 16 e oficialmente durante toda essa terça-feira 17, por que divulgou em nota que o modelo de terceirização da gestão da rede de saúde pública estadual foi implementado no Estado pelo ex-secretário de Saúde Ricardo Murad, conduzido sob coerção para prestar depoimento nos autos na sede da PF.

A razão da necessidade para as explicações é simples: a informação não condiz e está distante da verdade, o que aponta para o desconhecimento ou - pior - direcionamento político da Polícia Federal na operação que moveu mais de 200 policiais federais e 10 servidores da CGU (Controladora Geral da União).

Documento extraído do Diário Oficial do Maranhão mostra que ICN é contratada para gerir a saúde no pública estadual, com dispensa de licitação, antes de Murad assumir a SES
Diário Oficial MA PF relevou Documento extraído do Diário Oficial do Maranhão mostra que ICN é contratada para gerir a saúde no pública estadual, com dispensa de licitação, antes de Murad assumir a SES

Diferente do divulgado oficialmente pela PF, o modelo de terceirização na gerência do sistema de saúde pública do Maranhão não foi iniciado em 2010 por Murad, mas desde o ano de 2003, mesmo ano em que o Instituto Cidadania e Natureza (ICN), uma das Oscips apontadas na investigação como integrantes de organização criminosa, foi criado e apresentado aos cofres do Estado pelo chefe da Casa Civil do governo Flávio Dino, o ex-deputado estadual Marcelo Tavares (PSB).

Tavares foi quem apresentou ao tio e então governador do Estado, José Reinaldo Tavares (PSB), o modelo de modelo de gestão capaz de empregar pessoas sem concurso público e contratar empresas sem licitação, mesma forma a qual a Polícia Federal acusa Murad de ter utilizado para burlar as regras da lei de licitação e facilitar o desvio de verba pública federal. O Atual7 tentou contato com os Tavares, mas ambos não retornaram as mensagens enviadas até a publicação desta matéria. A PF, por meio de seu superintendente Regional no Maranhão, delegado Alexandre Saraiva, já havia se manifestado durante coletiva de imprensa sobre a operação. Segundo Saraiva, que foi evasivo e cortou o assunto para outras perguntas dos jornalistas, "não há nada de estranho nisso".

Zé Reinaldo e Jackson Lago

A secretária de Saúde de São Luís e então responsável pelos contratos milionários com o ICN, Helena Duailibe
Reprodução Movimentadora dos cofres A secretária de Saúde de São Luís e então responsável pelos contratos milionários com o ICN, Helena Duailibe

Em setembro do ano passado, reportagem já revelava que contratos feitos por Zé Reinaldo durante os dois últimos anos em que esteve no comando do Palácio dos Leões, 2005 e 2006, renderam mais de 1 bilhão de reais dos cofres públicos ao ICN. Todos os contratos foram assinados, na época, pela então secretária de Saúde do Maranhão e atual secretária de Saúde de São Luís, a peemedebista Helena Duailibe, entre eles o para administrar e gerenciar o Complexo Ambulatorial e Hospitalar do Hospital Dr. Carlos Macieira, por 143 milhões de reais, além da Maternidade Marly Sarney.

Tamanho o derrame de dinheiro público com dispensa de licitação e suspeita de direcionamento feito por Helena Duailibe na conta do Instituto Cidadania e Natureza, o então deputado estadual Afonso Manoel (PMDB) - seu esposo, foi forçado a ir à tribuna da Assembleia, por diversas vezes, negar que fosse ele o verdadeiro proprietário do instituto.

Além de Zé Reinaldo, o ex-governador Jackson Lago (PDT), cassado em 2009 por corrupção praticada coincidentemente em convênios assinados por Helena Duailibe, durante o tempo em que permaneceu no controle do Executivo estadual, também se utilizou do modelo de terceirização da gestão da rede de saúde pública estadual continuada por Ricardo Murad e atualmente pelo governador Flávio Dino, ao manter e ainda aditar os contratos com o instituto, que embolsou de seu governo mais de 8 milhões de reais.

Perna curta

Apesar dessas informações serem todas facilmente obtidas em dados apertos do Estado e da Assembleia Legislativa, a Polícia Federal decidiu divulgar que Ricardo Murad quem passou a gestão da rede de saúde pública estadual para entes privados, informação fora da verdade e que levanta graves suspeitas para o uso político da PF e possivelmente até do Ministério Público Federal, que também participou da Operação Sermão aos Peixes. É que o MPF, vale lembrar, tem como subprocurador-geral ninguém menos que Nicolao Dino, irmão do governador Flávio Dino.

A suspeita tornar-se ainda mais grave devido ao fato de que o médico ginecologista Benedito Silva Carvalho, um dos cabeças do ICN e também dono da cooperativa Centervida (Centro Integrado de Atendimento à Saúde) - que recebia ainda no mesmo esquema cerca de 6 milhões de reais por mês para administrar e gerenciar o PAM da Cidade Operária, o Hospital da Vila Luizão, o Hospital Geral Tarquínio Lopes Filho (Hospital do Câncer no Maranhão), o Hospital Getúlio Vargas, a Colônia Nina Rodrigues, o Hospital Aquiles Lisboa, o Infantil Juvêncio Matos, o Ipem de Colinas e o Alarico Pacheco, de Timom -, teria sido o único que teve a prisão preventiva decretada pela Justiça mas não foi encontrado pela Polícia Federal e nem dado como foragido. Nos bastidores, corre desde 2005 a informação de que ele seja tio de Marcelo Tavares.

Antônio Pereira e Benedito Silva também podem ser presos por corrupção na Saúde
Política

Auditoria da STC encontrou indícios de que parlamentar e médico participaram do esquema de fraudes e superfaturamento de contratos

Resultados preliminares da auditoria promovida pela Secretaria de Transparência e Controle do Estado (STC) nas contas da Secretaria de Saúde do Maranhão revelam que o ex-secretário da Pasta, Ricardo Murad, pode ter como companheiros de cela o deputado estadual Antônio Pereira (DEM) e o médico ginecologista, Dr. Benedito Silva Carvalho.

Governador do Maranhão pode trabalhar pra colocar toda a suposta quadrilha na cadeia, ou apenas seu desafeto político
Uol Entre a moralidade e a perseguição Governador do Maranhão pode trabalhar pra colocar toda a suposta quadrilha na cadeia, ou apenas seu desafeto político

Explica-se: aberta desde os primeiros dias do novo governo, a auditoria da STC encontrou indícios de que Murad, em conluio com a Organização Social da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Associação Tocantina para o Desenvolvimento da Saúde Bem Viver, pertencente à Pereira; e a Organização Social (OS) Instituto Cidadania e Natureza (ICN), pertencente ao Dr. Benedito, tenha superfaturado os contratos assinados com as fornecedoras, que gerenciam toda a rede hospital de saúde do estado, em 25% a 30% do valor original de mercado.

O esquema, que garfou cerca de R$ 64 milhões por mês durante o último mandato da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), deve levar, além do ex-secretário de Saúde, o parlamentar e o médico para a cadeia, caso o governador Flávio Dino (PCdoB) não use a sangria nos cofres do estado apenas como perseguição política.

De acordo com o secretário Rodrigo Lago, que comanda a Transparência e Controle, além desses indícios de irregularidades com dinheiro público, a auditoria encontrou ainda pagamentos secretos à Bem Viver, ao ICN e à Idac - que também pode ter em seu desfavor a expedição do mandato de seus sócios, por participação do esquema criminoso.

As investigações apontaram que, por meio de filtros que impediam o acompanhamento público dos gastos da SES, quase 60% dos recursos transferidos por Murad para as OS e a Oscip não eram disponibilizados no Portal da Transparência do governo estadual.

Por conta da perda do foro privilegiado, o ex-secretário de Saúde do Maranhão deve ter seu pedido de prisão preventiva decretado por um juiz de 1º grau - a mesmo que deve pedir a prisão do médico Benedito Silva. Já o deputado estadual Antônio Pereira, por conta do foro - salvo tenha determinado em seu desfavor a perda do cargo ou sob autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) -, só pode ser preso se condenado em definitivo, já que não houve flagrante de crime inafiançável.

Secretaria de Transparência esconde repasse milionário ao ICN e Bem Viver
Política

Oscips pertencem, respectivamente, ao tio do chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares, e ao deputado estadual Antônio Pereira

A Secretaria de Transparência e Controle (STC) do Maranhão, criada pelo governador Flávio Dino (PCdoB) para abrigar seus advogados de campanha, Rodrigo Lago e Marcos Caminha, não atendeu aos critérios estabelecidos pela Lei Complementar n.º 131 de 2009, a chamada Lei de Acesso à Informação (LAI), que determina a disponibilização, em tempo real, de dados sobre a execução orçamentária e financeira do estado em meios eletrônicos de acesso público, e escondeu, por meio de filtros no Portal da Transparência, o repasse de cerca de R$ 55 milhões às Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) ICN (Instituto Cidadania e Natureza), IDAC (Instituto de Desenvolvimento Sustentável da APA Baía de Camamu) e Associação Tocantina para o Desenvolvimento da Saúde - Bem Viver, feito no dia 22 de janeiro último.

Despesas com a Secretaria de Saúde não aparecem no Portal da Transparência
Portal da Transparência O gato comeu Despesas com a Secretaria de Saúde não aparecem no Portal da Transparência

O dinheiro, que deveria cair na conta das Oscips desde o início de janeiro para o pagamento de cerca de 11 mil servidores da saúde, foi sustado do Banco do Brasil por determinação do governador do Maranhão, sob a alegação de que "possível ocorrência de ilegalidades", e só foi pago após médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros profissionais da saúde prometerem paralisar suas atividades caso não recebessem seus salários.

Pelo descumprimento à LAI, o governador Flávio Dino e Rodrigo Lago, responsável direto pela alimentação do Portal da Transparência, poderão ser condenados por ato de Improbidade Administrativa e ter os direitos políticos cassados, por enquadramento na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Das três responsáveis pela prestação de serviços nas unidades de saúde da rede estadual, pelo menos duas, o ICN e a Bem Viver, eram apontadas por Dino, durante toda a campanha eleitoral, como principal meio de escoamento de verba pública em fraudes supostamente encabeçadas pelo ex-secretário de Saúde do Maranhão, Ricardo Murad.

Apesar do passado nebuloso, nos bastidores do Palácio dos Leões, porém, é dada como certa vitória das duas Oscips em licitações que o governo estadual promete realizar em junho.

O Atual7 entrou em contato com os secretários de Saúde, Marcos Pacheco; Planejamento, Cynthia Mota; e de Transparência, Rodrigo Lago, - que chegaram a montar um força tarefa para "identificar e separar o valor real referente aos vencimentos dos servidores da Saúde e os excesso" no pagamento ao ICN, IDAC e Bem Viver - mas nenhum quis informar o motivo do não cumprimento na divulgação dos gastos públicos.

Tudo em casa

Apresentado aos cofres do Estado pelo chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares, ainda no governo de seu tio, José Reinaldo Tavares, o ICN garfou durante o último mandato de Roseana e o governo-tampão do deputado Arnaldo Melo (PMDB) o total de R$ 1.386.063.890,43. O instituto é presidido pelo médico Benedito Silva Carvalho, tio de Marcelo Tavares, que foi presenteado em 2014 com mais R$ 15.017.113,48 da Prefeitura de São Luís pela secretária municipal de Saúde, Helena Duailibe, prima de Ricardo Murad.

Um pouco mais nova, a Bem Viver foi criada no início do governo Roseana e, irregularmente, após um mês de existência, já começou a ganhar contratos com o Estado, por pertencer ao deputado democrata Antônio Pereira, um dos principais operadores da família Sarney na Assembleia Legislativa durante o mandato da peemedebista, mas hoje fiel aliado de Flávio Dino na Casa.

De 2011 a 2014, a Bem Viver levou R$ 1.171.413.282,01 dos cofres estaduais.

Tão logo as urnas apontaram a vitória de Flávio Dino em outubro passado, Antônio Pereira espalhou que teria doado R$ 5 milhões para a campanha do comunista, e que os contratos com a sua Oscip seriam todos mantidos.

Relações perigosas

Em Imperatriz, nas eleições de 2012, a Bem Viver sustentou a campanha da pedetista Rosângela Curado,  atual sub-secretária de Saúde do Maranhão, mas de mesmos poderes que o secretário, Marcos Pacheco.

Cria de Antônio Pereira, na época, Curado era filiada ao DEM, com quem já reatou, com a proximidade das eleições de 2016, quando voltará a disputar a prefeitura de Imperatriz, pelo PDT.

Política

Atual secretária de Saúde de São Luís foi quem assinou todos os contratos com o instituto, que ultrapassaram o valor de R$ 1 bilhão em apenas dois anos

O Instituto Cidadania e Natureza (ICN), Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) presidida pelo médico ginecologista e diretor administrativo da Policlínica do Maiobão, a Polibão, Péricles Silva Filho, e que já faturou mais de R$ 1,2 bilhão no governo da peemedebista Roseana Sarney, descobriu a senha dos cofres do Estado desde a gestão do ex-governador [hoje] oposicionista José Reinaldo Tavares (PSB).

Então líder da bancada da Oposição na Assembleia Legislativa, o deputado licenciado e cunhado de Roseana, Ricardo Murad, fez, não uma, mas diversas denúncias de corrupção contra o ICN, antes de se tornar tornar secretário de Saúde do governo da cunhada, em abril de 2009, após a cassação de Lago, que antes de soltar a caneta dos Leões, manteve a política financeira do patrono, aditando e assinando novos contratos com o instituto.

Segundo Ricardo Murad, que chegou a insinuar um pedido de abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar as denúncias, o ICN supostamente operava com superfaturamentos para lavar dinheiro e irrigar o propinoduto de Zé Reinaldo e Jackson Lago – além de um mesada para altos membros do escalão estadual. ‘Foram sete anos de descalabro, incompetência e roubalheira. Os convênios fechados neste período eram apenas uma capa de fumaça para desvios. Isso é uma constatação: 90% dos convênios foram desviados. O dinheiro foi usado para fazer política. Muitos municípios, como Bacabal e Porto Franco, recebiam acima do teto do SUS e esses prefeitos foram pegos com a boca na botija’, denunciou Murad em 2009, em audiência pública na Assembleia.

Levantamento do Atual7 descobriu que, somente durante dois anos do governo de Zé Reinaldo, entre meados de 2005/2006, o ICN garfou mais de R$ 1 bilhão dos cofres do Estado. Todos os contratos foram assinados, na época, pela então secretária de Saúde do Maranhão – e atual secretária de Saúde de São Luís, Maria Helena Duailibe Ferreira, prima de Ricardo Murad – inclusive para administrar e gerenciar o Complexo Ambulatorial e Hospitalar do Hospital Dr. Carlos Macieira, por R$ 143 milhões, e a Maternidade Marly Sarney.

Para que se tenha uma ideia, o derrame de dinheiro público com dispensa de licitação feito por Helena Duailibe na conta do Instituto Cidadania e Natureza foi tamanho que forçou o deputado estadual Afonso Manoel (PMDB), seu esposo, a ir à tribuna da Assembleia, por diversas vezes, negar que fosse ele o verdadeiro proprietário do ICN.

Apesar de pouco tempo com a caneta dos Leões nas mãos, o ex-governador Jackson Lago também retribuiu o trabalho do ICN na parceria iniciado por Zé Reinaldo e continuada em sua gestão: mais de R$ 8 milhões caíram na conta da Oscip.

A reportou apurou ainda que, embora os contratos estejam sendo assinados atualmente por Péricles Filho, quem representa o ICN em todo o Maranhão é o seu sócio, o também médico ginecologista, Benedito Silva Carvalho, secretário Administrativo Financeiro do instituto. Além do ICN, a dupla também faturou bilhões na gestão de Duailibe na Secretaria de Saúde do Maranhão por meio da cooperativa Centervida (Centro Integrado de Atendimento à Saúde), que recebia cerca de R$ 6 milhões de por mês para administrar e gerenciar o PAM da Cidade Operária, o Hospital da Vila Luizão, o Hospital Geral Tarquínio Lopes Filho (Hospital Geral), o Hospital Getúlio Vargas, a Colônia Nina Rodrigues, o Hospital Aquiles Lisboa, o Infantil Juvêncio Matos, o Ipem de Colinas e o Alarico Pacheco, de Timom.

Os donos da Centervida também são os médicos Péricles Silva Filho e Benedito Silva Carvalho, além do bioquímico Raimundo Sacramento Mendes e o administrador de empresas José Inácio Guará Silva.