No comando do município de São Mateus do Maranhão desde de 2013, o advogado Hamilton Nogueira Aragão, mais conhecido como Miltinho (PSB), é um dos 17 prefeitos maranhenses cuja gestão manteve contratos com a Coopmar (Cooperativa Maranhense de Trabalho e Prestação de Serviços), envolvida em casos de corrupção e que já teve seus cooperados-cabeças presos.
Ao todo, entre os exercícios financeiros de 2014 e 2016, período analisado pelo ATUAL7 nas prestações de contas da prefeitura, foram desembolsados dos cofres públicos na gestão do socialista exatos R$ 3.318.440,36 para a cooperativa, por suposta prestação de serviços de terceirização de manutenção e apoio administrativo.
Do montante, maior parte dos repasses ocorreu em 2015, quando R$ 1.977.832,90 saíram dos cofres de São Mateus para a conta bancária da Coopmar. O segundo ano de maior faturamento foi em 2014, R$ 1.246.668,90. Em 2016, foram R$ 93.938,56.
Naquele último ano, a Coopmar recebeu a visita da força-tarefa formada pela PF (Polícia Federal), Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate às Organizações Criminosas) e Seccor (Superintendência Estadual de Prevenção e Combate a Corrupção), durante a deflagração da 1ª fase da Operação Cooperari, sob suspeita de desvio de dinheiro público da prefeitura de Paço do Lumiar. Houve ainda uma segunda visita no ano passado, quando os cooperados-cabeças foram presos.
Apesar de não ter sido alvo de nenhuma das duas fases da operação, segundo documentos obtidos com exclusividade pelo ATUAL7, a relação entre a gestão de Miltinho Aragão e a Coopmar foi devassada pela CGU (Controladoria-Geral da União) e pelo Gaeco.
O avanço dos órgãos de prevenção e combate à corrupção sobre os vultosos repasses feitos pela prefeitura de São Mateus à cooperativa, inclusive, detectou diversos indícios de irregularidades nos contratos celebrados, bem como na execução destes.
Há pouco mais de uma semana, o ATUAL7 revelou que o juiz Ronaldo Maciel, titular da 1ª Vara Criminal de São Luís, privativa para processamento e julgamento de crimes cometidos por organizações criminosas, autorizou o compartilhamento de provas obtidas no bojo da ação penal que tem como réus quase uma dezena de operadores da Coopmar envolvidos no assalto aos cofres públicos de Paço do Lumiar.
O objetivo, segundo a decisão do magistrado, é que o material sirva para a eventual responsabilização em improbidade administrativa e criminal de outros envolvidos no esquema. Pode ter sido o pontapé para a 3ª fase da Cooperari.