A Maternidade Humberto Coutinho, em Colinas, tem o diferencial de acolher as gestantes em trabalho de parto com três salas para o parto humanizado. Mensalmente, são realizados entre 120 e 150 procedimentos. O parto humanizado integra as boas práticas de assistência à saúde promovida na unidade de saúde. As ações também integram as estratégias de redução da morte materna, como explica o diretor-administrativo da maternidade, Otoniel Sousa.
“A Maternidade Humberto Coutinho atende uma demanda de pacientes regulados por 15 municípios da região. Em poucos meses tivemos um número grande de partos naturais, porém, esse número voltou a equilibrar com o número de cesarianas e, por isso, estamos implantando estratégias para empoderar as gestantes ao parto natural e capacitando nossos profissionais”, pondera.
Durante a programação da Semana de Enfermagem, em maio deste ano, a unidade escolheu o tema da humanização na assistência e a programação contemplou, além de temas específicos, capacitação em preenchimento do partograma, acolhimento humanizado, reanimação neonatal, importância do cuidar e a síndrome de burnout (distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por condições desgastantes de trabalho).
Daniele Teixeira, coordenadora de enfermagem da Maternidade Humberto Coutinho, acrescenta que a humanização envolve dois processos importantes - a empatia e o conhecimento das técnicas. “Temos o desafio de transformar velhos hábitos em práticas de assistência acolhedoras e eficazes, da recepção à assistência social”.
Assistência humanizada
Inspirados na experiência de gestão do Hospital Regional de Balsas, que atingiu a marca de zero morte materna ano passado por meio de ações integradas com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço regional da Organização das Nações Unidas (ONU) e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), a Maternidade Humberto Coutinho tem divulgado na recepção os indicadores de atendimento, como forma de informar aos usuários as práticas modernas de assistência e estimular às gestantes ao parto natural, por meio de métodos não-farmacológicos, como também demonstrar que o enfermeiro-obstetra está totalmente inserido em todas as etapas do processo.
Moradora do município de Colinas, Alcione dos Santos Araújo, 22 anos, pariu o terceiro filho na unidade de saúde. Ela conta que a experiência do parto na Humberto Coutinho foi diferente dos demais realizados no hospital municipal. “Foi diferente em tudo. Os enfermeiros são muito atenciosos. Dei entrada às 6h e logo após às 12h entrei em procedimento de parto. Já estava com seis centímetros de dilatação”, lembra.
A assistência humanizada vai além do cuidado atencioso dos enfermeiros, como falou a gestante. No quarto onde Alcione pariu o menino Luís Arthur, ela teve à disposição um leito privativo, técnicas de relaxamento como massagens nas costas, agachamento em bola de parto, caminhada assistida pelo quarto, banho com piscina de água morna e a presença de um acompanhante, em caso de escolha da paciente. Todos os benefícios que integram a Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde.
Direitos garantidos
O Ministério da Saúde orienta que o parto humanizado é um modelo de atenção pautado em três pilares: autonomia das mulheres, equipe multiprofissional e evidências científicas. Para combater práticas de violência obstétrica, uma das estratégias da unidade de saúde é a realização das rodas de conversa com gestantes.
A violência obstétrica pode acontecer no momento da gestação, parto, nascimento e/ ou pós-parto, inclusive no atendimento ao abortamento. Pode ser física, psicológica, verbal, simbólica e/ou sexual, além de negligência, discriminação e/ou condutas excessivas ou desnecessárias ou desaconselhadas, muitas vezes prejudiciais e sem embasamento em evidências científicas. Essas práticas submetem mulheres a normas e rotinas rígidas que não respeitam os seus corpos e ritmos naturais e as impedem de exercer seu protagonismo.
Na Maternidade Humberto Coutinho, as rodas são realizadas mensalmente. O momento conta com pintura da barriga, música e um juramento na etapa do campleamento (corte do cordão umbilical). “As rodas estão ampliando o conhecimento das gestantes sobre o direito a um parto humanizado e todas as garantias para que isso aconteça. Dialogamos sobre os sinais do trabalho, o pós-parto da cesárea e do parto normal, amamentação e suas dificuldades, rede de apoio materno e infantil no parto e despedida da barriga”, falou Daniele Teixeira.
Após o nascimento, os bebês realizam os principais testes para avaliação da saúde ou patologias, como o Teste do Pezinho, que pode identificar doenças como hipotireoidismo congênito, entre outras. A unidade também conta com um Posto Avançado de Registro Civil de Nascimento, iniciativa que integra a política de combate ao subregistro da Secretaria Estadual de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), em parceria com a Corregedoria Geral da Justiça do Maranhão, Secretaria de Estado de Saúde (SES), o Comitê Estadual de Combate ao Subregistro, cartórios e prefeituras.
Sebastião Gomes da Silva, 53 anos, pai de Luiza Esther Gomes da Silva, nascida na maternidade em junho, aprovou o serviço. “Achei bem prático. Para registrar minhas outras filhas precisei ir ao cartório, uma dificuldade, não sabia que a própria maternidade já entregava o documento. Muito bom”, elogiou.